Segundo pesquisa publicada em dezembro na revista médica Cancer Research, mulheres que fizeram uso de anticoncepcional possuem 50% menos chance de sofrerem com câncer de endométrio e ovário mesmo após 15 anos da descontinuação do tratamento com o contraceptivo.
Entre os métodos contraceptivos, a pílula anticoncepcional é uma das opções mais populares e, ao mesmo tempo, mais controversas. “Isso porque, apesar de causar uma série de efeitos colaterais, como dores de cabeça e náuseas, a pílula anticoncepcional também possui muitos benefícios, incluindo a facilidade de uso, regulação da menstruação, combate à acne e diminuição das cólicas, além de possuir eficácia de 98% contra a fecundação”, explica a Dra. Eloisa Pinho, ginecologista e obstetra da Clínica GRU. E, conforme a tecnologia e as pesquisas avançam, estamos entendendo cada vez mais o mecanismo de ação desse medicamento, e também descobrindo novos benefícios de seu uso. Por exemplo, um estudo publicado em dezembro na revista médica Cancer Research apontou que a utilização contínua da pílula anticoncepcional pode ajudar a prevenir casos de câncer de ovário e endométrio.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores compararam a incidência de câncer de mama, ovário e endométrio entre 250 mil mulheres que já usaram e nunca usaram pílulas anticoncepcionais. Após análise, foi possível distinguir que as pacientes que utilizaram o método contraceptivo possuíam um risco muito menor de desenvolverem câncer de ovário e endométrio. Na verdade, o risco de desenvolvimento desses tipos de câncer entre o grupo de mulheres que usava anticoncepcional foi 50% menor até mesmo 15 anos após a descontinuação do tratamento com o contraceptivo. Além disso, os estudiosos observaram apenas um pequeno aumento no risco de câncer de mama entre mulheres que utilizavam a pílula anticoncepcional, risco esse que desapareceu após alguns anos da descontinuação do uso. “As pílulas anticoncepcionais foram anteriormente associadas a um risco aumentado de câncer de mama. Portanto, um estudo que mostra que esse risco é mínimo e ainda diminui após a paciente parar de utilizar o medicamento, além de apresentar novos benefícios para o uso da pílula, é realmente importante, garantindo que as mulheres possuam mais opções na hora de escolher qual o melhor método contraceptivo para cada caso”, destaca a Dra. Eloisa.
Porém, nem tudo são flores e você não deve, de maneira alguma, tomar a pílula anticoncepcional sem antes consultar o seu ginecologista. Isso porque o método pode sim favorecer o aparecimento de certas complicações, como a trombose, condição caracterizada pela formação de coágulos sanguíneos no interior das veias que causam uma inflamação na parede do vaso. “Isso ocorre porque a quantidade de hormônios presentes nas pílulas anticoncepcionais é capaz de alterar a circulação, aumentando o risco de formação de coágulos nas veias profundas. Por isso, o uso desse método não é recomendado por mulheres que já possuem predisposição ao problema”, explica a ginecologista. “Além disso, as pílulas com altas doses de estrogênio também possuem maiores chances de provocar hipertensão arterial, principalmente em mulheres que fumam, têm mais de 35 anos ou já sofrem de hipertensão”.
Geralmente, em mulheres que possuem problemas com o uso da pílula anticoncepcional devido aos altos níveis de hormônios, recomenda-se a adoção dos métodos contraceptivos de barreira, que são opções que evitam a entrada do esperma no útero e, consequentemente, a fecundação, sendo assim ideais para as mulheres que possuem contraindicações às terapias hormonais. “Entre os métodos de barreira, o mais popular é o preservativo, tanto feminino quanto masculino, já que, além de oferecer uma proteção física contra a entrada do esperma no corpo da mulher, é o único método contraceptivo que protege contra doenças sexualmente transmissíveis, devendo então sempre ser combinado ao uso dos outros tipos de anticoncepcionais”, explica a Dra. Eloisa Pinho. Mas existe uma série de outros métodos disponíveis para a mulher escolher, incluindo o diafragma e o DIU de cobre, e todos possuem suas vantagens e desvantagens. Por isso, é fundamental que você converse com seu médico. “Apenas o ginecologista poderá realizar uma avaliação levando em conta fatores como histórico médico e familiar para então recomendar o método contraceptivo mais adequado para você, seja ele hormonal ou de barreira”, finaliza.
FONTE: DRA. ELOISA PINHO – Ginecologista e obstetra, pós-graduada em ultrassonografia ginecológica e obstétrica pela CETRUS. Parte do corpo clínico da clínica GRU Saúde, a médica é formada pela Universidade de Ribeirão Preto, realiza atendimentos ambulatoriais e procedimentos nos hospitais Cruz Azul e São Cristovão, além de também fazer parte do corpo clínico dos hospitais São Luiz, Pró Matre, Santa Joana e Santa Maria.
Estudo: https://cancerres.