Por Matthias Schupp*
A máxima de que “errar é humano” é difundida na sociedade há muito tempo, mas aceitar o erro do próximo ainda não é uma realidade presente em todos os ambientes. Em casa ou entre amigos, o erro pode ser discutido e, a partir do diálogo e do tempo, solucionado. Mas, dentro de empresas, onde muitas vezes não há tempo, e menos ainda diálogo, o erro se torna motivo de repreensão, punição, vergonha e medo.
Com tantas visões negativas do erro dentro do ambiente corporativo, inovações, oportunidades, ideias e contribuições que os colaboradores poderiam trazer para alavancar os resultados se tornam pensamentos podados pelo medo de errar. E aí entra a importância de fomentar a segurança psicológica dentro dos negócios. De acordo com dados de uma pesquisa realizada pela Gallup, apenas 3 em cada 10 funcionários concordam que suas opiniões contam no trabalho. Ainda segundo a pesquisa, se esse número fosse de 6 em cada 10 funcionários, as organizações poderiam atingir uma redução de rotatividade em 25%, 40% de redução em incidentes do trabalho e 12% de aumento de produtividade.
Cuidar da saúde mental, emocional e psicológica do colaborador faz parte de uma série de iniciativas da empresa que auxiliam na produtividade e resultados da equipe. Modelos inovadores de gestão de pessoas conseguem ir além de um escritório inovador e são feitos também – e principalmente – com o relacionamento com os colaboradores, usando pilares como confiança, segurança, respeito e colaboração mútua.
Mas essa preocupação ainda é recente. O termo Segurança Psicológica ficou conhecido no mercado quando, em 2015, o Google realizou um estudo com mais de 180 equipes internas com o objetivo de entender os fatores de uma equipe de sucesso. Ao todo, foram mais de 250 atributos investigados com destaque para essa nova visão de cuidado interno.
E como trazer esse cenário para dentro da minha empresa? É simples. Basta mudar atitudes e comportamentos pequenos, que fazem parte do dia a dia do trabalho. O feedback, por exemplo, deve ser incentivado, já que é um presente para a empresa. É essencial saber o tom da conversa e não usar esse momento como uma oportunidade apenas para criticar, mas sim para mostrar uma responsabilidade mútua no comprometimento com o trabalho.
Além disso, o feedback deve acontecer nos dois sentidos: de gestor para colaborador e de colaborador para gestor. Fundamental então manter sempre canais abertos para que os colaboradores possam dar ideias e expressar opiniões, sem julgamentos. Esse tipo de ação nos torna mais fortes porque sabemos que nossas fraquezas podem nos definir, talvez mais que nossas forças. Em tempos de polarização e cancelamentos, abrir espaço para o diálogo dentro dos negócios pode ser a chave do sucesso que falta dentro da sua empresa.
*Matthias Schupp é CEO da Neodent e EVP do Grupo Straumann da América Latina