No Paraná, 47% das mulheres que empreendem são chefes de domicílio, conforme o estudo Empreendedorismo Feminino no Brasil, divulgado pelo Sebrae e que mostra o Paraná como o quarto estado do Brasil com mais empresárias, totalizando 549,5 mil. No Brasil, o índice salta para 49% de um total de 8,6 milhões de mulheres à frente do próprio negócio.
A dupla jornada de empresária e chefe de domicílio é a realidade da terapeuta ponta-grossense Elisângela Napoli, que tem uma filha de 11 anos de idade. Há três anos, após uma perda que trouxe traumas para a família, Elisângela buscou ajuda médica e complementou o tratamento com terapia.
Com os resultados satisfatórios adquiridos com o tratamento, a empresária buscou capacitação na área. “Ao invés de eu renovar o pacote de sessões, resolvi fazer o curso e ter momentos para fortalecer o vínculo de amor com a minha filha”, conta. O negócio evoluiu para um trabalho voluntário e, após outros diversos cursos e facilitação internacional, virou fonte de renda para Elisângela.
“Precisava pagar as contas, os boletos estavam chegando. Profissionalizei meu negócio, investi em uma sala para receber os clientes e comecei a participar das rodadas de negócios promovidas pela associação comercial em parceria com o Sebrae/PR”, relembra. Hoje, a empresária tem agenda de segunda a sábado para atendimento aos clientes e, aos domingos, facilita classes de Barras de Access.
“Vivo do meu trabalho e acredito que a força vem Deus. É preciso ter coragem para ser empreendedora e mãe. Minha filha e meus clientes são minha inspiração para ser uma pessoa cada vez melhor”, comenta. Com o início da pandemia da Covid-19, o trabalho se intensificou diante dos casos de depressão, falta de ânimo, ansiedade, estresse em alto nível de crianças, idosos e adultos.
“Precisei me adequar para atender aos protocolos sanitários, mas meu fluxo de trabalho aumentou consideravelmente. Muitas pessoas estão olhando para si no momento de dificuldade. A dica é usar a frase: tudo vem a mim, com facilidade, alegria e glória”, indica.
Para a consultora do Sebrae/PR, Gabriela Cipriano, a mulher empreende, normalmente, movida pela necessidade de ter outra fonte de renda ou para adquirir independência financeira. “Com isso, a mulher tem a certeza de que empreendendo o crescimento econômico e profissional depende somente dela e não de decisões de terceiros. Ela, literalmente, retoma o controle da sua trajetória”, analisa.
Ter uma maior flexibilidade de horário, conseguir uma renda melhor e inspirar pessoas são alguns dos motivos apontados pelas empresárias para enfrentar a aventura de abrir um novo negócio, conforme a consultora.
“Mas os desafios a serem vencidos ainda são grandes. O primeiro é cultural, já que a mulher tem uma educação que não incentiva o risco e a posição de liderança. E o segundo é conjuntural. Pesquisas indicam que a mulher sofre mais impacto com a dupla jornada e precisam conciliar a vida profissional e familiar com o cuidado dos filhos”, aponta Gabriela.