Emagrecer de forma rápida e sem orientação pode fazer você perder firmeza facial e fios de cabelo, ganhar rugas e olheiras e ficar com uma aparência mais ‘cansada’ e triste. Saiba o que fazer para evitar tudo isso e emagrecer com saúde
De acordo com o médico, a perda de peso causa a redução do volume que mantinha a pele mais esticada. “Com essa redução, há uma ‘sobra’ da pele, obviamente se considerarmos uma perda expressiva de gordura”, diz o Dr. Mário Farinazzo. “Este fenômeno é particularmente mais importante no rosto, sendo mais significativo no terço inferior e no pescoço”, afirma o especialista. A acentuação da flacidez do rosto e do pescoço parece ser a consequência mais clara, porém, mais rugas, mais olheiras e mudança da expressão facial aparecem também. Abaixo, os especialistas explicam mais sobre como o emagrecimento acentua alterações de pele e cabelo:
Perda de cabelo: Dietas restritivas ou alimentação nutricionalmente pobre fazem o organismo digerir a energia apenas para funções essenciais de funcionamento do corpo, deixando de lado a nutrição e oxigenação de tecidos como cabelo e pele, segundo o dermatologista Dr. Daniel Cassiano, da Clínica GRU e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. “Por esse motivo, um dos principais sintomas físicos de uma alimentação deficitária é a queda de cabelos. Com relação à nutrição, anemia ferropriva e deficiência de zinco, Vitamina B12 e Vitamina D podem também ser causas de Eflúvio Telógeno”, explica o Dr. Daniel. Segundo a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, as carências de vitaminas, minerais, proteínas, gorduras e carboidratos de boa qualidade também impactam na saúde dos fios e do couro cabeludo. Seu cabelo é composto principalmente de proteínas, portanto, incluir quantidades adequadas em sua dieta é vital para o crescimento do cabelo. Aproximadamente 85% do cabelo é formado de queratina, que é uma proteína, e por ser um tecido de excreção, é formado de aminoácidos sobressalentes para essa função. “Se não houver sobra de aminoácidos, não há boa síntese de queratina. Além disso, minerais metálicos como ferro e cobre além de vitaminas do complexo B como a biotina participam da manutenção da saúde capilar”, diz a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez. Se você tiver carência desses nutrientes, seu cabelo irá cair mais num quadro intenso (eflúvio telógeno), a textura dos fios pode mudar, além de ficarem mais fracos e propensos à quebra. “O excesso de açúcar na dieta pode comprometer a saúde dos folículos capilares aumentando a possibilidade de eflúvio (queda de cabelos)”, diz a Dra. Marcella.
Menos firmeza: A flacidez da pele do rosto e do pescoço não é apenas uma consequência do passar dos anos. Quem diz adeus a alguns (ou muitos) quilos pode deparar-se também com esta realidade, visto que a perda de peso leva a uma diminuição do tecido celular subcutâneo na face, havendo redução do volume geral. “Isso faz com que a pele fique mais flácida e com aparência mais enrugada. Além disso, um processo de emagrecimento rápido leva a um aumento da produção de radicais livres, que levam a um maior dano no colagénio, contribuindo para o aumento da flacidez”, esclarece o Dr. Mário Farinazzo. “A flacidez excessiva que ocorre nos processos de emagrecimento muito rápidos geralmente se dá pelo menor aporte proteico que traz como consequência a redução na síntese de fibras colágenas, que dão estrutura à derme. Além de aminoácidos provenientes de proteínas, as fibras de colágeno precisam de vitamina C para serem formadas e ainda a estrutura de matriz extracelular é composta de minerais como silício. Portanto uma orientação alimentar com aumento de consumo alimentar ou suplementar de proteínas, vitamina C e silício são condicionais nessa situação”, diz a Dra. Marcella. Nem sempre uma dieta restritiva restringe o consumo de carboidratos. Às vezes, e por falta de orientação, sobra esse macronutriente, o que pode causar um processo denominado glicação. “A glicação é um dos maiores vilões da nossa pele. Esse processo significa o açúcar destruindo, endurecendo e mudando a estrutura do colágeno dentro da nossa pele. Essa reação pode aumentar acne, rosácea, estimular oleosidade, piorar o aparecimento de rugas, flacidez, manchas e envelhecimento, aumentar as estrias e celulites. A glicação envolve a pele do corpo todo, as alterações aparecem tanto no rosto quanto no corpo”, explica Ludmila Bonelli, cosmetóloga, especialista em dermatocosmética e diretora científica da Be Belle. Uma boa forma de atenuar o problema é conciliar a dieta, com melhor aporte proteico e de micronutrientes, com uma rotina de aplicação de cremes antienvelhecimento com ação antioxidante, como vitamina C, E e resveratrol, que aumentam a firmeza e dão luminosidade à pele. “Ao usar um dermocosmético com ação antioxidante e antiglicante (que evita os danos de açúcar na pele), é possível tratar a funcionalidade da pele, reforçando sua estrutura interna para a proteção do colágeno”, explica Ludmila. Em clínica, há opções para prevenção e tratamento do problema, como procedimentos como radiofrequência, ultrassom microfocado, preenchimento de ácido hialurônico, mesoterapia, peelings, lasers, entre outros. “A radiofrequência e o ultrassom microfocado são boas opções para a flacidez leve a moderada, enquanto os preenchedores injetáveis, bioestimuladores ou até mesmo a lipoenxertia (injeção de gordura) representam uma boa estratégia para devolver um pouco do volume perdido com o processo de emagrecimento”, afirma o Dr. Mário.
Mais rugas: Você emagreceu e notou que tem mais rugas? É normal. “Quando perdemos peso, a pele perde a capacidade de retrair por causa do dano no colágeno e na elastina, que são fundamentais para a elasticidade da pele”, explica o cirurgião. “A perda de gordura na face também leva ao aparecimento de mais rugas, pois a pele não tem capacidade para se retrair quando perde o que está debaixo de si, e quanto mais idade a pessoa tem, pior é a capacidade de recuperação. Há rugas que podem aparecer ou ficar ainda mais pronunciadas se já existiam”, argumenta. De acordo com a Dra. Marcella, as rugas ocorrem em grande parte pelos mesmos motivos que causam a flacidez da pele, porém a radiação ultravioleta agrava ou acelera muito o aparecimento das linhas mais demarcadas. “Por isso, além de um aporte proteico, de vitamina e silício, para prevenir rugas ou manter os resultados dos tratamentos, o ideal é aumentar a ingestão alimentar ou suplementar de antioxidantes que tenham atividade fotoprotetora oral, como é o caso dos carotenoides, os ácidos graxos ômega 3 e os polifenóis provenientes de frutas vermelhas”, diz a médica. Nas rugas, os preenchedores e a toxina botulínica, segundo o médico, acabam surtindo bons efeitos. “No caso das demarcações mais profundas, quando são muitas, a cirurgia das rugas, ou ritidoplastia, pode trazer mais resultados”, diz o cirurgião.
Olheiras mais intensas – Menos peso pode levar a mais olheiras? Sim. Mais uma vez, a perda de gordura no rosto é a responsável. “Grande parte da nossa gordura facial está, digamos, na zona das bochechas, e quando essa gordura desaparece por conta de um emagrecimento rápido e sem orientação, essa zona ‘despenca’ e a olheira estrutural fica mais pronunciada, podendo apresentar uma cor mais azulada ou azul acastanhada”, afirma a dermatologista Dra. Letícia Bortolini. Os preenchimentos faciais com ácido hialurônico podem ajudar a corrigir a profundidade da olheira e os cuidados diários devem ser feitos com cremes específicos para a área dos olhos, em formulações com retinol, alistin e vitamina C.
Aparência cansada e triste – Quando a almofada entre a pele e o músculo, que é a gordura, diminui, é comum que a pele fique mais flácida e algumas regiões ao redor dos olhos e da boca ficam muito semelhantes à expressão que usamos quando estamos tristes ou cansados. Os exemplos mais comuns são o aumento da olheira e a queda dos cantos da boca. E esse é um dos principais motivos da consulta pós-perda de peso. “A pessoa sente-se mais triste, ou seja, a pessoa fica com o rosto mais triste, e é essa tristeza que identificamos e queremos tratar. Quando o fazemos, não estamos apenas a tratar a pele e outras estruturas, estamos também a tratar a expressão. Temos de diagnosticar as emoções da pessoa, não apenas o tipo de pele e o seu estado, temos de identificar a expressão da pessoa, o que transmite”, afirma o cirurgião plástico. “Se a perda de peso não foi acompanhada, o período de tratamento da pele deve ser, através de orientações alimentares e suplementares que preparam o organismo para obter melhores e mais duradouros resultados para os procedimentos corretivos. Além das questões estéticas, um hábito alimentar equilibrado, variado e natural, acompanhado de suplementos alimentares individualizados, são capazes de auxiliar o organismo a manter-se saudável e prevenir disfunções próprias do envelhecimento acelerado”, completa a nutróloga.
Afinal, como deve ser o emagrecimento ideal?
De acordo com a Dra. Marcella Garcez, o ideal é que qualquer emagrecimento rápido ou que conte com perda ponderal de mais de 10% do peso corporal, tenha acompanhamento médico. “Só assim é possível descartar patologias e carências que agravam os sinais físicos de um emagrecimento não orientado. Como em muitas ocasiões a perda de peso não é monitorada, as intervenções nutrológicas devem ser incorporadas assim que o aspecto de envelhecimento precoce ou acelerado pelo emagrecimento for notado. Com mudanças no hábito alimentar e a prescrição individualizada de suplementos alimentares, muito do aspecto indesejável pode ser minimizado”, diz a médica. “O mais importante é afastar-se das dietas muito restritivas. Quando há muita restrição, você pode perder peso mais rápido, mas de uma forma não saudável, que pode afetar da imunidade à saúde e beleza da pele, dos cabelos e das unhas. Além disso, elas podem acentuar os episódios de compulsão alimentar depois que o paciente atinge o peso desejado”, acrescenta a médica.
Durante o processo de emagrecimento também é importante ficar ligado nos seus hábitos de sono, que podem atrapalhar seus objetivos. “Sete horas de sono são cruciais para a perda de peso”, diz a Dra. Marcella. Muitas vezes, algumas pessoas que lutam para perder peso estão, na verdade, sofrendo de apneia do sono não diagnosticada. Esse distúrbio do sono, em particular, envolve seu corpo não recebendo a oxigenação adequada de que precisa à noite, levando a uma péssima qualidade do sono e cansaço. “E quando você está cansado, seu corpo anseia por carboidratos para obter energia. Isso provavelmente vai atrapalhar seu plano de perda de peso e sua saúde”, afirma a médica nutróloga. “A falta de sono diminui todo o metabolismo do ciclo circadiano, o que compromete o tempo necessário para que ocorra o reparo e regeneração durante o período noturno. Então isso afeta a produção natural de melatonina que também é parte da defesa antioxidante primária do nosso organismo”, explica a Dra. Letícia.
Hábitos saudáveis de vida, como a prática de exercícios físicos, irão ajudar a aumentar o gasto energético, principalmente no caso da musculação. “Os pesos irão ajudá-lo a ganhar mais massa muscular e queimar mais calorias. O estímulo muscular queima calorias. As pessoas podem até pensar que não querem ganhar músculos e ficar mais volumosas, mas a verdade é que a atividade física, principalmente musculação, ajuda a queimar mais gordura com mais eficiência”, diz a médica nutróloga. Além disso, durante a atividade física, toda a circulação é estimulada. “O sistema arterial (sangue que “alimenta” os músculos em movimento, por exemplo) aumenta seu fluxo, e consequentemente, o aporte de nutrientes e oxigênio para todos os tecidos, inclusive a pele. Os sistemas venoso e linfático também aumentam a velocidade de drenagem, retirando toxinas e diminuindo a retenção de líquidos. Isso se reverte na pele deixando-a mais hidratada, corada e mais viçosa. Com a melhora da oxigenação das células, isso contribui também para uma aparência mais saudável da pele”, completa a Dra. Letícia.
Por fim, os médicos destacam que a mudança de hábitos após o emagrecimento deve priorizar uma alimentação mais balanceada, evitar o cigarro, praticar atividade física e ter uma rotina skincare adequada à pele.
FONTES:
*DRA. MARCELLA GARCEZ: Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo.
*DR. MÁRIO FARINAZZO: Cirurgião plástico, membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e Chefe do Setor de Rinologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Formado em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), o médico é especialista em Cirurgia Geral e Cirurgia Plástica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Professor de Trauma da Face e Rinoplastia da UNIFESP e Cirurgião Instrutor do Dallas Rinoplasthy™ e Dallas Cosmetic Surgery and Medicine™ Annual Meetings. Opera nos Hospitais Sírio, Einstein, São Luiz, Oswaldo Cruz, entre outros. www.mariofarinazzo.com.br
*DR. DANIEL CASSIANO: Dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica. Cofundador da clínica GRU Saúde, o Dr. Daniel Cassiano é formado pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e Doutorando em medicina translacional também pela UNIFESP. Professor de Dermatologia do curso de medicina da Universidade São Camilo, o Dr. Daniel possui amplo conhecimento científico, atuando nas áreas de dermatologia clínica, cirúrgica e cosmiátrica.
DRA. LETÍCIA BORTOLINI: Dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica. À frente da clínica Enlapy, em Cuiabá, a médica é formada em Medicina pela Universidade de Cuiabá, com especialização em Dermatologia pela Fundação Souza Marques (São Paulo/SP) e em Clínica Médica pelo Hospital Guilherme Álvaro (Santos/SP).
*LUDMILA BONELLI: Cosmetóloga, especialista em dermatocosmética e diretora científica da Be Belle.