Estudo publicado em abril do ano passado no periódico American Journal Of Obstetrician and Ginecology mostrou uma relação entre alterações no microbioma endometrial e falha de implantação ou aborto espontâneo precoce em pacientes submetidas a tratamento com tecnologia de reprodução assistida
Temos mais bactérias do que células e deve ser por isso que nunca se falou tanto de probióticos e microbiota saudável. Esse conjunto de bactérias do bem estão associados a uma melhor saúde imunológica e menor risco de distúrbios metabólicos (no que se refere à comunidade de microrganismos do estômago e intestino), a um menor risco de problemas de pele (quanto às bactérias do tecido cutâneo) e também a um maior sucesso nos tratamentos de fertilidade. Um estudo publicado em abril do ano passado no periódico American Journal Of Obstetrician and Ginecology mostrou que alterações disbióticas na microbiota endometrial podem estar associadas a falha de implantação ou aborto espontâneo precoce em pacientes submetidas a tratamento com tecnologia de reprodução assistida. “O estudo confirmou a presença de bactérias na cavidade uterina e mostrou a associação da baixa presença de Lactobacilos a uma dificuldade maior de engravidar e maior risco de aborto. O estudo evidenciou que 50% das mulheres inférteis apresentavam baixa abundância de lactobacilos”, explica o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo.
Nos tratamentos de FIV (Fertilização In Vitro), no grupo de mulheres com escassez de Lactobacilos, a taxa de implantação foi de 23%, enquanto que no grupo com predominância de Lactobacilos, essa taxa foi de 61%. “A taxa de aborto no primeiro grupo foi de 60%, enquanto no segundo grupo foi de 16%. Esse estudo permitiu grandes avanços na medicina reprodutiva”, afirma o médico especialista. “Alimentação e hábitos de vida saudáveis ajudam a melhorar a microbiota”, completa o Dr. Rodrigo.
De acordo com a pesquisa, o perfil microbiano encontrado na amostra endometrial antes do aborto espontâneo apresentou maior diversidade bacteriana e menor abundância de Lactobacillus do que o fluido endometrial da gravidez saudável. “Dentre os tipos de Lactobacillus, um especial chamado Lactobacillus iners foi o micróbio mais prevalente encontrado no endométrio durante o início da gravidez; sua presença estava associada a mecanismos de defesa e funções basais. Essas novas observações são importantes para incentivar futuras investigações e compreender as implicações potenciais da microbiologia na gravidez humana saudável e patológica”, explica o médico.
Por fim, o médico enfatiza que, para a gravidez acontecer e ser bem sucedida, é necessário um bom embrião, um bom endométrio e uma boa interação entre eles. “Por esse motivo, se o casal perceber que está tendo problemas para engravidar, é importante que ambos consultem um médico especializado, já que apenas ele poderá realizar uma avaliação e identificar a real causa do problema, recomendando assim o tratamento adequado ou, quando a causa da infertilidade não pode ser revertida, métodos de reprodução assistida e todo acompanhamento para melhorar a saúde como um todo, aumentando a chance de sucesso”, finaliza o Dr. Rodrigo Rosa.
FONTE: *DR. RODRIGO ROSA: Ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo. Membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), o médico é graduado pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Especialista em reprodução humana, o médico é colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana.
LINK do estudo: https://www.ajog.org/article/
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