Dia Mundial do Sono destaca a importância de uma noite bem dormida para o corpo humano na pandemia

Segundo dados da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico Covid-19 (Vigitel), 41,7% dos entrevistados apontaram ter alguma dificuldade para dormir

Dia Mundial do Sono destaca a importância de uma noite bem dormida para o corpo humano na pandemia
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O sono é uma peça-chave para o funcionamento adequado do nosso organismo, principalmente, durante a pandemia da Covid-19. Isso é o que mostra um estudo realizado, em 2020, pela Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico Covid-19 (Vigitel). O estudo, feito no Brasil com 2.007 pessoas, entre os dias 25 de abril e 05 de maio de 2020, destaca que 41,7% dos entrevistados relataram alguma alteração do sono, como dificuldade para dormir. A pesquisa ainda indica outros agravantes à saúde mental dos brasileiros relacionados com a pandemia da Covid-19. Segundo a pesquisa: 35,3% relataram falta de interesse em fazer as coisas e 32,6% disseram se sentir para baixo ou deprimido.

Nesse sentido, o Dia Mundial do Sono, lembrado em 19 de março, foi criado pela Associação Mundial de Medicina do Sono (World Association of Sleep Medicine – WASM) e tem como objetivo destacar a importância do sono na qualidade de vida, na saúde, no desempenho profissional, escolar e na sociedade.

No ser humano, o sono é constituído de duas fases: sono não-REM e o sono REM. O sono REM é considerado uma fase fundamental para fixação da memória, quanto o sono não-REM, possui importantes funções regenerativas.

Durante o sono não-REM, nosso sono passa por três estágios diferentes: o primeiro, como uma transição da vigília para o sono, mas ainda de forma leve; o segundo, trata-se de uma desconexão do cérebro com os estímulos do mundo que nos cerca; e, o terceiro, é considerado um sono profundo, o período de maior regeneração cerebral.

O sono REM, é a fase do sono que se caracteriza por movimentos oculares rápidos, sonhos exuberantes, atividade cerebral intensa e movimentos musculares involuntários. O sono REM ajuda na fixação de memória, e regulação das emoções. Auxilia na prevenção problemas mentais e psicológicos, como ansiedade e depressão.

Todos esses estágios ocorrem de forma cíclica durante uma noite completa de sono. Enquanto dormimos, nosso cérebro passa diversas vezes por todas as fases de sono, criando pequenos ciclos durante toda a noite. Assim, um adulto normal costuma apresentar 5 ciclos de sono, podendo, cada um deles, durar em média de 90 minutos.

Dessa maneira, mesmo quando dormimos menos tempo que o ideal ainda temos um pouco do benefício de cada fase do sono.

De acordo com a National Sleep Foundation, importante organização sem fins lucrativos dos Estados Unidos, que se dedica a melhorar o sono e o bem-estar por meio da educação e defesa do sono, destaca que, com o passar dos anos, cada faixa etária demanda um número de horas para um processo de sono correto. As principais são:

– Recém-nascido (até 3 meses): de 14 a 17 horas

– Primeira infância (de 1 a 2 anos): de 11 a 14 horas

– Fase escolar (de 3 a 5 anos): de 10 a 13 horas

– Adolescente (de 14 a 17 anos): de 8 a 10 horas

– Adulto Jovem e Adultos (de 18 a 64 anos): de 7 a 9 horas

– Idoso (a partir de 65 anos): de 7 a 8 horas

De acordo com dados da Associação Brasileira do Sono, 60% dos brasileiros dormem menos de 7 horas por noite. Uma outra informação ainda mais alarmante do Detran indica que 20% dos acidentes de trânsito estão associados à sonolência ao conduzir.

Assim, em um mundo agitado como o que vivemos, sem deixar de lembrar as consequências negativas que o atual cenário pandêmico também nos causa, uma noite de sono mal dormida também tem sérios efeitos negativos. Efeitos estes que podem ser sentidos a curto, médio e longo prazo. Com o tempo, uma noite de sono mal dormida pode afetar sua imunidade levando ao surgimento de infecções, desregular seu metabolismo, aumentando o risco de obesidade, hipertensão, diabetes e envelhecimento. Segundo o Ministério da Saúde, há uma relação importante entre o curto período de sono e o aumento do índice de IMC. O que pode ser explicado, inclusive, por mudanças hormonais decorrentes de uma noite de sono mal dormida. Dormir pouco e mal, altera o padrão dos hormônios que controlam a fome, ou seja, reduz os níveis de leptina (hormônio responsável por reduzir o apetite) e aumentam os níveis de grelina (responsável por estimular o apetite).

“É muito importante que, já aos primeiros sinais de dificuldades para dormir, as pessoas busquem ajuda médica adequada. Isso é primordial na prevenção de outras doenças que podem ser manifestadas silenciosamente e muito prejudiciais à saúde”, afirma Alexandre Venturi, médico neurologista da clínica IMUVI.

Existe ainda um outro ponto de extrema importância. Os distúrbios do sono. São doenças que se manifestam durante a noite, mas que afetam negativamente a saúde durante o dia. Alguns dos mais comuns são a insônia, a apneia obstrutiva do sono e a síndrome das pernas inquietas. A insônia, é caracterizada pela dificuldade de iniciar o sono, mantê-lo continuamente durante a noite ou pelo despertar antes do horário desejado e que causa sintomas durante o dia.

Já a apneia obstrutiva do sono ocorre quando há dificuldade na passagem do ar pelas vias aéreas durante o sono, levando a rápidos episódios de parada ou importante redução do fluxo de ar que deveria chegar aos pulmões. Em muitos casos, juntamente com essa “parada”, a pessoa pode acordar e/ou emitir um ronco muito barulhento.

Na síndrome das pernas inquietas há um distúrbio caracterizado por um desconforto nos membros inferiores (pernas) que é aliviado ao movimentá-los. Os sintomas são mais evidentes à noite e interrompem o processo de adormecimento cerebral, levando a uma importante dificuldade de dormir.  “A insônia, a apneia e a síndrome das pernas inquietas, dentre outros, são distúrbios que podem acometer todas as pessoas, sejam homens ou mulheres, em diversas idades. Por isso, uma noite de sono reparadora é uma questão de saúde pública muito importante e que não deve ser minimizada”, conclui o especialista.

tatiana@gpimage.com.br

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