Feira de Ciências e Engenharia da USP recebe estudantes curitibanas

Enxerto de pele e participação de jovens na política são temas das pesquisas

Um dos principais eventos de iniciação científica para jovens, a Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), da Universidade de São Paulo (USP), acontece entre 15 e 26 de março, de forma on-line. A 19° edição da Febrace conta com 345 projetos finalistas de 716 estudantes, que foram selecionados a partir dos 1.250 inscritos e mais de 4 mil jovens. Entre tantas iniciativas, dois projetos de jovens curitibanas se destacaram. 

Enxerto de pele

Alunas da 2ª série do Ensino Médio, no Colégio Positivo – Jardim Ambiental, Rafaela Bernardi Rizotto e Rebecca Nogueira Veloso, ambas com 15 anos, fizeram um levantamento acerca do grau de informação sobre enxerto de pele e preparam um trabalho científico a respeito das técnicas utilizadas. A pesquisa, realizada com 400 pessoas, demonstrou que 49% tratariam o local com água corrente, antes de procurar um médico. Dos entrevistados, mais de 63% têm mais de 18 anos.

“Está sendo uma experiência muito satisfatória e trabalhosa, mas é gratificante saber que estou dando mais este passo importante na minha carreira de estudante e na iniciação científica. Quando recebemos a notícia da USP, parecia que eu tinha passado no vestibular”, conta Rafaela, que sonha em ser médica desde os 4 anos de idade. 

As estudantes explicam que a situação das queimadas e de recentes e catastróficas explosões, como a do Líbano, foram um incentivo para a escolha do tema. “Nos chamou atenção sobre o tratamento utilizado para curar queimaduras, então fizemos diversas entrevistas com profissionais especialistas e aprendemos muito”, conta Rebecca, que também pretende ser médica. “Agora queremos estudar em laboratório todos os usos combinados e separados dos componentes que citamos na pesquisa”, conta.  

O trabalho selecionado pela USP mostra que a pele da espécie de peixe tilápia possui características e morfologia semelhante à pele humana, mas com cicatrização mais rápida – de 16 dias, em vez de 21. Com maior aderência à ferida, evita contaminação externa e desidratação, além de demandar trocas menos frequentes do curativo. Segundo o estudo, a pele de tilápia pode ser deixada sobre a ferida por dias e, conforme a situação, até a cicatrização completa, o que pode reduzir o sofrimento do paciente. Ela também tem um custo mais baixo se comparado aos demais tratamentos. 

Jovem, politize-se!

Ela já sonhou em ser presidente do Brasil, ou do Congresso Nacional, e deixar sua marca neste mundo. Enquanto se prepara, Ariane Minetto Araújo, de 13 anos, decidiu pesquisar sobre o interesse dos jovens pela política. Aluna do 9º ano do Colégio Positivo – Internacional, Ariane gosta de debater política desde muito cedo. “É uma verdadeira cientista, gosta de pesquisar e tem referências”, avalia a professora Lara Santos, orientadora do trabalho.

A pesquisa, realizada com 344 pessoas entre 13 e 71 anos, mostra que há um padrão de desinformação ou carência de opinião formada, demonstrando uma importante lacuna que exige um trabalho de politização. Por isso, o nome do trabalho é: “Jovem, Politize-se!”. “Eu queria investigar se a minha impressão de que os jovens estão se distanciando da política é verdadeira e se ela se aplica a todos os jovens, além de pesquisar meios que permitam o engajamento deles na política e se eles próprios conhecem essas maneiras, que não incluem os meios ‘tradicionais’ de participação política”, conta a estudante.

O interesse pelo tema veio na escola. “Sempre que eram levantados temas sociopolíticos, atuais e da antiguidade, principalmente em aulas de História e Geografia, muitos dos meus colegas não tinham conhecimento sobre eles ou não demonstravam muito interesse sobre como aquilo poderia ter alguma importância para nossa sociedade atualmente”, explica. 

Ela percebe que muitos jovens acreditam que são impotentes, que sua participação, principalmente o voto, não tem influência alguma na realidade sociopolítica de um país, portanto, acabam se distanciando da política. “Muitos também acreditam que as regras/leis que foram feitas para conduzir e limitar as ações políticas foram e são tão manipuladas e ignoradas que eles não acreditam que haja uma forma de acabar com essas infrações. Entretanto, essas pessoas tendem a confundir política com agente político e, então, se distanciam. Muitos autores também mencionam que a corrupção cometida por esses agentes políticos, que é evidenciada com cada vez mais frequência nas mídias, é um dos principais fatores que causam esse distanciamento”, destaca Ariane.  

Outro resultado, e causa, desse desinteresse dos jovens pela política é a ignorância. “Se falarmos, por exemplo, da Reforma da Previdência aprovada recentemente no Congresso Nacional, quantos jovens sabem que essa reforma irá, principalmente, afetar eles próprios? Quantos têm um conhecimento básico sobre esse tema, que é de grande importância para suas vidas profissionais?”, questiona.  

“Essa ignorância resulta em decisões que não tiveram a participação daqueles que serão efetivamente afetados. Tanto que essa reforma foi decidida e aprovada num Congresso em que 1% dos parlamentares são jovens, portanto, quantos jovens estavam lá, decidindo o futuro deles mesmos? Essa ignorância permite que os jovens sejam regidos por leis e decisões que não foram formadas nem tomadas com a participação deles”, alerta a estudante. 

Segundo ela, a forma de se mudar esse cenário é uma só: a politização dos jovens. “Politização no sentido da formação de opinião, criação de senso crítico, entendimento de coletividade e cidadania, a qual deveria ter início desde quando um indivíduo é pequeno, para que entendam e tenham interesse pelos temas de importância para sua comunidade e para que formem e expressem sua opinião”, conclui. 

Em sua pesquisa, Ariane mostrou que não há grande diferença entre as opiniões dos jovens e dos adultos participantes. “O que mais mostrou, na verdade, foi o desconhecimento ou ausência de opinião, confirmando a sensação de afastamento entre o jovem e a política referida inicialmente”, conclui. 

As pesquisas foram as vencedoras da Mostra Brasileira de Inovação, Pesquisa Científica e Empreendedorismo – MOBIPE, do Colégio Positivo, que expõe experimentos científicos de diferentes áreas do conhecimento de estudantes de instituições de ensino público e particular de todo o Brasil. 

Febrace 

A Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) é um movimento nacional de estímulo ao jovem cientista, que anualmente realiza uma grande mostra de projetos na Universidade de São Paulo. A intenção é incentivar a criatividade e a reflexão em estudantes da Educação Básica por meio do desenvolvimento de projetos com fundamento científico, nas diferentes áreas das Ciências e Engenharia. A mostra neste ano será on-line, entre os dias 15 e 27 de março. (https://febrace.org.br/programacao/#.YEGKpWhKi1s). 

 

Sobre o Colégio Positivo

O Colégio Positivo compreende oito unidades na cidade de Curitiba, onde nasceu e desenvolveu o modelo de ensino levado a todo o país e ao exterior. O Colégio Positivo – Júnior, o Colégio Positivo – Jardim Ambiental, o Colégio Positivo – Ângelo Sampaio, o Colégio Positivo – Hauer, o Colégio Positivo – Internacional, o Colégio Positivo – Água Verde, o Colégio Positivo – Boa Vista e o Colégio Positivo – Batel atendem alunos da Educação Infantil ao Ensino Médio, sempre combinando tecnologia aplicada à Educação, material didático atualizado e professores qualificados, com o compromisso de formar cidadãos conscientes e solidários. Em 2016, o grupo chegou em Santa Catarina – onde hoje fica o Colégio Positivo – Joinville e o Colégio Positivo – Joinville Jr. Em 2017, foi incorporado ao grupo o Colégio Positivo – Santa Maria, em Londrina (PR). Em 2018, o Positivo chegou a Ponta Grossa (PR), onde hoje está o Colégio Positivo – Master. Em 2019, somaram-se ao Grupo duas unidades da escola Passo Certo, em Cascavel (PR), e o Colégio Semeador, em Foz do Iguaçu (PR). Com a aquisição do Colégio Vila Olímpia, em Florianópolis (SC), o Colégio Positivo passa a contar com 16 unidades de ensino, em sete cidades, no Sul do Brasil, que atendem, juntas, aproximadamente 15 mil alunos desde a Educação Infantil ao Ensino Pré-Vestibular.

 

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