Em entrevista, José Carlos Pavone, chefe de Design conta como nasceu o Nivus no Design Center da Volkswagen América do Sul
São Bernardo do Campo (SP) – Com design inovador e novos conceitos de conectividade e streaming, o Nivus é o primeiro modelo a ser inteiramente desenvolvido no Brasil e chega para fazer história. José Carlos Pavone, Gerente executivo de Design da América do Sul, conta, em entrevista, sobre os processos de criação, a parceria com a engenharia e com a matriz alemã e destaca os destaques de design.
O que é design para você?
Design é muito mais do que aparência. É uma forma de entender o mundo. Uma forma de encontrar soluções para uma série de desafios. Só que, para isso, nós precisamos ouvir, observar, pesquisar, compreender, conceber e testar. E repetir tudo isso quantas vezes for preciso. Criar um automóvel é design puro. É lógica e criatividade juntos para tornar a vida das pessoas mais fácil e mais bonita. O Nivus é tudo isso traduzido em um carro.
De onde veio a inspiração para desenhar um carro cupê?
A ideia inicial foi fazer um carro completamente novo nessas dimensões. Segundo, a gente observa o crescimento do segmento de SUVs cupê. Internamente, nós tratamos como a democratização de um segmento, ou seja, trazer um tipo de carroceria para um segmento um pouco mais compacto.
Terceiro, eu diria que, quando desenvolvemos um carro novo, nós olhamos o portfólio com um todo. Juntamos várias áreas da empresa, como estratégia, engenharia, marketing e design, para identificar onde a gente poderia colocar um tipo de produto novo. Nós já temos hatchbacks, temos sedans, temos SUV e colocamos um cupê agora nesse line-up regional.
Em quais pilares vocês se basearam para desenvolver o Nivus?
O Nivus foi desenvolvido sobre três principais pilares. O primeiro pilar é o da inovação. A gente queria criar um carro totalmente inovador. Não só em tecnologia, mas a ponto de se criar um segmento totalmente novo. O segundo pilar foi criar uma imagem de impacto. Tinha que ser um carro lindo, que fosse amor à primeira vista. O terceiro pilar foi o da praticidade. A gente queria um carro muito funcional, aliado a essa imagem de impacto, que tivesse toda a praticidade que as pessoas precisam hoje em dia.
Quais são alguns dos destaques do design do Nivus?
Eu acho que vocês já começaram a entender que a gente está falando de uma categoria completamente diferente. No frontal, a gente tem o típico DNA da Volkswagen. A gente tem os faróis conectados com uma grade bastante dominante e linhas marcadas no capô, que definem um caráter robusto ao carro. O Nivus foi desenhado a partir de linhas muito fluidas; e sempre pensando em praticidade, a gente conseguiu desenhar um porta-malas muito espaçoso e de fácil acesso. Na lateral a gente percebe um perfil cupê bastante característico. As proporções e os volumes definem um caráter atlético e moderno. O Nivus é um carro que nos dá muito orgulho e eu tenho certeza que ele chegou para fazer história.
Como foi o processo de escolha das cores e acabamentos do Nivus?
Carro tem que ter personalidade, e isso o Nivus tem de sobra. Ao mesmo tempo em que ele tem essa pegada esportiva e vibrante, também tem um caráter peculiar, que o torna um automóvel fora do comum. Escolher as cores e os materiais do Nivus foi uma responsabilidade enorme, porque nós precisávamos fazer jus a um projeto que começou revolucionário.
A busca por um design atemporal foi o que direcionou toda a escolha de cores e acabamentos. A escolha mais sóbria das cores foi proposital, que era para reforçar o caráter mais esportivo do Nivus. Todas as cores, texturas e pespontos foram pensados minuciosamente pelo nosso time.
Qual é a importância do protótipo em clay (argila sintética) no processo de criação de um novo modelo?
O design é um processo bastante digital, tecnológico, tridimensional e virtual. Porém, é diante de um modelo de clay, que é uma argila sintética, que a gente consegue provar que tudo o que foi feito virtualmente funciona na vida real. Por que essa fase aqui é tão importante no processo de design? Porque é aqui que a gente começa a entender o tamanho do carro, os volumes, as proporções.
Em relação ao design da cabine, o que o Nivus mostra que podemos esperar para o restante da linha Volkswagen?
Em termos de design, de DNA, o carro traz muita novidade e é um marco para nós – e a gente pode esperar que a partir desse momento ele pode inspirar os próximos modelos a trazer esse tipo de linguagem desenvolvida em outros tipos de proporção.
Como é a relação entre o design e a engenharia em um projeto como o do Nivus?
Inovação é algo que a gente persegue do início ao fim em um projeto como o do Nivus. E a precisão da execução, assim como o cuidado nos mínimos detalhes, fazem parte do nosso DNA. Em conjunto, nossos times de design e de engenharia realizaram diversas sessões de análise e discussão dos modelos virtuais do projeto. Esta sinergia entre a técnica e a criatividade é o que torna possível transformar todo um conjunto de ideias em realidade.
Esse projeto é o resultado de uma série de desafios superados. Eu vou dar um exemplo: ninguém tem ideia do quão difícil é fazer ou desenvolver os faróis e a lanterna de um carro. Por quê? Porque dentro de um espaço tão pequeno a gente tem que se preocupar com os dados técnicos que a engenharia nos fornece e a peça tem que ficar ainda bonita, atraente, atender às funções, à legislação e ficar nítida em qualquer distância.
E quanto à interação com a matriz na Alemanha e com os demais times?
Existe um processo de parceria muito forte entre os estúdios de design da Volkswagen e não foi diferente no desenvolvimento do Nivus. Há uma série de reuniões presenciais em São Bernardo do Campo (São Paulo), em Wolfsburg (Alemanha) e reuniões digitais. É um processo de parceria, eles nos dão várias ideias para desenvolver, há muita discussão e parte muito importante desse processo é, também, a execução das clínicas locais, que contribuem para desenvolvimento final do processo de design.