Além do comércio, sistema financeiro e setor alimentício, as cooperativas também aderiram as novidades tecnológicas para vencer a pandemia
A pandemia alterou não só a rotina dos brasileiros, mas as diversas formas de interação social, profissional e pessoal. As atividades do trabalho, em home office, exigem mais que disciplina para execução, requerem equipamentos adequados, boa conexão de internet, ambiente apropriado para concentração e acesso total aos recursos disponíveis através da tecnologia digital. Grandes e pequenas empresas, multinacionais, instituições bancárias e muitos tipos de comércio já anunciaram a adoção do home office como regra, pelo menos parcial, após o teste forçado para driblar as imposições do distanciamento social e manter as atividades em andamento, desde a chegada do coronavírus. Além de economia, para muitos desses sistemas, as mudanças impulsionaram adequações e inovações, como nas Cooperativas.
Uma pesquisa da Coneecta, empresa voltada à inovação, avalia os impactos da pandemia na Gestão das Cooperativas, demonstrando além das vantagens tradicionais do sistema, maior acessibilidade aos serviços e praticidade para não paralisar as atividades. O levantamento indicou que 65,4% dos entrevistados apontaram a grande dificuldade em desenvolver novos produtos e serviços adequados à realidade pós-pandemia; outros 57% sinalizaram que a maior dificuldade será adaptar produtos e serviços, enquanto 31,7% indicaram que será alta a dificuldade em desenvolver novos produtos e serviços.
Na Cooperativa Habitacional CICOM, que atua em São Paulo, a tecnologia sempre fez parte do dia a dia dos cooperados, mas novos recursos começaram a ser implementados também para que o processo de adesão e participação fosse possível através dos canais digitais. “A CICOM já conta com um sistema automatizado para a emissão de boletos bancários e atendimento aos cooperados via redes sociais, mas o processo ganhou cara nova, com um aplicativo que está em fase de testes. O app permitirá todo o acesso administrativo ao contrato e etapas da obra, além de oferecer recursos como tour 360º ao empreendimento e contato direto com a equipe para o esclarecimento de dúvidas e solicitações”, explica o diretor executivo da cooperativa, Carlos Massini. Inclusive as assembleias deverão ser realizadas através das plataformas virtuais, para que a tecnologia continue permitindo o contato cada vez mais próximo entre cooperativa e cooperados, ressalta Massini.
Outra mudança gerada pela pandemia, mas que representou evolução com o uso da tecnologia foi no setor de saúde, que sempre teve grande importância econômica. De acordo com o anuário 2018, da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), houve um aumento na quantidade de empregados de 16,9% entre 2014 e 2018. Esse ramo do cooperativismo brasileiro é considerado o maior do mundo. Em 2018, tributos e despesas com pessoal do segmento injetaram R$ 5,1 bilhões na economia do País.
Por isso, sem perder tempo e se adequando ao novo momento, a Atesa, uma Cooperativa de Profissionais da Área de Saúde da grande São Paulo, também fez mudanças para dar conta da crescente demanda do setor. Desde março, a cooperativa que faz contratos com instituições privadas teve um crescimento médio de 20% nos pedidos de atendimentos domiciliares. “Aumentou significativamente o número de empresas e de pessoas físicas contratando os profissionais da saúde para ações preventivas e homecare. Além disso, hospitais de campanha também começaram a acessar os serviços da nossa cooperativa”, relata Raquel Farias, administradora da Atesa. O principal desafio foi investir em um atendimento automatizado no setor de cadastros para receber novas adesões. A cooperativa tem 1500 cooperados ativos e atende demandas da capital paulista, Fortaleza (CE), Curitiba (PR) e Belo Horizonte (MG).
Já no Rio Grande do Sul, a Cooperoda, de Passo Fundo, que atua no Transporte Rodoviário de Cargas, também automatizou a emissão de boletos, já que sua gestão tem dinâmica externa, sem a necessidade de manter encontros frequentes entre os cooperados. De acordo com seu administrador, Willian Telpes a cooperativa reúne autônomos e empresas no transporte de cargas nacionais e internacionais. A principal rota de operação é Brasil-Argentina, mas foi paralisada durante a pandemia, “mesmo assim a atuação da cooperativa continua forte, sem índices significativos de inadimplência, até porque internamente os serviços de transportes de cargas também passaram a ter aumento na demanda durante este período”, avalia Telpes. As cooperativas de transporte registradas pela OCB, em 2018, apresentaram um crescimento de 16%, saltando de 1,1 mil para 1,3 mil unidades. As cooperativas do ramo empregam 9,8 mil pessoas e contam com cerca de 100 mil cooperados.
Não é à toa que a essência do cooperativismo é considerada uma das premissas para o novo normal. Com o auxílio da tecnologia, foi possível não só encurtar distâncias, mas quebrar barreiras em setores onde novas dinâmicas automatizadas passaram a ser fundamentais. A pandemia causou e vem causando muitas dificuldades em todo o mundo, mas também nos ensina todos os dias que podemos evoluir em muitas vertentes e, talvez a maior delas, seja como empregar melhor os nossos conhecimentos e recursos.
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