Déficit da balança comercial do setor de Dispositivos Médicos fecha 2020 em 12,5% e consumo interno tem queda de 1,5%, mesmo com a pandemia

A crise sanitária do coronavírus provocou uma desorganização do setor, com elevação absurda de exportações e importações de EPIs, comprometimento da logística internacional e queda bastante acentuadas em produtos relacionados aos procedimentos eletivos

 

As importações de Dispositivos Médicos no ano passado foram 12,9% maiores do que em 2019, totalizando US$ 6,2 bilhões. Já as exportações somaram US$ 726 milhões, um crescimento de 16,4% na comparação com o ano anterior. Os dados estão no Boletim Econômico da Aliança Brasileira da Indústria Inovadora em Saúde (ABIIS). No primeiro ano da pandemia da Covid-19, a balança comercial do setor saúde ficou deficitária em US$ 5,5 bilhões, uma alta de 12,5%.

“A necessidade de liberação de leitos para o atendimento das vítimas da Covid-19 provocou uma desorganização da cadeia da saúde, com o cancelamento de cirurgias, procedimentos eletivos e exames. Também contribuíram para as distorções no setor a elevação inesperada do câmbio, que segue pressionado em 2021; e o impacto na logística internacional, drasticamente reduzida por um período e que ainda segue distante dos níveis pré-pandemia, o que elevou custos e principalmente desorganizou os cronogramas de importação e exportação”, analisa o diretor executivo da ABIIS, José Márcio Cerqueira Gomes. “Apesar disso, o mercado retraiu menos do que o esperado, 1,5%, porque algumas empresas exportaram produtos que tinham em estoque ou que fabricaram para atender às demandas de outros países, como os EPIs; equipamentos de laser; aparelhos completos e peças avulsas de raio-x; e itens de uso odontológico”, completou.

Em 2020, as importações dos ‘equipamentos de proteção individual’ cresceram 1250% e as exportações tiveram alta de 1810,5%. “Vale observar que as exportações de EPIs bateram recordes em janeiro e fevereiro do ano passado, antes da pandemia; depois houve escassez desse material no mercado interno, restrição das exportações e uma força tarefa para compra internacional”, ressalta Gomes. ‘Reagentes para diagnóstico in-vitro’ também lideram a lista dos mais importados (29% de alta) e exportados (78,5%); seguidos de ‘demais equipamentos para uso hospitalar’, com 30,5% de alta nas importações e 9,8% nas exportações. Dispositivos médicos cardiovasculares e oftalmológicos foram os menos comercializados, com redução de 46% e 40% nas importações, respectivamente, e de 32,7% e 41,2% nas exportações.

A China foi o principal fornecedor de DMs para o Brasil, com 23% das importações. Estados Unidos (16,9%) e Alemanha (13,7%) vêm em seguida. As compras brasileiras provenientes dos EUA se concentraram em dispositivos médicos implantáveis e as da Alemanha em reagentes para diagnóstico in vitro, no mesmo ano. Já as exportações brasileiras tem como destino principalmente os Estados Unidos (25,6%) e a Argentina (8%). Os norte-americanos são os principais parceiros do Brasil na exportação de reagentes para diagnóstico in vitro, com 32% do total.

O consumo aparente – produção nacional somada ao total das importações do período, descontadas as exportações – de produtos para a saúde caiu 1,5% no Brasil, em 2020. A produção doméstica teve queda de 22,2%, com baixa de 25,9% nos procedimentos e cirurgias eletivas e redução de 21,2% no número de exames diagnósticos.

O Boletim Econômico ABIIS é desenvolvido pela Websetorial Consultoria Econômica. O estudo completo está em https://abiis.org.br/dados-economicos/

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