Oftalmologista ensina como instilar o colírio para não afetar a saúde do bebê e da gestante
A proximidade do dia das mães comemorado no próximo domingo (9) traz um alerta às gestantes do oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier. “Colírio não é uma aguinha refrescante. O uso incorreto durante a gravidez pode causar graves problemas ao desenvolvimento do bebê. Dependendo da fórmula pode até provocar contrações uterinas e levar à interrupção da gestação”, afirma
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde) 3% dos defeitos congênitos são causados pelo uso de medicamentos ou drogas durante a gravidez. “Até as gotinhas de colírio, aparentemente inofensivas, podem afetar o bebê”, afirma Queiroz Neto. Isso porque, em mulheres grávidas a elevação dos hormônios sexuais altera o metabolismo hepático dos medicamentos que ficam mais concentrado na corrente sanguínea. O problema, afirma, é que o brasileiro não vê colírio como remédio”, comenta
O oftalmologista ressalta que a gestante deve tomar o dobro de cuidado ao usar colírio. Isso porque, segundo a agência FDA (Food and Drugs Administration) que regulamenta medicamentos nos EUA, nenhum tipo de colírio pode ser considerado sem risco para grávidas porque não são feitos testes com gestantes antes dos lançamentos. “Para evitar que as substâncias entrem na corrente sanguínea da mãe e afetem o bebê a dica é ocluir o canto interno do olho com o polegar sempre que precisar usar colírio”, ensina.
Glaucoma
O médico alerta que o tratamento do glaucoma não pode ser interrompido. O problema, comenta, é que no Brasil os colírios mais usados para controlar a doença são os análogos de prostaglandina. “Estudos mostram que este tipo de colírio pode induzir à contração da musculatura uterina e levar à interrupção prematura da gestação”, afirma. Já os betabloqueadores, destaca, podem alterar a frequência cardíaca do feto. Dos medicamentos para glaucoma o mais seguro é o tartarato de brimonidina que não revelou alterações em fetos de ratos segundo relatório do FDA, mas nem todos os casos da doença atingem bom controle da pressão intraocular só com este colírio”, salienta.
Plugue
O oftalmologista afirma que se a mãe tiver dificuldade de ocluir o canto interno do olho para garantir o tratamento sem afetar o feto, é indicado o implante no canto do olho de um plugue de colágeno que mantém o colírio circulando só no olho, além de evitar a contaminação e descontinuidade do tratamento. O material é compatível com as estruturas internas do olho. Biodegradável, dissolve e é absorvido sem causar efeitos colaterais.
Olho vermelho
Queiroz Neto destaca que o uso de colírio vasoconstritor para deixar os olhos branquinhos reduz a troca de oxigênio e nutrientes entre a mãe e o feto através da placenta. Na gravidez, explica, os olhos ficam vermelhos porque o aumento da produção do estrogênio provoca a síndrome do olho seco. Para resolver o problema é melhor consultar um especialista que checa a gravidade de problema e a terapia mais adequada. Quando o colírio vasoconstritor cai na corrente sanguínea também contrai os vasos da placenta e a nutrição do feto fica comprometida, explica. Embora esta privação não seja suficiente para que o bebê nasça com alguma deformidade, pode refletir na saúde em algum momento da vida.
Para a futura mãe, ressalta, o uso indiscriminado desse tipo de colírio predispõe à catarata precoce, alterações cardíacas e elevação da pressão arterial.
Prevenção
Queiroz Neto afirma que qualquer colírio usado na gravidez pode afetar a saúde do bebê, inclusive os antibióticos e anti-inflamatório usados no combate à conjuntivite que interferem na imunidade do feto. Por isso, a recomendação do médico é lavar as mãos com frequência, evitar aglomerações, compartilhamento de maquiagem, fronhas e computadores para prevenir a contaminação dos olhos por bactéria ou vírus, especialmente enquanto estivermos vivendo esta pandemia de coronavírus. eutropia@ldccomunicacao.com.br