A globalização não foi embora com as limitações impostas pela pandemia, desde 2020: está viva e ainda mais forte, em uma nova forma de “globalização digital”. Os avanços tecnológicos vieram para ficar, mas não há como substituir as reuniões presenciais para fazer negócios. A análise é do especialista em negócios internacionais Robin van Puyenbroeck, executivo norte-americano que dirige o Business Development do World Trade Centers Association (WTCA) em Nova York, que participou da live “Doing Business With Brazil”, realizada na última semana pelo World Trade Center (WTC) Curitiba e Joinville.
“A tecnologia está na dianteira de quase tudo o que fazemos e se tornou fator de mudança na forma como fechamos negócios. Nós nos conectamos de maneiras mais eficientes. Algumas mudanças virão para ficar, especialmente na forma como conduzimos os negócios e vivemos nossas vidas. A demanda por serviços online continuará e crescerá, isso pode ser visto com força tanto nos Estados Unidos e na Europa, quanto no Brasil e nos países emergentes. Escritórios espaçosos vão abrigar menos pessoas para distanciamento social e a sustentabilidade se tornará um ‘must-have’. Menos pessoas irão para os escritórios em tempo integral – o trabalho remoto veio para ficar, oferecendo novas oportunidades”, estimou.
A transmissão teve o objetivo de compartilhar com a rede mundial do WTCA as oportunidades de negócios existentes no Brasil, bem como as principais características dos negócios internacionais do país com os escritórios e associados da entidade pelo planeta. Além de Robin van Puyenbroeck, o debate reuniu Gabriel Isaacsson, representante da APEX Brasil, e Michael Watson, vice-presidente de negócios do Grupo Ascensus Internacional. A mediação foi feita pelo CEO do WTC Sul, Josias Cordeiro, juntamente com o executivo colombiano Carlos Ronderos, diretor executivo para a América Latina do WTCA.
“O Brasil, em sua diversidade e alcance continentais, apresenta uma ampla gama de possibilidades de interações de negócio com outros países. O agronegócio é um desses setores posicionados claramente como exportadores de classe mundial, onde somos protagonistas. Mas nosso empresariado, como um todo, vem se preparando e posicionando seus produtos e serviços para trabalhar além das fronteiras brasileiras. Podemos contribuir com nossos produtos e serviços em inúmeras cadeias globais de valor”, pontuou Isaacsson, destacando que a Apex-Brasil contribui para aumentar a presença das empresas brasileiras no cenário internacional, por meio de promoção comercial, inteligência comercial, capacitação e iniciativas de suporte à internacionalização.
Recuperação nas exportações
Michael Watson apresentou dados sobre o setor externo da economia brasileira, que tem se mostrado resiliente à crise global provocada pela pandemia. “Em 2020, as exportações brasileiras contraíram-se abaixo da média mundial e, neste ano, o país já apresenta sinais robustos de recuperação. No primeiro quadrimestre de 2021, registrou-se o maior valor da história para o período em exportações brasileiras, ultrapassando a cifra de 2019, com uma receita adicional de 13,5 bilhões de dólares. Esse crescimento foi relativamente disseminado entre a economia brasileira, com 141 subsetores expandindo suas vendas internacionais.”
Parte do crescimento das exportações foi resultado de um vigoroso avanço nas exportações de indústrias primárias. “Vale ressaltar que o avanço nas exportações é resultado de um conjunto de fatores, internos e externos ao Brasil. A recuperação econômica pós-pandemia em grandes parceiros comerciais brasileiros, como China e Estados Unidos, tem tanto acelerado o comércio global quanto ampliado os preços das commodities. Apesar de parte dessa aceleração ser resultado de demanda reprimida de 2020, e, portanto, um fenômeno temporário, serve de estímulo para a recuperação produtiva nacional”, analisou Isaacsson.
Sedes físicas com novo propósito
Para Robin van Puyenbroeck, as economias vão recuperar terreno conforme forem subindo os percentuais de populações vacinadas contra a Covid-19, e esse cenário não será diferente no Brasil. “No entanto, também surgirão desafios, como a inflação e o retorno das pessoas ao trabalho. Algumas economias podem sofrer superaquecimento, enquanto outras terão dificuldade para voltar aos trilhos. Enormes déficits exercerão pressão sobre os serviços governamentais por muitos anos, deixando um papel importante para as empresas como atores sociais.”
O diretor executivo do WTCA reforçou ainda que as sedes físicas e edifícios com propósito terão um efeito multiplicador no cenário de negócios pós-Covid. “Um espaço de escritório nobre tem que oferecer mais do que apenas um espaço de trabalho. Precisa ser mais do que apenas um edifício. O futuro é para espaços de marca que oferecem serviços flexíveis e inovadores, incluindo a conexão a uma rede global de negócios, como a WTCA”, acredita.