Cirurgião plástico explica que aceleração do envelhecimento após cirurgia que visa a retirada das bolsas de gordura localizadas nas bochechas está relacionada à indicação incorreta do procedimento.
Indicada para reduzir o volume da parte inferior do rosto, a bichectomia é uma cirurgia plástica cada vez mais procurada por pacientes que querem retirar a gordura das bochechas para conquistar um contorno facial mais definido. Foi o caso da influencer Jéssica Frozza, que, nos últimos dias, contou em suas redes sociais sua experiência com o procedimento, alertando que, após cerca de um ano, passou a apresentar grande flacidez facial devido a retirada das bolas de Bichat, duas bolsas de gordura presentes em cada um dos lados da boca, entre o maxilar e a mandíbula. Mas é importante ressaltar que a causa da flacidez não está na realização do procedimento propriamente dito. Na verdade, de acordo com o Dr. Paolo Rubez, cirurgião plástico e membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, o envelhecimento precoce e a flacidez facial devido à bichectomia são causados pela indicação incorreta da cirurgia.
Segundo o médico, isso ocorre porque a bola de Bichat, que é retirada parcial ou totalmente durante a bichectomia, é um componente de grande importância para a manutenção da estrutura facial. “O rosto é formado por diversos compartimentos de gordura, como as bolas de Bichat, que são responsáveis por manter a sustentação da pele e dos músculos. Conforme envelhecemos, estes compartimentos de gordura, assim como os ossos, são reabsorvidos, o que faz com que os tecidos do rosto percam sustentação com consequente surgimento de flacidez e acentuação do envelhecimento da face”, afirma o cirurgião. “Logo, se esses compartimentos importantes são retirados propositalmente há uma aceleração do processo de envelhecimento, pois ocorrerá a diminuição da sustentação da pele, levando ao aparecimento precoce de flacidez”, alerta. Ou seja, ainda que a cirurgia seja bem-sucedida, existe a chance da retirada da bola de Bichat causar alterações na anatomia da face, o que pode gerar certo desconforto estético nos pacientes após um tempo, como foi o caso da influencer Jéssica Frozza, que inclusive afirmou ter pesquisado pouco sobre o procedimento antes de realizá-lo.
Felizmente, o problema pode ser facilmente evitado através de uma conversa franca com seu cirurgião plástico antes da realização do procedimento, já que apenas ele poderá realizar uma avaliação da anatomia do seu rosto para dizer se a bichectomia é realmente o procedimento mais indicado em seu caso. “Geralmente, a bichectomia é indicada quando o paciente apresenta lesões devido a mordidas na parte interna das bochechas. Porém, a cirurgia é realmente mais realizada com fins estéticos, o que não é um problema, desde que seja indicada corretamente e o cirurgião retire apenas o excesso de gordura na região, de modo que o rosto não adquira um aspecto esquelético”, destaca o especialista.
É claro que, caso ocorra a retirada excessiva das bolas de Bichat com consequente envelhecimento precoce da pele, o paciente poderá recorrer a outros procedimentos que visam a recuperação da pele envelhecida, como preenchimento com ácido hialurônico, bioestimuladores de colágeno, enxerto de gordura e fios de sustentação. “Porém, nada disso será necessário se, como citado, você discutir com o seu médico as opções disponíveis para tratar as alterações estéticas que te incomodam, pois o grande problema com relação à bichectomia, assim como qualquer outra cirurgia, é a indicação indiscriminada”, finaliza o Dr. Paolo Rubez.
FONTE: PAOLO RUBEZ – Cirurgião plástico, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica (ASPS) e da International Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS), Dr. Paolo Rubez é Mestre em Cirurgia Plástica pela Escola Paulista de Medicina da UNIFESP. O médico é especialista em Cirurgia de Enxaqueca pela Case Western University, com o Dr Bahman Guyuron (em Cleveland – EUA) e em Rinoplastia Estética e Reparadora, pela mesma Universidade e pela Escola Paulista de Medicina/UNIFESP. http://