O local foi totalmente adaptado para permitir a aplicação do procedimento em paciente com tumor de pâncreas
Nesta quinta-feira, 11 de março, o Dr. Arnaldo Urbano Ruiz, cirurgião oncológico especializado em doenças do peritônio, liderou um procedimento inédito no hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo. Trata-se da PIPAC, uma técnica para o tratamento da carcinomatose peritoneal, que envolve não apenas cirurgiões, anestesistas, oncologistas clínicos e equipe cirúrgica, mas todo o hospital, visto que a sala de cirurgia e o centro cirúrgico devem ser totalmente adaptados ao procedimento.
“A PIPAC é uma cirurgia minimamente invasiva, indicada para paliar a ascite carcinomatosa em casos selecionados, por meio da aplicação, por laparoscopia, de quimioterapia aerossolizada, ou seja, um spray de quimioterápicos que penetra mais profundamente nos tecidos”, explica o Dr. Arnaldo.
Na PIPAC, o spray potencializa os efeitos da quimioterapia, oferecendo baixa morbidade, recuperação rápida e possibilidade de procedimentos repetidos. A técnica é uma alternativa indicada apenas a alguns pacientes específicos que não têm indicação da cirurgia tradicional.
Muitos dos pacientes, que hoje recebem indicação de PIPAC, são aqueles que até pouco tempo atrás não teriam muitas opções de tratamento.
“Hoje, com a técnica de cirurgia citorredutora, quimioterapia intraperitoneal hipertérmica (HIPEC) e com o uso da PIPAC, temos visto uma mudança, com possibilidades de aumento de sobrevida, melhor qualidade de vida e até mesmo cura em alguns casos”, afirma o Dr. Arnaldo.
O procedimento na tarde desta quinta-feira durou cerca de uma hora e meia e envolveu uma equipe de 11 profissionais.
A técnica foi realizada pela primeira vez no país em dezembro de 2017, em Porto Alegre, e em São Paulo, pelo Dr. Arnaldo, em 2018.
O tratamento
A maioria dos pacientes que chega ao Centro de Carcinomatose Peritoneal tem uma doença avançada, muitas vezes impossibilitados de realizar a cirurgia citorredutora imediatamente. A PIPAC é uma alternativa para esses pacientes, desde que não tenham metástases à distância.
“Seja qual for o diagnóstico e a orientação para cada caso, o objetivo é sempre oferecer as técnicas mais avançadas disponíveis no país, e que sejam acessíveis ao maior número de pessoas”, explica Dr. Arnaldo.
Muitas vezes, algumas destas técnicas, como a PIPAC, são realizadas justamente para reduzir a doença e tornar o paciente elegível para cirurgia radical no futuro.
Preparo do centro cirúrgico
Antes da realização do procedimento, a sala de cirurgia precisa de algumas adaptações para garantir a segurança do paciente e de todos os profissionais envolvidos. São necessários pressão negativa, ventilação de fluxo de ar unidirecional e portas de vedação hermética.
É também importante garantir que a monitorização do paciente seja visível de fora da sala de cirurgia, de onde será controlado todo o procedimento.
Durante a preparação do agente quimioterápico e após a aplicação do aerossol, todos os profissionais participantes do processo devem usar aventais impermeáveis descartáveis, óculos fechados e respiradores com um filtro específico.
Após finalizado, todos os suprimentos localizados no campo cirúrgico são descartados, seguindo o procedimento de descarte rotineiro de materiais contaminados do hospital. Isso inclui campos cirúrgicos e aventais, que devem ser, preferencialmente, descartáveis. monica@mkcomunica.info