Além de mães, profissionais e donas de casa, elas precisaram se tornar professoras e aprenderem, junto com os filhos, uma nova forma de encararem os desafios
O ano de 2020 foi cheio de desafios para as famílias e crianças com idade escolar. No início da pandemia, onde todos os alunos precisaram ir para casa às pressas e se adaptar em um novo modelo de ensino, muitos pais ficaram aflitos por não conseguirem conciliar, logo de início, tantas atividades e responsabilidades. Pai e mãe passaram a trabalhar remotamente, os filhos conectados nas aulas online, comida para fazer e casa para cuidar. Em muitos casos, essa rotina exaustante dentro de casa recaiu mais sobre as mães, que também ficaram responsáveis por acompanhar as crianças no homescholling.
A empresária Cibele Michelon e mãe do Matteo, é dona de um restaurante e optou por manter o filho ensino remoto ainda neste ano. Ela conta que no início foi muito difícil aceitar os novos desafios e acalmar as cobranças. “Aqui em casa estabelecemos uma rotina de estudos na parte da manhã para fazer as lições e revisões para provas e, no período da tarde, meu filho assiste às aulas. Eu sempre estou por perto acompanhando se ele cópia, se participa, se abre o material, se presta atenção. Eu consegui me adaptar, mas tenho plena consciência da dificuldade de outras famílias que precisam sair para trabalhar fora”, compreende.
Mãe e profissional
Na profissão de educadora e mãe ao mesmo tempo, a professora do Colégio Stella Maris, Sandra Kamarovski, precisou organizar ainda mais a sua rotina para conciliar o trabalho e o acompanhamento das aulas com a sua filha. “Tive que aprender a dar aula online para crianças pequenas, já que sou professora do Pré II. É muito difícil manter a concentração dos alunos no presencial, imagina então pelo computador. Como mãe, precisei lidar com o medo de minha filha se contaminar e, até mesmo, se sentir deprimida em ficar isolada de tudo”.
A atenção e dedicação das mães com as aulas online nesse período de isolamento social foram fundamentais para que o processo de aprendizagem se tornasse mais significativo para os alunos. Para Tayana Heinzen, nutricionista e mãe dos alunos Davi e Luana, foi realmente um grande desafio “dar conta de tudo”. “Eu tenho uma relação muito próxima com os meus filhos, e nesse período de ensino remoto, eu pude observar com muito carinho e atenção as dificuldades e as qualidades de cada um. Mas tivemos a ajuda da professora que, mesmo online, nos orientou com a alfabetização e o desenvolvimento das crianças”, conta.
Desenvolvimento dos alunos melhorou
Para a grande maioria das famílias, o período de isolamento também aproximou mais as crianças dos pais. De acordo com a professora do Colégio Stella Maris, Beatriz de Vasconcelos, o ensino remoto fez com que os pais estivessem mais presentes na educação dos filhos, prestando mais atenção às necessidades e dificuldades. “A participação da família é sempre muito bem-vinda no processo de aprendizagem, não somente na parte cognitiva mas também no lado efetivo. Podemos perceber a diferença dos alunos que tiveram acompanhamento durante as aulas. E para uma mãe ver seu filho com uma dificuldade e conseguir chegar ao objetivo alçando, não tem preço”, relata a educadora do ensino fundamental.