Durante a quarentena, nada pode ser pior para sua pele do que o excesso de carboidratos (açúcar). Entenda como ele reage com o colágeno e potencializa o envelhecimento cutâneo, com aparecimento de flacidez, rugas e manchas
A quarentena, que nos leva a ficar confinados dentro de casa, pode deixar em evidência sentimentos de estresse e ansiedade. O problema é que muitas vezes descontamos essas emoções na alimentação, com o consumo de alimentos hiperpalatáveis, geralmente com maior teor de açúcar e gordura. “Se a sua alimentação é rica em açúcar e carboidratos (massa, doces e alimentos de alto índice glicêmico), isso se reflete no colesterol, pode provocar Alzheimer (segundo estudos recentes) e também envelhecer a sua pele. O consumo em demasia de carboidratos e açúcares pode desencadear o processo de glicação, em que as moléculas de glicose se unem às proteínas de elastina e colágeno — substâncias responsáveis pela firmeza da pele. O açúcar faz com que as proteínas se quebrem, o que aumenta o processo de envelhecimento da pele e a flacidez”, afirma a dermatologista e tricologista Dra. Kédima Nassif, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Associação Brasileira de Restauração Capilar. “Os açúcares não devem compor mais de 10% de todas as calorias ingeridas. O consumo de açúcares adicionados e escondidos é um dos principais equívocos alimentares da dieta ocidental, com inúmeras consequências indesejáveis à saúde”, afirma a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia. Por isso, é necessário ficar de olho também no açúcar demerara, açúcar orgânico, açúcar mascavo, açúcar de coco, mel, dextrina, frutose, glicose, glucose, maltodextrina, oligossacarídeos, sacarose, xarope glucose-frutose, xarope de milho e outros carboidratos simples.
Para ficar tudo bem claro, a dermatologista explica de maneira clara essa relação entre açúcar e envelhecimento cutâneo:
Como e por que a pele envelhece? Em um primeiro momento, o excesso de açúcar causa inflamação e liberação de radicais livres. “Se isso acontece de forma contínua, o excesso de radicais livres pode alterar proteínas, lipídeos e até mesmo o DNA. Na pele, o excesso de radicais livres pode danificar o DNA das células provocando menor atividade celular, menor produção de colágeno e fibras elásticas, menor atividade de células de defesa e menor poder de cicatrização”, diz a médica. Elastina e colágeno são substâncias responsáveis pela firmeza da pele. “Elas deixam a pele mais esticada, mais firme. É o que uma pessoa jovem tem em excesso e, a partir dos 25 anos, vamos perdendo. Aliado a essa desestabilização provocada pela glicação destas células, que é a quebra de elastina e colágeno, faz com que a pele perca sua sustentação, como um arcabouço que vai se quebrando. A glicação, portanto, faz com que a pele perca colágeno e elastina, resultando em rugas e flacidez”, explica a médica.
Mas é só isso? Não para por aí: “O processo de glicação age principalmente nas linhas de expressão e flacidez. Mas produz, sim, rugas e pode piorar as manchas pelo processo de oxidação celular”, alerta a médica. Mas o excesso de açúcar, por potencializar a inflamação, influencia também no aparecimento e na piora da acne e oleosidade.
Quando devo me preocupar? “A glicação normalmente existe em todas as pessoas, mas há um processo de excesso de glicação quando a alimentação é hipercalórica e hiperglicêmica. Ou seja, pessoas que ingerem alimentos ricos em açúcares e gordura aceleram o processo de envelhecimento e glicação”, conta.
O que é possível fazer para me proteger? “Os estudos mais recentes mostram que cremes antioxidantes, antiglicantes e desglicantes fazem com que se combata esses radicais livres e o processo de glicação, portanto ajudando muito a combater o processo de envelhecimento causado pela glicação. Além disso, o que pode frear a glicação é uma dieta bem orientada, restrita, de baixo índice glicêmico e o uso de antioxidantes e antiglicantes por via oral. Em alguns casos, algumas moléculas podem ser usadas por via oral, como no caso de nutracêuticos como Glycoxil, que age no bloqueio da produção de radicais livres e desliga o açúcar excedente do colágeno. Ele deve ser associado à Vitamina C e silício para produção de novo colágeno”, argumenta. “Em consultório, o médico poderá indicar algumas tecnologias com o objetivo de rejuvenescer a pele e tratar flacidez, rugas e manchas”, finaliza a médica.
FONTES:
*DRA. KÉDIMA NASSIF: Dermatologista e Tricologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e da Associação Brasileira de Restauração Capilar. Graduada em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais, possui Residência Médica em Dermatologia também pela UFMG; realizou complementação em Tricologia no Hospital do Servidor Público Municipal, transplante capilar pela FMABC e em Cosmiatria e Laser pela FMABC. Além disso, atuou como voluntária no ensino de Tricologia no Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo. www.kedimanassif.com.br
*DRA. MARCELLA GARCEZ: Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo. guilherme.zanette@holdingcomunicacoes.com.br