Além do número de casos ser pequeno em comparação à população já vacinada, relação entre a vacina de Oxford e fenômenos tromboembólicos não está comprovada, assim não havendo motivos para que os brasileiros deixem de se imunizar.
As campanhas de vacinação contra o Coronavírus já estão a todo vapor em diversos países ao redor do mundo, inclusive no Brasil. Mas, ainda assim, novas vacinas, e até mesmo aquelas que já foram aprovadas, continuam a ser pesquisadas para garantir sua segurança em grupos ainda não estudados e entender a ação dos imunizantes em diferentes organismos. Não é à toa que todos os dias novas publicações sobre os efeitos de diferentes vacinas são veiculadas. Por exemplo, na última quarta-feira (07/04), a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) publicou um relatório apontando acidentes vasculares, principalmente tromboses, como um possível efeito colateral da vacina de Oxford. A informação, é claro, pode causar certa preocupação, principalmente em quem já possui predisposição ao problema, mas, de acordo com a cirurgiã vascular Dra. Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, não existem motivos para que deixemos de tomar a vacina. “Antes de qualquer coisa, é importante ressaltar que, apesar da Vacina de Oxford estar sendo aplicada no Brasil, os brasileiros não devem parar de buscar a imunização, pois, em comparação ao número de pessoas já vacinadas especificamente com esse imunizante, os acidentes vasculares são raros”, destaca a especialista.
Segundo a médica, ao que tudo indica, os poucos casos relatados de acidentes vasculares devido à vacina da Oxford tratam-se de uma reação imunológica que provoca uma redução nos níveis plaquetários, favorecendo assim a formação de coágulos sanguíneos que podem prejudicar a circulação e causar entupimento das veias. Mas mais estudos ainda são necessários para comprovar essa hipótese. “E, ainda que comprovada a relação entre a Vacina e a formação de trombos, os benefícios da imunização contra o Coronavírus superam muito qualquer pequeno risco de reações adversas, afinal, a COVID-19 é uma doença de fácil transmissão e de alta fatalidade que, inclusive, está relacionada ao surgimento de trombose, visto que o agente patógeno causador da doença desencadeia um processo incomum de coagulação, favorecendo a formação de coágulos nas veias e, consequentemente, aumentando a incidência de quadros de trombose. Além disso, o Coronavírus também favorece o surgimento de trombose nos pequenos vasos, causando uma inflamação na parede das artérias e dos vasos”, afirma.
A Dra Aline Lamaita ainda ressalta que, na verdade, o risco de trombose quando estamos parados em casa, como nesse período de pandemia, é muito maior do que devido a aplicação da Vacina de Oxford. Isso porque o sedentarismo é um dos principais fatores de risco para o surgimento da doença, visto que pode dificultar a circulação sanguínea. “Estudos mostram, por exemplo, que o hábito de assistir muita televisão está associado ao surgimento de coágulos sanguíneos, pois permanecer longos períodos sentado pode diminuir o fluxo de sangue para as pernas e pés”, explica a médica.
Outros fatores como o tabagismo, a obesidade e histórico familiar também são agravantes pata o surgimento da doença. Felizmente, algumas medidas que visam melhorar a circulação podem ajudar na prevenção do quadro de trombose, principalmente no período de quarentena. “O recomendado então é que você pare de fumar, consuma bastante água, adote uma alimentação balanceada, realize exercícios físicos dentro de casa e evite passar muito tempo na mesma posição, levantando-se de hora em hora para se movimentar um pouco”, aconselha a cirurgiã vascular. “O uso de meias elásticas também pode ser indicado, já que comprimem os vasos sanguíneos, melhorando o retorno venoso e, consequentemente, prevenindo a trombose.”
Por fim, a médica afirma que, ao analisar dados clínicos, não existem vacinas ou tratamentos isentos de riscos e complicações. “Existem, inclusive, uma série de efeitos colaterais aceitáveis e já esperados para a grande maioria dos imunizantes e medicamentos. E, especificamente no caso da Vacina de Oxford, a quantidade de complicações apresentadas é mais baixa do que o esperado em uma população normal. Então, por hora, não há motivos para a descontinuação do uso do imunizante”, diz. “Mas é claro que, caso você sinta dor na perna, principalmente na panturrilha, associada a inchaço persistente, calor, sensibilidade e vermelhidão, o mais importante é que você consulte um cirurgião vascular. Apenas ele poderá acompanhar sua situação, realizar um diagnóstico correto e, se for o caso, indicar o melhor tratamento para você”, finaliza a Dra Aline Lamaita.
FONTE: *DRA. ALINE LAMAITA: Cirurgiã vascular, Dra. Aline Lamaita é membro da diretoria (comissão de marketing) da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV). Membro da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia, do American College of Phlebology, e do American College of Lifestyle Medicine, a médica é formada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (2000) e hoje dedica a maior parte do seu tempo à Flebologia (estudo das veias). Curso de Lifestyle Medicine pela Universidade de Harvard (2018). A médica possui título de especialista em Cirurgia Vascular pela Associação Médica Brasileira / Conselho Federal de Medicina. RQE 26557 http://www.alinelamaita.com.
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