‘Candidíase‘ resistente precisa ser investigada por médico, pois pode ser confundida com outros problemas. Ficar de olho na imunidade pode impedir reaparecimento constante da doença
Problema muito comum, a candidíase é causada por um desequilíbrio na microbiota vaginal da mulher. “Isso favorece um desenvolvimento descontrolado de um fungo chamado Candida Albicans. Mas existem muitas mulheres que sofrem demasiadamente com esse problema, que causa desconforto, coceira e vermelhidão. Esse vai e volta é o que chamamos de candidíase de repetição”, afirma a médica ginecologista Dra. Ana Carolina Lúcio Pereira, membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia). “Mas é necessário sempre consultar um médico ginecologista, uma vez que você pode acreditar estar tratando um problema que não é esse, ou ainda com a medicação errada”, acrescenta a médica.
Nem tudo é candidíase – Primeiro, segundo a médica, é necessário entender que nem todo corrimento que coça é candidíase. “Por isso não se pode tratar por conta própria. Pode ser infecção bacteriana, alteração na flora vaginal, produção excessiva de lactobacilos, e tudo isso não responderiam a um tratamento antifúngico convencional”, afirma a médica. “Mas também pode ser uma candidíase resistente aos tratamentos convencionais como fluconazol por via oral, principalmente quando aconteceu um uso exagerado e por conta própria. Por fim, ainda pode ser uma infecção por outro tipo de Candida (não a albicans). Elas são menos frequentes, mas a Candida Glabrata e Candida Tropicalis não respondem tão bem aos cremes tradicionais comprados sem prescrição na farmácia”, diz a Dra. Ana. Por isso, o ideal é sempre tratar com ginecologista qualquer tipo de infecção vaginal.
As pacientes que apresentam quadro de repetição devem mais do que nunca procurar um ginecologista para fazer um exame de cultura de secreção vaginal, cultura para fungos e bactérias. “Precisamos entender como está a flora vaginal e identificar qual tipo de Candida para tratar corretamente. Além disso, é necessário investigar a doença bem como uso de medicações que favoreçam a repetição do quadro”, diz a médica.
De olho na imunidade – Em casos em que se constata realmente o problema da candidíase de repetição, é necessário dar uma atenção maior ao sistema imunológico, que influencia além de questões hormonais e ambientais. “A umidade excessiva na região favorece a proliferação do fungo. É necessário evitar o abafamento da região genial, usando calcinhas de algodão, dormir sem roupa íntima, além de secar muito bem a vulva após o banho”, afirma a médica.
Com relação ao fortalecimento do sistema imunológico, hábitos como dormir, controlar o estresse também ajudam, mas o principal é focar na alimentação. O baixo consumo de vitaminas e minerais e, em contrapartida, o exagero em carboidratos, açúcar e doces ou alimentos enlatados, de calorias vazias e pobres em nutrientes podem interferir na imunidade. “O consumo de café e bebidas alcóolicas também contribui para o desequilíbrio da microbiota vaginal”, acrescenta a médica.
Os nutrientes que podem beneficiar o sistema imune são o zinco (presente em sementes de linhaça e ostras), o selênio (peixes e castanha-do-pará) e as vitaminas A (cenoura e espinafre), B1 (legumes e grãos integrais), C (frutas como laranja e kiwi) e E (ovo e sementes oleaginosas). “Em alguns casos, podemos também indicar a suplementação com probióticos, ou ingeri-los por meio de iogurte, kefir, kombucha e leites fermentados. Essas bactérias do bem fazem uma espécie de equilíbrio da microbiota e evitam a ação de micro-organismos patogênicos”, diz a médica.
Quando o problema é constante, o médico também pode orientar um tratamento preventivo com cremes de dose única, uma vez por mês, aliado à mudança no estilo de vida. “Mas sempre consulte um ginecologista”, finaliza.
FONTE: DRA. ANA CAROLINA LÚCIO PEREIRA – Ginecologista, membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), especialista em Ginecologia Obstetrícia pela Associação Médica Brasileira e graduada em Medicina pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro em 2005. Especialista em Medicina do Tráfego pela Abramet, a médica realiza consultas ginecológicas, obstétricas e cirurgias, atuando na prevenção e tratamento de doenças gineco-obstétricas com foco em gestação de alto risco.