Em cerca de 20% dos pacientes avaliados foi detectada presença do vírus no biofilme, trazendo risco de desenvolver a doença
De acordo com uma pesquisa realizada por profissionais da Residência em Periodontia no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), o biofilme – placas de bactérias que se acumulam sobre os dentes – pode ser um reservatório de SARS-CoV-2, vírus que causa a Covid-19. Segundo o estudo, o coronavírus foi encontrado em cerca de 20% dos pacientes estudados, o que prova a relevância de considerar a saúde bucal como forma de prevenção da Covid-19.
Para o dentista e especialista em Saúde Coletiva na Neodent, João Piscinini, o estudo reforça a ligação da saúde bucal com a saúde sistêmica. “Já é mais do que comprovado que o cuidado com a boca está diretamente relacionado com o bem-estar do corpo todo, além de estar ligado com diversas outras doenças e sintomas. Mas, com a chegada da Covid-19, veio o alerta, mais uma vez, de que a boca é a porta de entrada de diversos microrganismos para o corpo humano”, ressalta.
Nesse estudo realizado no Hospital das Clínicas de Porto Alegre, 70 pacientes que testaram positivo para a Covid-19 foram submetidos a avaliações do biofilme e, dentre esses, 13 registraram a presença do SARS-CoV-2 na cavidade bucal, justamente os que apresentaram a maior carga viral nos exames. De acordo com a pesquisa, ainda não é possível afirmar se o vírus sobrevive nesse microbioma e se pode se deslocar pelo sistema respiratório ou corrente sanguínea. Mas as perguntas podem levar a novas descobertas sobre o comportamento do coronavírus.
“Quando falamos em vírus e, principalmente, sintomas respiratórios, a população tende a relacionar a contaminação com o canal nasal. Porém, há cada vez mais análises sobre outras portas de entrada do vírus e esses estudos estão sendo aprofundados com novos achados sempre em busca de aumentarmos os cuidados que podem evitar esse contágio”, conta Piscinini.
Prevenção
Para auxiliar na proteção contra a Covid-19, alguns comportamentos simples podem ser adotados. “O básico é sempre essencial, como o uso de máscaras que cobrem o nariz e a boca por completo, higienização constante das mãos, distanciamento físico e, claro, evitar levar ao rosto mãos e objetos que não foram limpos”, explica o dentista.
Além disso, higienizar as mãos antes de escovar os dentes, para garantir uma manipulação segura, trocar a escova de dentes com frequência, além de higienizar e armazenar da forma correta, são ações que podem fazer a diferença. “O cuidado com aquilo que faz parte da rotina de cuidados bucais é primordial em qualquer fase da vida, independentemente da pandemia. Ou seja, estar sempre com as escovas de dente novas, não guardar em locais fechados ou com estojos e capas, mantê-las armazenadas longe das escovas de familiares e, mais que tudo isso, frequentar profissionais que possam realizar limpezas para eliminar a placa bacteriana e cuidar da saúde bucal do paciente são atitudes que mudam a qualidade de vida do paciente”, finaliza.