Os alimentos e demais itens produzidos sem agrotóxicos, que são comercializados nos 14 estabelecimentos, trouxeram inovação e mudanças ao centro de compras e aos curitibanos
O setor de Orgânicos do Mercado Municipal de Curitiba é uma das joias do centro de compras ícone da capital paranaense há 12 anos. Pioneiro, ele reúne 14 estabelecimentos que comercializam hortifrúti, carnes, leite, roupas e até cosméticos sem o uso de agrotóxicos. Eles se destacam pela sustentabilidade, rastreabilidade e segurança, como os precursores Restaurante Ohana, o primeiro 100% orgânico do Brasil; o Açougue Taurino´s, o primeiro 100% orgânico da América Latina; e a Cativa Natureza, primeira rede de cosméticos orgânicos; assim como os alimentos direto do produtor da Banca Cecon e da Banca do Kobe.
Nesta Semana Nacional dos Orgânicos, criada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e celebrada de 25 a 31 de maio em todo país, o Mercado Municipal mostra quem está por trás da história de inovação. Do outro lado do balcão, há muitas famílias e histórias inspiradoras.
O cultivo e comercialização de produtos orgânicos são incentivos à redução dos impactos ambientais e uma vida mais saudável para as pessoas e o meio ambiente. Foi com esse pensamento que a comerciante Eliane Cecon, de 50 anos, mudou o estilo de vida da família e decidiu abandonar a forma de plantio convencional para apostar no segmento dos orgânicos, que cresce a uma média de 20% ao ano e registrou um aumento de 30% nas vendas no país em 2020, de acordo com o Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável (Organis), com um volume de R$ 5,8 bilhões nas vendas.
Eliane comercializa frutas, verduras e legumes orgânicos na Banca Cecon há 15 anos. A filha de agricultores, “criada” dentro do Mercado Municipal, passou a produzir os orgânicos em 2003, após cumprir todas as exigências de renovação do solo para o correto cultivo dos alimentos. “Tivemos que comprar terrenos virgens e o que tínhamos, deixamos descansar com cobertura verde até dar o ciclo da carência, sem nenhum resíduo de adubação química”, conta Eliane, sobre o processo que demorou quatro anos. A produção de cerca de 50 variedades acontece em Colombo, na região metropolitana de Curitiba. A área produtiva é de 10 hectares, sendo outros 3 hectares reserva de mata, cumprindo as regras para plantio neste segmento.
Ela inaugurou a Banca Cecon em 2006. Durante três anos, até a inauguração do setor, cumpriu o desafio de convencer a clientela sobre a importância e qualidade dos seus produtos. “No início foi bem complicado, porque o orgânico diante do convencional tem um aspecto diferente. Qualidade sempre teve, mas a aparência muda. É um pouco menor e menos glamouroso, dependendo da época. Não tem como ir contra a natureza”, justifica.
Com paciência, Eliane ganhou a confiança do público e conseguiu cativar cada vez mais, explicando detalhadamente cada processo. “Começaram a experimentar e perceberam que o sabor era diferente.” Foi então que, após pesquisas com os clientes de Eliane, o Mercado entendeu a necessidade e o interesse por um setor voltado aos orgânicos.
Desde então, a comerciante percebe uma grande conscientização e procura dos curitibanos pelos orgânicos. “O cliente tem uma consciência que não está cuidando somente saúde dele, mas do planeta, para que futuras gerações tenham qualidade de vida. E também que está incentivando o pequeno agricultor, que demanda muita mão de obra e depende da família para trabalhar”, revela Eliane.
Cosméticos com alma
Hoje a produção da família Cecon atende também a parceiros, como outras bancas, restaurantes e lanchonetes. Uma delas é a marca de cosméticos Cativa Natureza, comandada pela empresária Rose Bezecry. Da plantação de girassol sai a substância usada para a produção das essências naturais. Como uma “filha” do setor de orgânicos do Mercado Municipal – pois a Cativa Natureza nasceu lá – é a primeira rede de lojas do Brasil especializada na venda de cosméticos com insumos orgânicos rastreados.
A marca criada pela manauara e socióloga Rose iniciou com a revenda de produtos internacionais, porque não havia no Brasil. Segundo a empresária, em três meses começaram as parcerias com os produtores e, em seis, a produção da linha própria. Os primeiros produtos foram 12 óleos essenciais. Depois vieram os sabonetes, xampus, argilas e outros. Hoje são 126 variedades no portfólio, que estão em pontos de vendas em todo o Brasil e no exterior, em países como Portugal, Espanha, Itália e EUA). Em breve, será inaugurado um e-commerce em Portugal.
Rose abandonou a carreira no funcionalismo público para empreender no segmento dos orgânicos com o objetivo de inovar e conta que foi a melhor escolha. Ela sempre apostou na vocação de crescimento deste segmento de mercado, que beneficia toda a cadeia produtiva. “A plantação sem agrotóxico não é o único viés do orgânico, mas as parcerias, o comércio justo e a sustentabilidade. Tem todo um trabalho, inclusive social, por trás de todo esse conceito. A certificação em si faz com que entremos neste viés, por todas as exigências de seu escopo”, afirma.
A inspiração para trabalhar com os orgânicos começou quando trabalhava junto a populações ribeirinhas, na década de 1980, que produziam para importantes marcas. Ela se especializou em cosmetologia, aromaterapia e massoterapia e adotou Curitiba após, durante uma visita, se deparar com o edital de licitação para o setor de orgânicos do Mercado Municipal, inaugurado dois anos depois.
A produção da Cativa Natureza acontece em Campo Magro, onde são produzidos pelo menos 200 mil unidades dos produtos ao mês. Mais de 3 mil clientes passam pela loja da marca no setor de orgânicos do Mercado Municipal. Em 2020 a loja teve crescimento de 35% e a indústria 52%. “Tenho muita atenção, carinho e valorizo muito toda a história do Mercado Municipal. É muito gratificante estar nele e a Cativa ter nascido aqui.”
Aproximação com o consumidor
O setor de orgânicos foi inaugurado em 12 de fevereiro de 2009. Para o presidente da Associação dos Comerciantes Estabelecidos no Mercado Municipal de Curitiba (Ascesme), Cleverson Augusto Schilipacke, a área agregou muito valor ao Mercado e a toda Curitiba. “É o primeiro mercado municipal do país a ter um setor de orgânicos. É de fundamental importância o curitibano poder nos visitar e ter um espaço inteiro que oferece produtos orgânicos, com uma vasta opção para escolha”, avalia.
Segundo Schilipacke, as próprias lojas também evoluíram muito, em virtude da popularidade do Mercado Municipal de Curitiba. “Eles ganharam uma aproximação maior com seus consumidores, entendendo suas necessidades. Com isso, o setor de orgânicos como um todo cresceu a partir daí.” Com o objetivo de celebrar e difundir os benefícios nutricionais, ambientais e sociais destes alimentos e produtos, o Mercado Municipal promove a sua Semana dos Orgânicos, de 25 a 30 de maio.
Várias informações e perfis de quem faz o setor de orgânicos do Mercado Municipal poderão ser conferidos a partir do dia 24 de maio no perfil @mercadomunicipaldecuritiba, no Instagram.
Mercado Municipal de Curitiba
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