O varejo paranaense amargou perdas de 19,46% em abril em relação a março, o primeiro mês do isolamento social. Já na comparação com abril de 2019, a queda foi ainda mais expressiva: de 31,13%. Os dados são da Pesquisa Conjuntural da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio PR).
Na variação mensal, houve redução nas vendas de todos os setores avaliados. Os segmentos que sofreram a maior retração foram o de calçados (-73,08%) e vestuário e tecidos (-64,46%), bens considerados não essenciais, além das livrarias e papelarias, que registraram perdas de 67,46%, principalmente por causa do fechamento das escolas.
Em março houve uma corrida do consumidor aos supermercados, farmácias e postos de combustíveis devido ao receio de desabastecimento, ocasionando grande aumento das vendas. Já em abril esses setores também apresentaram queda de 7,11%, 22,11% e 23,79%, respectivamente, pois o consumo normalizou.
De acordo com o Departamento de Pesquisas da Fecomércio PR, as empresas tiveram que se reinventar em pouquíssimo tempo para atender às demandas de consumo da população em isolamento e superar o fechamento de suas lojas físicas. Muitos lojistas adaptaram seus negócios e intensificaram o uso dos canais digitais, com vendas pelas mídias sociais e e-commerce. Como todos foram pegos de surpresa pelas circunstâncias e o desenvolvimento de plataformas próprias de vendas on-line leva mais tempo, os chamados marketplaces têm sido um recurso bastante empregado.
Na comparação com abril do ano passado, praticamente todos os setores sofreram prejuízos. A exceção foram os supermercados, que tiveram elevação de 6,25% nas vendas, em função da alta demanda da população recolhida em casa.
No acumulado do ano, as perdas do varejo já chegam a 9,71%, demonstrando os efeitos negativos dos primeiros 45 dias da pandemia no Paraná. Somente os setores de supermercados e farmácias ainda mantêm saldo positivo no período de janeiro a abril, com aumento de 6,50% e 4,49%, respectivamente.
Análise regional
A pesquisa da Fecomércio PR mostra queda no varejo nas seis regiões analisadas, algumas com redução mais expressiva, pois houve prefeituras que tomaram medidas mais rígidas, fechando todo o comércio, e outras não. Na comparação com março, o Norte do Estado registra os maiores prejuízos: em Maringá as vendas tiveram baixa de 31,68%, e em Londrina, de 27,91%. Em Ponta Grossa, a redução no faturamento do varejo foi de 8,83%; no Sudoeste, de 11,71%; na região Oeste, de 11,88% e em Curitiba e Região Metropolitana, de 17,25%.
Na comparação com abril de 2019, novamente as atividades comerciais em Maringá e Londrina foram as mais afetadas, com redução de 44,83% e 41,11%, respectivamente. Na região Oeste, os danos ao comércio foram de 34,27%; no Sudoeste, de 28,52%; na Capital, a queda nas vendas foi de 24,98%, e, em Ponta Grossa, a diminuição no faturamento foi de 12,96%.