Especialista explica características da patologia e as diferenças para o autismo
A Síndrome de Asperger é um transtorno neurobiológico, considerado um subtipo do Transtorno do Espectro Autista (TEA), que afeta as pessoas de maneiras diferentes. De acordo com dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças, órgão americano de saúde, divulgados em 2018, uma a cada 59 crianças têm a síndrome. Recentemente, o empresário Elon Musk, CEO da Tesla, revelou durante o programa de TV dos Estados Unidos ‘Saturday Night Live’, que é portador da síndrome.
A causa exata da Síndrome de Asperger – ou autismo de alto funcionamento – é desconhecida. Contudo, estudos apontam que é possível existir a combinação de fatores genéticos e ambientais, que criam um cenário para que a condição se desenvolva.
Reconhecida como um Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD) e nível 1 do espectro autista, ou seja, um quadro mais brando do autismo, os portadores apresentam dificuldades de socialização e de relação com os demais, além de mostrarem apego às rotinas.
Segundo o neurologista infantil, Dr. Clay Brites, médico convidado da Prati-Donaduzzi para esclarecer o assunto, a Síndrome de Asperger é considerada mais leve e discreta, apresenta fala comunicativa, diferente do quadro de intensidade do autismo, que possui dificuldades ao conversar.
“A linguagem, em geral, está bem preservada, os pacientes possuem o nível intelectual acima da média e com habilidades, muitas vezes, mais altas quando comparado à população geral”, explica. Brites diz ainda que são “pequenos cientistas” com perfis de verdadeiros “professores”.
O médico ressalta que o autismo e a Síndrome de Asperger são parecidas. A diferença está na sua capacidade funcional. Quem é portador da síndrome dispõe de maiores possibilidades de adaptação funcional. Além disso, é possível diferenciar no modo como eles se expressam ou se comunicam e pelo grau de dependência.
Sintomas
Os sintomas podem surgir já na primeira infância e persistem durante a vida adulta. Cada caso do quadro possui as suas individualidades, podendo variar a intensidade dos sintomas de uma criança para outra.
O neurologista destaca os sintomas mais comuns de espectro autistas, que podem ser fáceis de identificação, entre eles: sem emoções na fala, jeito robótico de se expressar, pouco contato visual, preferem ficar isolados no quarto com seus afazeres preferidos.
Além disso, costumam ter uma sinceridade sem filtro social e imaturidade, que está ligada a pouca habilidade para perceber intencionalidades ou sentimentos dos que estão a sua volta.
Para ajudá-los é essencial estabelecer uma rotina fixa, pois as mudanças podem não ser tão bem-vindas por eles – deixando tudo mais confuso. Nesse sentido, quem vive com alguém que nasce com a condição deve entender e respeitar o seu modo de pensar, agir, sentir e se manifestar socialmente.
A importância do diagnóstico precoce
O diagnóstico é feito por meio das características clínicas e comportamentais, aspectos do desenvolvimento infantil, uso de escalas específicas de investigação e screening, além de avaliação com instrumentos de avaliação diagnósticos.
O médico destaca a importância em entender o significado do resultado positivo para a condição. “A pessoa passa a entender melhor o porquê de ser diferente dos demais e aprende a lidar com suas limitações e desafios no cotidiano”, explica.
Para que a criança na vida adulta se desenvolva e consiga entrar no mercado de trabalho e começar a sua família, é fundamental a identificação precoce por um especialista, assim, suas habilidades, principalmente as sociais, podem ser desenvolvidas.
O diagnóstico cedo pode trazer benefícios, principalmente na questão da qualidade de vida. “Com esse resultado é possível reconhecer meios e estratégias de como se manifestar no ambiente social. Tratar as comorbidades que mais frequentemente se inserem a ele como a depressão, transtornos de ansiedade e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)”, explica.
Tratamento
Assim como outras condições do autismo, a Síndrome de Asperger não tem cura, mas é possível seguir com tratamentos multidisciplinares, que envolvam tanto estratégias comportamentais, quanto psicoeducacionais e medicamentosas.