Por que você pode perder tempo e dinheiro ao tentar tratar sua queda capilar por conta própria

Sem consultar um médico tricologista ou dermatologista, seu tratamento sem receita pode não ser o mais indicado ao seu tipo de quedaVocê pode estar oferecendo um aporte nutricional em algo que você nem apresenta deficiência ou ter efeitos indesejados com remédio que nem precisaria usar

Por que você pode perder tempo e dinheiro ao tentar tratar sua queda capilar por conta própria

O isolamento social fez muita gente apoiar-se no autocuidado: mental, dos músculos, do corpo, da pele e do cabelo. Em um desses cenários, não é incomum perceber que a queda capilar ganhou mais destaque, mas existe um problema gigante nisso: o que deu certo com a influencer ou com seu amigo definitivamente não é o mais indicado para você. “As pessoas ficam desesperadas quando percebem que estão perdendo cabelo e geralmente recorrem a vários remédios, tópicos ou orais, vendidos sem receita antes de visitar um dermatologista ou tricologista. Nesse aspecto, muitos produtos que costumam abusar do marketing levam vantagem em um primeiro momento, mas nem sempre o resultado é garantido”, afirma a dermatologista e tricologista Dra. Kédima Nassif, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Associação Brasileira de Restauração Capilar. “O ideal é sempre procurar um especialista, que vai realizar uma avaliação, diagnosticar o que está realmente causando a queda e indicar o melhor tratamento para o seu caso, seja ele por meio de suplementos, medicamentos, loções, aplicação de laser ou LED ou tratamentos em clínica como microagulhamento e mesoterapia”, afirma a dermatologista e tricologista Dra. Kédima Nassif, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Abaixo, a dermatologista cita os principais erros de quem decide, por conta própria e sem orientação, usar alguns produtos antiqueda:

Suplementação de biotina – Provavelmente não está aqui a salvação dos seus problemas. “Estudos mostraram que pessoas profundamente deficientes em biotina têm problemas com a produção capilar, mas também têm muitos outros problemas neurológicos de saúde. A probabilidade de um indivíduo saudável ter uma deficiência de biotina que está causando queda de cabelo é pequena”, diz a dermatologista. “No entanto, muitos pacientes tomam altas doses de suplementos de biotina, em um esforço para tentar ajudar a perda de cabelo. Não há fortes evidências de que a ingestão de altas doses tenha algum impacto no crescimento dos cabelos, principalmente se o paciente não tiver deficiência desse nutriente”, afirma a médica. Por isso, a consulta com médico é fundamental: para avaliar se realmente existe essa carência.

Minoxidil – O Minoxidil é um dos medicamentos tópicos mais utilizados quando o assunto é queda de cabelo. “Isso por que o medicamento promove o aumento da circulação sanguínea do couro cabelo com consequente melhora da oxigenação da região. Com isso, há a prolongação da fase anágena, ou seja, a fase de crescimento dos fios, que passam a nascer mais fortes e saudáveis”, explica a dermatologista e tricologista Dra. Kédima Nassif. Mas é importante lembrar que o Minoxidil é um medicamento. Logo, o ideal é que o produto seja utilizado apenas sob indicação médica, pois, em alguns casos, são necessários outros tipos de tratamentos mais específicos para que realmente haja algum resultado. Além disso, o produto não é nenhum elixir milagroso e só se torna realmente eficaz se estiver na concentração correta (geralmente 5%) e for aplicado corretamente, o que muitas pessoas não sabem como fazer. Para total aproveitamento da ação do medicamento deve-se, primeiro, dividir o cabelo em seis partes e, em seguida, aplicar uma borrifada de Minoxidil em cada uma dessas partes, massageando o couro cabeludo até que a substância esteja completamente absorvida. “Para se ter uma ideia se você está aplicando a quantidade correta, basta observar a duração do produto. Quando aplicado da forma certa, um frasco de Minoxidil dura, em média, um mês”, destaca. Com relação à frequência de uso, o recomendado é que o produto seja aplicado no mínimo uma vez por dia, de preferência a noite, após a higienização dos cabelos.

Finasterida – Apesar de ser um medicamento, a Finasterida pode ser adquirida sem prescrição médica. Mas esse não é, definitivamente, um bom negócio, uma vez que a queda capilar pode ser causada por outros fatores, como disfunção da tireoide ou anemia ferropriva, por exemplo; além disso, existe uma extensa lista de efeitos adversos, que devem ser discutidos na relação médico-paciente. Dentre os efeitos colaterais, estão: diminuição da libido, disfunção erétil, diminuição do volume do líquido ejaculado, dentre outros. Exames podem ser solicitados para minimizar a chance de efeito colateral. Outro aspecto é que mulheres em idade fértil não podem engravidar em uso da medicação. “A Finasterida não deve ser utilizada em mulheres em período fértil, pois há o risco de má-formação fetal e genitália ambígua”, diz a tricologista. Em casos selecionados, o uso da medicação por mulheres deve ser conversado com o médico e um contraceptivo eficaz ser associado.

Por que definitivamente devo consultar um médico?

Medicamentos, estresse, deficiência nutricional, excesso de Vitamina A, maus hábitos, desequilíbrio hormonal e genética… enfim, são várias as causas da queda capilar e o tratamento varia de acordo com a causa, mas afinal como os dermatologistas fazem para diagnosticar a perda de cabelo? “O médico age como um verdadeiro detetive, fazendo perguntas e uma investigação aprofundada, sendo que o paciente deve ser fiel à realidade. O dermatologista vai querer saber se a queda de cabelo aconteceu repentina ou gradualmente; quais medicamentos você toma; quais alergias você tem; e se está fazendo dieta. As mulheres podem ser questionadas sobre seus períodos menstruais, gestações e menopausa”, diz a Dra. Kédima.

Nesse processo, a investigação médica não cessa nas perguntas. “O dermatologista ou tricologista também fará um exame cuidadoso do couro cabeludo e do cabelo, podendo puxar o fio e, às vezes, tirá-lo para obter as provas necessárias. O diagnóstico pode ser feito após a averiguação clínica desse paciente com dosagens laboratoriais, com exame tricológico para saber em que fase os fios estão (anágena, telógena, catagena), e fazendo ao mesmo tempo a biópsia do couro cabeludo para confirmar se esse paciente é portador da calvície de padrão familiar e hereditário. Então, o tratamento, que pode ser feito em consultório com lasers, LEDs, microagulhamento, mesoterapia, vai ser caso a caso e sempre com o dermatologista especialista que vai escolher a melhor conduta”, finaliza a dermatologista.

DRA. KÉDIMA NASSIF: Dermatologista e Tricologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e da Associação Brasileira de Restauração Capilar. Graduada em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais, possui Residência Médica em Dermatologia também pela UFMG; realizou complementação em Tricologia no Hospital do Servidor Público Municipal, transplante capilar pela FMABC e em Cosmiatria e Laser pela FMABC. Além disso, atuou como voluntária no ensino de Tricologia no Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo. www.kedimanassif.com.br

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