Uma nova pesquisa publicada recentemente no periódico Experimental Physiology destaca os possíveis impactos do Covid-19 na saúde a longo prazo em adultos jovens relativamente saudáveis que não foram hospitalizados e que apresentavam apenas pequenos sintomas devido ao vírus.
Uma nova pesquisa publicada no final de abril no periódico Experimental Physiology destaca os possíveis impactos de longo prazo da doença Covid-19 na saúde de adultos jovens relativamente saudáveis que não foram hospitalizados e que apresentavam apenas pequenos sintomas devido ao vírus. “O aumento da rigidez das artérias, em particular, foi encontrado nesses jovens. Isso pode afetar a saúde cardíaca e também pode ser importante para outras populações que experimentaram casos graves do vírus. O estudo destaca que esses adultos jovens e saudáveis podem ter risco aumentado de complicações cardiovasculares, que podem continuar por algum tempo após a infecção por Covid-19”, explica o Dr. Juliano Burckhardt, médico cardiologista, membro Titular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e da American Heart Association. “Essa pesquisa assinala a importância de que jovens, após o tratamento e a cura dos sintomas, procurem um médico cardiologista, melhorem hábitos de vida, incluindo dieta e prática de atividade física, com o objetivo de diminuir os riscos cardiovasculares”, acrescenta o médico.
A equipe de pesquisadores descobriu que o vírus pode ter efeitos prejudiciais para as artérias de todo o corpo, incluindo a artéria carótida que fornece sangue ao cérebro. Segundo o cardiologista, embora o SARS-CoV-2, o vírus conhecido por causar a pandemia Covid-19, seja caracterizado principalmente por sintomas respiratórios, vários estudos já demonstraram que, pelo forte componente inflamatório da doença, podem ocorrer alterações na função dos vasos sanguíneos entre adultos jovens, principalmente de três a quatro semanas após serem infectados com o vírus. “Isso também foi observado em adultos mais velhos, meses após a infecção”, diz o médico.
Existem outras doenças, infecções bacterianas e virais agudas que alteram a rigidez arterial, como febre reumática, doença de Kawasaki, pneumonia, H. Pylori e lúpus, todos os quais podem persistir por muito tempo após a resolução dos sintomas. Os pesquisadores testaram adultos jovens três ou quatro semanas após serem infectados com SARS-CoV-2. Eles usaram um ultrassom na artéria carótida e fizeram gravações dessa imagem.
Essas gravações foram analisadas em um software de computador para encontrar medidas de rigidez carotídea. Para o grupo de controle, eles usaram dados de adultos jovens saudáveis que foram estudados antes da pandemia de Covid-19. “No que diz respeito às limitações deste estudo, os pesquisadores não sabem se o grupo SARS-CoV-2 teve algum decréscimo inato na rigidez arterial antes de contrair o vírus. Eles também não controlaram o ciclo menstrual ou as variações no uso de anticoncepcionais em nenhum dos grupos. No entanto, pesquisas anteriores indicaram que o uso de anticoncepcionais e as flutuações do ciclo menstrual entre mulheres jovens e saudáveis podem não influenciar as medidas de resultado que estavam estudando”, diz o médico.
Os pesquisadores seguem acompanhando esses adultos jovens por seis meses após a infecção inicial com SARS-CoV-2 para observar se e quando a saúde arterial desses indivíduos está melhorando. “Os resultados do estudo são interessantes, visto que a sintomatologia pode melhorar, mas sua saúde arterial pode não estar se recuperando tão rapidamente, o que pode ser significativo para a saúde do coração”, diz o cardiologista.
Outras investigações devem ter como objetivo estudar uma população de pacientes mais diversificada ao longo do tempo, especialmente adultos mais velhos que são mais suscetíveis ao vírus e que podem ter condições subjacentes, como doenças cardíacas, diabetes e hipertensão. “Essas descobertas sugerem um impacto potencial de longo prazo do Covid-19 em adultos jovens relativamente saudáveis que podem pensar que o vírus não os está afetando”, finaliza o médico.
FONTE:
*DR. JULIANO BURCKHARDT: Médico Nutrólogo e Cardiologista, membro Titular da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) e da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). É membro da American Heart Association e da International Colleges for Advancement of Nutrology. Mestrando pela Universidade Católica Portuguesa, em Portugal, atuou e atua como docente e palestrante nas suas especialidades na graduação e pós-graduação. O médico tem certificação Internacional pela Harvard Medical School, para tratamento da Obesidade. É diretor médico do V’naia Institute.
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