domingo, 23 fevereiro 2025
18.4 C
Curitiba

Autor brasileiro joga balde de água fria sobre o tradicional e popular conceito de autoestima

Autor brasileiro joga balde de água fria sobre o tradicional e popular conceito de autoestima

Jacob Petry, que também é jornalista e filósofo, diz que a autoestima é uma relação disfuncional que o indivíduo possui com um “falso eu” que é a principal causa de todos os sofrimentos, dramas e sentimentos de inferioridade que nos assolam.

Se você é um ser humano, e vive aqui na Terra, em algum momento já ouviu falar da importância da autoestima, e certamente, também já pensou que precisava melhorá-la. É muito improvável, porém, que já tenha ouvido falar que a autoestima não passa de uma disfunção psicológica. É isso que o filósofo e jornalista Jacob Petry, autor de inúmeros livros sobre o tema, vem polemizando. Segundo ele, o ser humano cria uma imagem mental sobre si próprio, baseada nas percepções que tem das experiências ao longo da vida, e depois passa a viver como se fosse essa imagem mental. “Isso cria uma dualidade”, ele explica. “Afinal, existe a imagem mental, mas também existe àquele que possui essa imagem mental. Qual dos dois é você?”, questiona.

O autor observa que o ser humano é o único ser que possui uma relação com ele mesmo. Essa relação, segundo ele, é o que cria a autoestima. “Você não apenas cria uma imagem sobre si, mas passa a ter uma relação consigo mesmo. E essa relação é idêntica a que temos com outras pessoas. Observe como você dialoga consigo mesmo. Alguns, dialogam consigo na primeira pessoa, outros, na terceira pessoa. É comum falarmos, por exemplo, coisas como “por que você fracassou de novo?” “Por que você não para de comer, não está vendo que está gordo?”. Segundo Petry, o problema maior, é que esse diálogo interior, com nós mesmos, se torna inconsciente. “Criamos padrões mentais que se tornam automáticos e que assumem total controle sobre nossa mente. Esses padrões são as vozes involuntárias que ouvimos na nossa cabeça o dia todo e que não conseguimos calar”, explica.

Jacob Petry comenta que, por conta dessa inconsciência, a maioria das pessoas sofre com a baixa autoestima. Segundo ele, a característica geralmente negativa desses padrões inconscientes, faz com que esse diálogo interno seja de cobrança e depreciação. “Você olha seu corpo nu no espelho e diz: como você está horrível, e com isso, você se sente mal, você cria uma relação de desafeto consigo mesmo”, ele explica. “A partir de então, ao invés de lidar com a realidade, você passa a lidar com a ideia que gera a emoção negativa”, conta. “Você deixa de se aceitar. Mas quem é que não aceita quem nessa relação?”, ele pergunta. “Eu não aceito a mim mesmo, parece ser a resposta. Mas existem duas pessoas nesse processo: o que não aceita, e aquele que não é aceitado. Essa é a disfunção”, ele explica.

O grande erro, segundo Petry, e que vem criando alvoroço no mercado de desenvolvimento pessoal, está em querer melhorar essa relação, ao invés de eliminá-la. “Você é orientado, por exemplo, a parar em frente ao espelho, fazer a pose do Super Man para melhorar o “falso eu” que você criou de si mesmo. E, de fato, se fizer isso existe uma boa chance de você melhorar essa relação com a sua imagem mental. Você passa a se sentir menos ameaçado, menos desconfortável com a nova imagem mental que criou, mas por quanto tempo?”, questiona. O autor defende que a autoestima sempre está conectada à imagem mental que você tem sobre si, o seu “falso eu”. E como esse “falso eu” é uma ideia, a autoestima depende muito do diálogo que você mantém consigo mesmo, que depende da reação externa, do ambiente em que você vive e como você se percebe nele. Para avaliar como você está, você vive se comparando com outras pessoas. “Por exemplo, se me percebo mais atraente que o fulano, se meu carro é mais bonito e maior do que o do fulano, minha autoestima sobe, mas isso só vai durar até aparecer outro com mais que eu”, comenta.

Diante disso, o autor levanta um questionamento. “É possível viver sem ter um relacionamento consigo mesmo? Ser você de um modo tão completo que a imagem mental, o ‘falso eu’ se dissolva? Viver de tal modo que você apenas seja, sem essa insanidade mental que cria tanto sofrimento, tanta confusão, tanta frustração, tanto medo, tanta insegurança e tanta insanidade?” A resposta, segundo Petry, é sim, é possível. “Mas é preciso parar de querer aprimorar a falsa noção de eu que temos sobre nós, e nos reconectar com quem somos verdadeiramente, para além de tudo que pensamos sobre nós. E esse é o verdadeiro autoconhecimento.”, conclui.

Sobre o autor

Jacob Petry é filósofo, pesquisador e escritor brasileiro. É autor de livros que abordam temas como psicologia da cognição, inteligência emocional e desenvolvimento pessoal.

Livros

  • Grandes Erros (1ª ed.). (Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2015).
  • O Óbvio que Ignoramos (8ª ed.). (São Paulo: Faro Editorial, 2016).
  • Poder & Manipulação (6ª ed.). (São Paulo: Editora Faro Editorial, 2016).
  • As 16 leis do sucesso, (9ª ed.). (São Paulo: Faro Editorial, 2017).
  • Os atrevidos dominam o mundo. (1ª ed.). (São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2018).
  • Seja Singular! (2ª ed.). (São Paulo: Faro Editorial, 2018).

Crédito foto em anexo: Lucas Ferro.

Destaque da Semana

“Histórias: Show do Século” anuncia data em Curitiba com grandes nomes do sertanejo

Festival acontece no dia 1º de novembro na Ligga...

Wesley Safadão volta ao Curitiba Country Festival para show inesquecível

Luan Santana,  Maiara & Maraisa, Simone Mendes, Pedro Sampaio,...

Onda de calor: quem tem doença crônica precisa redobrar os cuidados

Pessoas com hipertensão, arritmia, insuficiência cardíaca ou renal devem...

Artigos Relacionados

Destaque do Editor

Popular Categories

Mais artigos do autor