Afinal, o uso constante de máscaras pode causar orelhas de abano?

Apesar de não serem a causa do problema, máscaras de proteção podem destacar ainda mais as orelhas de abano em pacientes que já apresentam a alteração, o que pode ser resolvido por meio da otoplastia.

Afinal, o uso constante de máscaras pode causar orelhas de abano?A vacina contra a Covid-19 já é uma realidade. Porém, isso não quer dizer que a pandemia acabou ou que devemos deixar os cuidados de prevenção de lado, afinal, podem levar meses até que toda a população seja vacinada. Logo, é preciso seguir com medidas de proteção contra o Coronavírus, como o uso de máscara fora de casa, que continua indispensável apesar das reclamações e desconfortos de parte da população. Por exemplo, algumas pessoas acreditam que o uso de máscaras pode causar orelhas de abano, o que, de acordo com Dr. Mário Farinazzo, cirurgião plástico, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), não é verdade. “As máscaras podem causar certa tração das orelhas, tornando-as mais aparentes e, consequentemente, mais parecidas com as famosas orelhas de abano, termo popularmente usado para descrever orelhas que são muito afastadas do crânio. No entanto, esse efeito não é permanente, sendo resolvido quando a máscara é retirada. As verdadeiras orelhas de abano são uma anormalidade congênita, ou seja, estão presentes desde o nascimento e são causadas pela genética, não possuindo influência de fatores externos, como a utilização de máscaras”, ressalta.

Mas quem realmente se incomoda com a proeminência das orelhas provocada pelas máscaras possui opções, o que não inclui, é claro, deixar de utilizar o equipamento de proteção. “Existem, por exemplo, modelos de máscaras que contam com apenas um elástico para ser preso ao redor da cabeça, assim não tracionando as orelhas. Os extensores de máscara também são interessantes, já que mantêm o equipamento no lugar sem que os elásticos entrem em contato com as orelhas”, recomenda o médico. “A vantagem dessas alternativas é que, além de não tracionarem as orelhas, também diminuem o atrito e a pressão constante causados pelo elástico na pele, que podem levar ao surgimento de ressecamento, vermelhidão e ferimentos na parte de trás das orelhas.”

No entanto, quem sofre naturalmente com orelhas de abano, que causam grande desconforto estético e ainda são acentuadas pelo uso das máscaras, pode recorrer à otoplastia para solucionar o problema. “Podendo ser feita a partir dos seis anos de idade, quando o crescimento do pavilhão auditivo está completo, a otoplastia, ou cirurgia reparadora de orelhas, é indicada para corrigir o espaço entre as orelhas e o crânio, conferindo uma aparência mais natural e harmoniosa”, diz o cirurgião plástico. Realizada sob o efeito de anestesia geral, local ou sedação, a otoplastia é feita através de uma incisão atrás da orelha que acompanha a dobra natural da pele. “A partir da incisão, o cirurgião remove o excesso de pele e molda a cartilagem. Em seguida, são feitos pontos de fixação para sustentar a nova anatomia da orelha e suturar a pele”, explica o médico.

De acordo com o especialista, a cirurgia é rápida, durando cerca de uma hora, possui risco baixo e os resultados são excelentes, gerando uma cicatriz quase imperceptível. Além disso, o procedimento não exige internação, o que permite ao paciente voltar para casa no mesmo dia. “Após o procedimento, o surgimento de inchaço é comum, mas tende a sumir até o fim das primeiras três semanas. O paciente também pode sentir um leve incômodo, que, caso se torne debilitante, pode ser resolvido com analgésicos”, ressalta. Com relação aos cuidados pós-cirúrgicos, é recomendado o uso de faixa protetora durante um mês, principalmente para evitar traumatismos no local e proteger a pele contra a radiação solar. “Além disso, por enquanto, é aconselhável que o paciente submetido à otoplastia não saia de casa após o procedimento, já que os elásticos da máscara, cujo uso é indispensável nesse momento, podem atrapalhar a cicatrização e causar sangramentos. Mas, caso seja necessário sair de casa, o paciente deve optar pela utilização dos extensores de máscara ou dos modelos que prendem atrás da cabeça por apenas um elástico”, finaliza o Dr Mário Farinazzo.

FONTE: DR. MÁRIO FARINAZZO, cirurgião plástico, membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e Chefe do Setor de Rinologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Formado em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), o médico é especialista em Cirurgia Geral e Cirurgia Plástica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Professor de Trauma da Face e Rinoplastia da UNIFESP e Cirurgião Instrutor do Dallas Rhinoplasty™ e Dallas Cosmetic Surgery and Medicine™ Annual Meetings. Foi coordenador da equipe de Cirurgia Plástica do Hospital Municipal Arthur Ribeiro de Saboya-SP até junho 2019 e opera nos Hospitais Sírio, Einstein, São Luiz, Oswaldo Cruz, entre outros. www.mariofarinazzo.com.br