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Mesmo com reabertura, empresários do ramo de alimentação esperam retorno lento dos clientes aos estabelecimentos

Pesquisa do Sebrae, em parceria com Abrasel, mostrou que 54% dos negócios do segmento perderam mais de 75% do faturamento desde o início da pandemia. Delivery tornou-se necessidade para sobrevivência das empresas

Mesmo com reabertura, empresários do ramo de alimentação esperam retorno lento dos clientes aos estabelecimentos
Foto de Kaboompics .com no Pexels

Apesar da liberação gradual do funcionamento de bares, restaurantes, buffet e outras atividades do segmento de alimentação fora do lar no país, os donos de pequenos negócios do setor enfrentam, a partir de agora, o desafio de atrair os clientes novamente aos estabelecimentos. Em pesquisa online realizada pelo Sebrae em parceria com a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurante), entre 28 de maio e 08 de junho, 71% dos empresários avaliaram que menos da metade da clientela vai retornar aos estabelecimentos de alimentação nos 30 primeiros dias posteriores à reabertura. Na opinião de 53% dos entrevistados, a segurança sanitária é o critério mais importante nesta retomada, seguido pelo fato de que os clientes devem voltar a frequentar primeiramente os locais que já costumavam ir (20%).

Ao todo, 1.532 empresários, de 26 estados e do Distrito Federal, foram ouvidos pela Pesquisa “Situação e Perspectivas do Segmento de Alimentação Fora do Lar”, sendo 32% deles Microempreendedor Individual (MEI), 28% Microempresa (ME), 37% Empresa de Pequeno Porte (EPP) e 2% composto por médias ou grandes empresas. A maioria dos participantes possui apenas uma empresa no ramo da alimentação, com predominância de restaurantes, lanchonetes e similares que operam em lojas de rua.

De acordo com o levantamento, antes da pandemia, 70% dos negócios estavam com situação financeira estável ou crescendo e investindo (19%), porém com o avanço da Covid-19, 54% tiveram perdas acima de 75% no faturamento, com destaque para serviços de Buffet, que foram mais impactados. A pesquisa apontou ainda uma diferenciação do impacto nos estabelecimentos que funcionam dentro de shopping centers, que sofreram mais com os efeitos da pandemia (quedas acima de 75% para 82% deles), assim como os que estão dentro de clubes e academias, hotéis ou prédios corporativos (redução acima de 75% para 70% deles); enquanto os que têm lojas de rua, 47% apresentaram queda.

Na visão do presidente do Sebrae, Carlos Melles, a pesquisa ressalta a importância de garantir a segurança de clientes, funcionários e fornecedores para uma retomada segura nos estabelecimentos de alimentação fora do lar. “Estamos diante de um novo momento de consumo e, mais uma vez, o empreendedor precisa se reinventar para atrair clientes para dentro de seus negócios. Éfundamentalcomunicar com transparênciaas adaptações providenciadas e os cuidados com a segurança dos alimentos,com o distanciamento entre clientes e a devida higienização do espaço”. Melles lembra ainda que o Sebrae preparou protocolo com orientações para a reabertura segura direcionado a bares, restaurantes e lanchonetes, disponível neste link.

O presidente executivo da Abrasel, Paulo Solmucci, destaca a situação crítica que milhares de empreendedores do setor enfrentam por todo o Brasil. “A pesquisa nos ajuda a mapear as necessidades e os enormes desafios que bares, restaurantes e lanchonetes estão encarando. Em algumas cidades já estamos há quase quatro meses fechados; em outras, só nos permitem abrir as portas com restrições que podem inviabilizar o negócio. Mas o importante é que estamos preparados para a retomada. A própria pesquisa mostra que os empresários entenderam a importância de se adaptar para reconquistar a confiança do cliente”, afirma. Solmucci lembra que a Abrasel tem cursos, cartilhas e orientações para ajudar empresas a reabrir as portas de maneira segura e viável. Estes materiais (muitos deles em parceria com o Sebrae) são gratuitos, abertos a todos e estão disponíveis na Rede Abrasel.

Impactos no funcionamento

O segmento de alimentação fora do lar foi um dos primeiros a sofrerem os impactos das medidas preventivas do isolamento social e fechamento do comércio para impedir a transmissão da Covid-19. Enquanto 31% dos negócios fecharam temporariamente ou de vez, a maioria que conseguiu se manter apostou no delivery ou no drive thru/take out (retirada no local). Aliás, a pandemia transformou os serviços de entrega em uma necessidade para aqueles negócios que buscaram alternativas para continuar com a cozinha em funcionamento mesmo diantedas restrições.

De acordo com a pesquisa, 72% das empresas estão realizando delivery, sendo que que 1 em cada 4 começou a utilizar o serviço de entregas durante o período. Apesar de 60% das empresas do setor utilizarem delivery por meio de aplicativos, apenas 21% dos empresários estão satisfeitos com os serviços oferecidos. O levantamento mostraainda que o delivery feito pela própria empresa tem sido uma opção muito considerada, sendo utilizada por 69% das empresas. Na hora de escolher o tipo de delivery, os empreendedores avaliam principalmente o conhecimento do consumidor sobre o aplicativo (26%), a possibilidade de delivery próprio (25%) e taxas mais baixas (21%).

A pesquisa também destaca que os negócios do ramo da alimentação fora do lar fortaleceram a presença nas redes sociais, principalmente no Instagram (59%) e no Whastapp (57%). Ao mesmo tempo, o levantamento aponta que 58% dos empresários não tiveram iniciativa para promover o negócio com ações diferenciadas que poderiam ajudar a minimizar as perdas durante a crise, como  a venda de vouchers, campanhas específicas, ações de solidariedade, entre outras.

Confira abaixo outros dados da pesquisa

– Apenas 22% conseguiram empréstimo desde o começo da crise. Os bancos foram as instituições financeiras mais procuradas.

– A renegociação foi uma alternativa para muitos empresários. 68% tiveram que renegociar o aluguel. Além disso, 65% tiveram que renegociar dívidas ou prazos com os fornecedores.

– Em relação à mão de obra, 45% demitiram, 55% suspenderam contratos e 51% reduziram a jornada de trabalho/salário.

– 38% dos empresários acreditam que o setor vai demorar entre 6 e 12 meses para voltar ao nível antes da crise.

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