Criada pela Organização Mundial da Saúde, campanha tem como objetivo alertar a população sobre os riscos do tabagismo para a saúde, que é a principal causa de morte evitável em todo o mundo.
31 de maio marca o Dia Mundial Sem Tabaco, data criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para aumentar a conscientização acerca das doenças e mortes evitáveis associadas ao tabagismo, que, ao contrário do que muitos pensam, não estão relacionadas apenas ao pulmão. Na verdade, o cigarro causa danos em todo o organismo, sendo um fator de risco importante para o surgimento de infertilidade, queda capilar, problemas circulatórios e até mesmo para o envelhecimento precoce da pele, além de ser a principal causa de morte evitável em todo o mundo. Não acredita? Reunimos um time de especialistas de diversas áreas para apontar algumas das consequências do cigarro para a saúde. Confira:
Fumar envelhece: O tabagismo é um dos principais fatores envolvidos no envelhecimento da pele, favorecendo o surgimento de flacidez, rugas e manchas. “Estudos apontam que o risco de rugas moderadas a graves em fumantes ao longo da vida é mais de duas vezes maior do que em fumantes que haviam fumado por menos tempo”, afirma a Dra. Roberta Padovan, médica pós-graduada em Dermatologia e Medicina Estética. Isso ocorre porque o cigarro contém substâncias tóxicas que causam a vasoconstrição periférica por um período de dez minutos, o que diminui o fluxo sanguíneo para o tecido cutâneo e cabelos. “Como resultado, podemos notar uma perda de viço e luminosidade da pele, além do amarelamento do tecido e a diminuição da firmeza por conta da oxigenação e nutrição reduzidas”, afirma a Dra. Letícia Bortolini, dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Fumar causa queda capilar: Assim como afeta a pele, o cigarro também pode prejudicar o couro cabeludo e, consequentemente, os fios. “Para manter-se saudável e crescer adequadamente, o couro cabeludo precisa de oxigenação e nutrição, que são prejudicadas devido à vasoconstrição provocada pelo cigarro. Além disso, as substâncias tóxicas contidas no produto chegam ao couro cabeludo pela corrente sanguínea, gerando um quadro inflamatório que torna a região mais suscetível a sofrer com problemas como psoríase, dermatite seborreica, irritação, afinamento e quebra dos fios e até mesmo queda capilar”, alerta o Dr. Daniel Cassiano, dermatologista da Clínica GRU Saúde e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Fumar aumenta risco de complicações em procedimentos: O cigarro também é prejudicial para aqueles que se submeteram ou ainda vão passar por procedimentos estéticos e cirurgias. “O cigarro é irritante à mucosa respiratória, o que causa acúmulo de secreção, podendo complicar a anestesia. Além disso, a tosse pode atrapalhar a recuperação de algumas cirurgias como abdômen e face”, explica a cirurgiã plástica Dra. Beatriz Lassance, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Isaps (International Society of Aesthetic Plastic Surgery). Existe também uma maior incidência de complicações cirúrgicas em pacientes tabagistas devido à vasoconstrição causada pelo cigarro, incluindo trombose pulmonar, infecção, hematoma, necrose de tecidos e problemas com qualidade de cicatriz. “Alguns estudos apontam um aumento de até quatro vezes o número de complicações e intercorrências em decorrência do tabagismo, tanto no aparelho respiratório como risco de necroses e dificuldade de cicatrização da área operada”, observa.
Fumar causa infertilidade: O cigarro é um dos principais causadores da infertilidade, pois os componentes tóxicos presentes no produto, como a nicotina e o alcatrão, pioram severamente a qualidade reprodutiva. “Nas mulheres, o tabagismo é capaz de favorecer a deterioração dos óvulos, envelhecendo-os em até dez anos e acelerando o início da menopausa, o que é especialmente prejudicial hoje em dia, quando as mulheres estão querendo engravidar cada vez mais velhas. Já nos homens o hábito de fumar diminui a quantidade de espermatozoides e fragmenta o DNA do esperma, reduzindo assim a capacidade de fecundação, além de também contribuir para a perda do apetite sexual e a disfunção erétil”, afirma o Dr Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da Clínica Mater Prime, em São Paulo.
Fumar afeta a saúde íntima: O tabagismo promove o aparecimento de infeções vaginais. “O tabaco diminui o número de lactobacilos, que são bactérias de defesa presentes no organismo e são fundamentais para a flora vaginal, para manter o pH normal da vagina. Se não tivermos lactobacilos, há uma chance maior de infeções. A paciente pode começar a ter um corrimento, às vezes até com cheiro, um odor característico, porque há um desvio da flora e isso é considerado uma infeção, uma vaginose”, explica a Dra. Eloisa Pinho, ginecologista e obstetra da Clínica GRU. Há ainda um outro problema, com relação à lubrificação íntima: “Além do muco normal de uma vagina saudável, também a lubrificação que facilita as relações sexuais pode ficar comprometida. A própria nicotina faz vasoconstrição, ou seja, a diminuição do fluxo sanguíneo presente em qualquer órgão. Essa mesma vasoconstrição vai diminuir a produção de secreção por parte das glândulas aí existentes, originando secura vaginal e diminuição de lubrificação. Deste modo, a saúde vaginal torna-se mais vulnerável e as relações sexuais podem ser dolorosas”, diz a ginecologista.
Fumar causa problemas circulatórios: A circulação é uma das estruturas que mais sofre com o tabagismo. “Normalmente relacionado ao aumento da probabilidade de desenvolver infarto, o cigarro pode causar problemas circulatórios como arteriosclerose e tromboangeite obliterante, distúrbio que afeta as extremidades do corpo. Em ambos os casos, há riscos de ter de amputar os membros, como pernas, pés e mãos”, explica a cirurgiã vascular Dra. Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular. Além disso, a nicotina está ligada à diminuição da espessura dos vasos sanguíneos e o monóxido de carbono reduz a concentração de oxigênio no sangue. “Todo esse processo pode causar complicações para o normal funcionamento dos vasos, que ficam mais susceptíveis ao entupimento, podendo levar a processos de trombose, principalmente quando há fatores de risco envolvidos.”
Fumar prejudica a nutrição do organismo: O hábito de fumar é capaz de influenciar nos aspectos nutricionais do organismo. “Por atuar no sistema nervoso central, o cigarro causa uma diminuição do apetite, pois afeta a atividade de neurotransmissores que são responsáveis pelo controle da fome, além de alterar o paladar e o olfato, reduzindo o gosto e o aroma dos alimentos”, diz a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). “Além disso, o cigarro promove um efeito termogênico, acelerando o metabolismo, o que leva ao emagrecimento e reduz a oxigenação dos tecidos do organismo, que causa envelhecimento precoce e acelerado”, finaliza.
FONTES:
*DRA. MARCELLA GARCEZ: Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo.
*DR. RODRIGO ROSA: Ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo. Membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), o médico é graduado pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Especialista em reprodução humana, o médico é colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana.
*DRA. BEATRIZ LASSANCE: Cirurgiã Plástica formada na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e residência em cirurgia plástica na Faculdade de Medicina do ABC. Trabalhou no Onze Lieve Vrouwe Gusthuis – Amsterdam -NL e é Membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, da ISAPS (International Society of Aesthetic Plastic Surgery) e da American Society of Plastic Surgery. Além disso, é membro do American College of LifeStyle Medicine e do Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida.
*DRA. ALINE LAMAITA: Cirurgiã vascular, Dra. Aline Lamaita é membro da diretoria (comissão de marketing) da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV). Membro da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia, do American College of Phlebology, e do American College of Lifestyle Medicine, a médica é formada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (2000) e hoje dedica a maior parte do seu tempo à Flebologia (estudo das veias). Curso de Lifestyle Medicine pela Universidade de Harvard (2018). A médica possui título de especialista em Cirurgia Vascular pela Associação Médica Brasileira / Conselho Federal de Medicina. RQE 26557 http://www.alinelamaita.com.
*DRA. ELOISA PINHO: Ginecologista e obstetra, Pós-graduada em ultrassonografia ginecológica e obstétrica pela CETRUS. Parte do corpo clínico da clínica GRU Saúde, a médica é formada pela Universidade de Ribeirão Preto, realiza atendimentos ambulatoriais e procedimentos nos hospitais Cruz Azul e São Cristovão, além de também fazer parte do corpo clínico dos hospitais São Luiz, Pró Matre, Santa Joana e Santa Maria.
*DR. DANIEL CASSIANO: Dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica. Cofundador da clínica GRU Saúde, o Dr. Daniel Cassiano é formado pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e Doutorando em medicina translacional também pela UNIFESP. Professor de Dermatologia do curso de medicina da Universidade São Camilo, o Dr. Daniel possui amplo conhecimento científico, atuando nas áreas de dermatologia clínica, cirúrgica e cosmiátrica.
*DRA. LETÍCIA BORTOLINI: Dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica. À frente da clínica Enlapy, em Cuiabá, a médica é formada em Medicina pela Universidade de Cuiabá, com especialização em Dermatologia pela Fundação Souza Marques (São Paulo/SP) e em Clínica Médica pelo Hospital Guilherme Álvaro (Santos/SP).
*DRA. ROBERTA PADOVAN: Médica Pós-graduada em Dermatologia. Graduada em Medicina pela Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE) e especialista em Medicina Estética e Dermatologia pela INCISA. Com participação regular em congressos, jornadas e cursos nacionais e internacionais, a médica é proprietária de duas clínicas, no no Maranhão e em São Paulo, com diversos tratamentos para saúde e beleza da pele. Além disso, atuou como médica residente no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. www.robertapadovan.com.br