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Estudo diz que estresse na gestação pode piorar saúde metabólica e cardiovascular dos filhos

Estudo publicado no final de janeiro mostra que o estresse na gestação pode interferir na saúde do filho, com risco maior de problemas cardiometabólicos de curto e longo prazo

Problema emergente em nossa sociedade, o “estresse” também é motivo de preocupação para as futuras mães, nas fases pré-gestacional e gestacional, e para as puérperas, no momento da lactação. “O estresse é associado a desfechos metabólicos adversos e cardiovasculares em mães e filhos. Portanto, vários mecanismos de estresse levam a um ambiente adverso no útero, por exemplo, por exposição excessiva a glicocorticoides (hormônios esteróides caracterizados pela habilidade de se ligar com o receptor de cortisol e desencadear efeitos similares), contribuindo para distúrbios cardiometabólicos nas mães e nos bebês”, diz Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo. O tema foi objeto da revisão Impact of maternal prenatal stress by glucocorticoids on metabolic and cardiovascular outcomes in their offspring: A systematic scoping review, publicada no último dia 21 de janeiro, no periódico Plos One. “Mulheres que experimentaram ‘estresse’ como fator de risco, assim como seus filhos, têm claramente um risco maior de resultados cardiometabólicos adversos de curto e longo prazo”, concluiu o estudo.

O estresse materno pode aparecer como depressão, trauma pessoal ou estresse autopercebido. “As alterações hormonais se tornam um gatilho para o desenvolvimento de um estado depressivo. Mas fatores externos também são extremamente importantes. Antes do nascimento, o estresse pode interferir no psicológico da mãe, que pode ser em relação ao medo do parto, preocupação com a saúde da criança, ansiedade, situação financeira, problemas no relacionamento”, diz o especialista.

Segundo o médico, duas hipóteses são amplamente aceitas para explicar a associação entre um ambiente pré-natal adverso e resultados de saúde pós-natal: desnutrição fetal (incluindo desnutrição e supernutrição) e superexposição fetal a glicocorticóides ou estresse. “Essas hipóteses estão intimamente conectadas, o que significa que os efeitos dos insultos nutricionais na saúde podem variar em função do estresse e, inversamente, os efeitos do estresse agudo ou crônico podem variar em função do estado nutricional. O aumento do estresse afeta negativamente a ingestão de alimentos pela mãe, resultando em uma redução na entrega de nutrientes ao feto”, diz o Dr. Rodrigo. Segundo o estudo, o estresse e seus processos biológicos relacionados têm a capacidade de influenciar não apenas os hábitos alimentares (por exemplo, ingestão calórica e seleção de tipos de alimentos), mas também o destino metabólico da energia ingerida.

Nervosismo, medos e ansiedade

O especialista afirma que outros estudos já demonstraram alguns efeitos adversos do estresse para o feto. “Constante nervosismo, medos e ansiedade ameaçam o sistema endócrino do bebê, de forma que sua imunidade e o metabolismo podem ser afetados; um choque impactante no psicológico pode causar um aborto espontâneo ou provocar hipóxia intrauterina”, afirma o médico.

O mais importante, de acordo com o médico, é procurar formas de modular o estresse, seja por meio da realização de atividades físicas ou por meio de acompanhamento psicológico. “Dessa forma, ela irá proteger tanto sua saúde quanto do bebê, pois, mesmo nascendo aparentemente saudável, um bebê que nasce de uma mãe estressada poderá apresentar alterações na idade de transição relacionadas com depressão e estresse”, finaliza.

FONTE: *DR. RODRIGO ROSA: Ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo. Membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), o médico é graduado pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Especialista em reprodução humana, o médico é colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana.

 

LINK do estudo: https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0245386

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