sábado, 18 janeiro 2025
21.2 C
Curitiba

Em fase de testes, novo tipo de anel vaginal mostrou-se eficaz na prevenção contra gravidez e HIV

Combinando o medicamento antiretroviral dapivirina e o hormônio levonorgestrel, método contraceptivo revolucionário foi capaz de manter níveis suficientes das substâncias no organismo por 90 dias para impedir a fecundação e a infecção pelo vírus causador da AIDS.

Em fase de testes, novo tipo de anel vaginal mostrou-se eficaz na prevenção contra gravidez e HIV
ilustração: https://www.mtnstopshiv.org/

Desde a Roma Antiga, quando se utilizava um pessário de bronze como forma de prevenir a gestação, os métodos contraceptivos evoluíram muito e hoje temos a nossa disposição uma série de opções para quem deseja evitar engravidar. No entanto, dentre todos os métodos anticoncepcionais, apenas um é capaz de impedir a fecundação ao mesmo tempo em que protege contra infecções sexualmente transmissíveis (IST’s): o preservativo, popularmente conhecido como camisinha. Porém, esse cenário está prestes a mudar, pois pesquisadores do Microbicide Trials Network (MTN), nos Estados Unidos, confirmaram1, no final de janeiro, o sucesso de um anel vaginal na prevenção da gravidez e da infecção pelo vírus HIV em sua primeira fase de testes. “O método em desenvolvimento trata-se de uma versão alterada do anel vaginal comum, que, ao invés de progesterona e estrogênio, contém o medicamento antirretroviral dapivirina, eficaz contra o HIV, e o hormônio anticoncepcional levonorgestrel, substância comumente utilizada nas chamadas pílulas do dia seguinte”, explica a Dra. Eloisa Pinho, ginecologista e obstetra da Clínica GRU.

Primeiro método biomédico e de longa duração contra o HIV

Segundo os cientistas que participaram da fase de testes realizada com 25 mulheres que utilizaram o método continuamente ou em ciclos durante 90 dias, o anel foi capaz de liberar, por todo o período de uso, níveis suficientes de ambos os medicamentos para servir ao seu propósito de prevenir contra o HIV e a gravidez. E o futuro do método é promissor, pois, além de ter apresentado bons resultados durante os estudos de eficácia, o produto foi desenvolvido com base em um anel vaginal mensal de dapivirina que, em 2020, recebeu uma opinião científica positiva da European Medicines Authority (EMA) e foi adicionado à lista de medicamentos pré-qualificados da Organização Mundial da Saúde (OMS), estando, no momento, em busca da aprovação para uso em diversos países africanos e nos Estados Unidos. “Se aprovado, o anel vaginal de dapivirina será o primeiro método biomédico e de longa duração contra o HIV especificamente desenvolvido para mulheres cisgênero, o que é especialmente importante visto que, de acordo com relatório publicado em 2020 pela UNAIDS2, a AIDS, doença causada pelo HIV, é a principal causa de morte entre mulheres de 15 a 49 anos no mundo”, ressalta a médica.

A grande diferença entre os dois produtos é que o anel que combina levonorgestrel e dapivirina, além de proteger contra a gravidez, possui uma concentração 8 vezes maior da substância capaz de prevenir a infecção pelo HIV, podendo assim ser utilizado por um período de 3 meses ao invés de ter que ser trocado mensalmente. “Ainda que pareça que atualmente possuímos métodos contraceptivos em excesso à disposição, a busca por novos métodos capazes de prevenir gestações e IST’s é sempre importante para que as mulheres tenham opções, afinal, cada uma delas possui necessidades e preferências distintas em momentos diferentes de suas vidas”, destaca a ginecologista.

Mas vale ressaltar que tanto o anel de dipavirina isolada quanto o anel que traz a dipavirina combinada ao levonorgestrel ainda estão em fase de testes e de aprovação para uso, respectivamente. “Logo, até que tais métodos estejam disponíveis para serem utilizados em território brasileiro, é importante manter os cuidados preventivos convencionais contra a gravidez e as IST’s, o que pode ser feito através do que chamamos de dupla proteção, que consiste em combinar o uso do preservativo, que é a única opção atualmente disponível capaz de impedir a transmissão de agentes patógenos por meio de relação sexual,  com outro método anticoncepcional da escolha da paciente, como a pílula anticoncepcional, o DIU ou o diafragma. Dessa forma, a mulher estará protegida tanto das IST’s quanto de uma possível gravidez, além de estar resguardada caso o preservativo fure, por exemplo”, finaliza a Dra Eloisa Pinho.

FONTE: DRA. ELOISA PINHO – Ginecologista e obstetra, pós-graduada em ultrassonografia ginecológica e obstétrica pela CETRUS. Parte do corpo clínico da clínica GRU Saúde, a médica é formada pela Universidade de Ribeirão Preto, realiza atendimentos ambulatoriais e procedimentos nos hospitais Cruz Azul e São Cristovão, além de também fazer parte do corpo clínico dos hospitais São Luiz, Pró Matre, Santa Joana e Santa Maria.

1https://www.mtnstopshiv.org/news/second-early-phase-study-90-day-vaginal-ring-containing-dapivirine-and-contraceptive-shows

2https://www.unaids.org/sites/default/files/media_asset/2020_women-adolescent-girls-and-hiv_en.pdf

Destaque da Semana

Principais mudanças da reforma tributária: cashback, Imposto Seletivo e cesta isenta

Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil Publicado em 16/01/2025...

Henrique & Juliano anuncia show com convidados na Pedreira Paulo Leminski

Dupla Henrique & Juliano retorna à Pedreira com show...

Jovens que fumam “vape” têm pior desempenho em exercícios físicos

Estudo britânico mostra que tanto fumantes de cigarro eletrônico...

Parque infantil Kinder Space chega ao Catuaí Shopping Maringá

Com atrações para crianças de 1 a 12 anos,...

Artigos Relacionados

Destaque do Editor

Popular Categories

Mais artigos do autor