*Manfred Dasenbrock
A pandemia do novo coronavírus trouxe o holofote para conceitos como solidariedade e colaboração. Princípios sólidos e já inerentes em um sistema que nasceu também em meio a adversidades, na Alemanha de 1864: o cooperativismo. Na época, a iniciativa de Friedrich Wilhelm Raiffeisen, com a criação da Associação de Caixa de Crédito Rural de Heddesdorf, consolidou o movimento cooperativista que vem demonstrando, ao longo dos anos, a importância de unir forças em prol do bem comum. Em julho, o dia do cooperativismo é celebrado com o movimento Dia de Cooperar, Dia C, quando todas as cooperativas se unem em prol do lema “Atitudes Simples Movem o Mundo”, demonstrando que os valores do cooperativismo têm muito a contribuir neste momento de enfrentamento da crise.
Esse modelo de negócio sustentável e colaborativo chegou ao Brasil em 1902 pela iniciativa de Theodor Amstad, padre suíço que fundou, em Nova Petrópolis, no Rio Grande do Sul, a primeira cooperativa de crédito da América Latina, buscando desenvolver comunidades e minimizar problemas econômicos.
Os princípios norteadores do cooperativismo nunca foram tão necessários e fundamentais em nossa sociedade como agora. Em momentos como esse, sentimos novamente a necessidade da união, de ações éticas e de cooperação, que demonstram que não há saída fácil para poucos. A superação só será conquistada em coletividade, com iniciativas em prol da população e do bem comum.
Como primeira instituição financeira cooperativa do Brasil, o Sicredi trilha, há mais de 100 anos, o propósito da colaboração que influencia positivamente a vida dos associados e gera o ciclo virtuoso nas regiões onde atua. O impacto positivo é tão forte que recentemente uma pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) apontou que 1,4 mil municípios de todo o país, que passaram a contar com uma ou mais cooperativas, entre 1994 e 2017, registraram um impacto agregado de mais de R$ 48 bilhões em um ano.
Os números demonstram que, com a cooperação, o conceito de crescimento é abrangente e envolve os associados, donos do negócio, que sentem os benefícios positivos diretos e indiretos com a distribuição de resultados das cooperativas e o fomento ao desenvolvimento regional. Os diferenciais são demonstrados no relacionamento próximo, na concessão de crédito consciente e nas ações de educação financeira, por meio de oficinas e projetos. Os gibis e desenhos animados da Turma da Mônica sobre planejamento do orçamento, lançados em 2018 e disponíveis até hoje para associados e a comunidade, são exemplos dessa interação. Atuação cooperativa que também leva projetos de educação integrada à sociedade pelo Programa a União Faz a Vida (PUFV), metodologia ativa que já envolveu mais de três milhões de crianças e adolescentes em sete estados brasileiros.
No próximo dia 4 de julho, cooperativas como a Sicredi Iguaçu PR/SC/SP celebram o Dia de Cooperar. Neste momento, a ação colaborativa, que conta com a participação do presidente da cooperativa, Lotário Luiz Dierings, está sendo desenvolvida com objetivo de reforçar a importância do cooperativismo junto às comunidades. Até agora, as cooperativas do Sicredi que atuam nos estados do Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro já realizaram mais de 600 ações pelo Dia C, impactando meio milhão de pessoas. O volume pode aumentar com a continuidade das atividades durante o mês de julho.
Além do Dia de Cooperar, iniciativas positivas são realizadas durante todo o ano. Um exemplo recente é o movimento em prol dos pequenos empreendedores, o “Eu Coopero com a Economia Local” que busca engajar as pessoas, estimulando o consumo nos negócios locais, gerando mais desenvolvimento econômico e minimizando os efeitos da pandemia. O cooperativismo atua acreditando que é das cidades deste imenso país que virá a força para sairmos da crise. E o Sicredi com suas mais de 1,9 mil agências e mais de 29 mil colaboradores espalhados por todo o país, é parte integrante da engrenagem que ajuda a movimentar nossa economia.
Com ações sólidas, o cooperativismo vem demonstrando, ao longo dos séculos, que com solidariedade e cooperação, é possível construir uma sociedade mais justa, ética e colaborativa. Motivados pelos ideais dos fundadores, o cooperativismo tem como base o trabalho conjunto que, apesar de árduo, é a saída mais crível para um novo tempo que começamos a testemunhar agora, com a pandemia do novo coronavírus. É necessária uma transformação imediata, baseada em solidariedade, fraternidade e colaboração para projetarmos um futuro melhor para a sociedade e para cada um de nós.
* Manfred Dasenbrock é mestre em administração, presidente do Sicredi, da Central Sicredi PR/SP/RJ e conselheiro do Woccu (Conselho Mundial das Cooperativas de Crédito)