Artigo publicado no final do ano passado no Journal of Drugs in Dermatology ressalta que, embora os homens tenham maior probabilidade do que as mulheres de desenvolver câncer de pele, a maioria não usa protetor solar diariamente.
Embora os homens tenham maior probabilidade do que as mulheres de desenvolver câncer de pele, uma pesquisa recente indica que a maioria não usa protetor solar diariamente. O estudo Men’s Attitudes and Behaviors About Skincare and Sunscreen Use Behaviors foi publicado em dezembro do ano passado no Journal of Drugs in Dermatology e demonstrou influências variadas na decisão de um homem de usar protetor solar e em sua seleção de produtos para a pele. “A maioria dos homens (83%) relatou que não usava protetor solar diariamente, e apenas cerca de um terço relatou usar protetor solar semanalmente, segundo a pesquisa”, explica o dermatologista Dr. Daniel Cassiano, da clínica GRU e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. “Sabemos que a principal causa do melanoma é genética, mas a exposição solar também influencia no aparecimento da doença — principalmente com os elevados índices de radiação que atingem níveis considerados potencialmente cancerígenos, onde ocorre exposição à radiação UVA/UVB E IR (infravermelho). O filtro solar deve ser usado diariamente independentemente da estação do ano. A fotoexposição crônica está relacionada ao envelhecimento da pele e aos carcinomas. O melanoma está mais relacionado às queimaduras solares em fototipos baixos”, acrescenta o médico. “Há, ainda, um grande problema com os homens: além dos descuidos com a fotoproteção, eles descobrem o câncer de pele quando ele está em estágio muito avançado”, completa.
Os pesquisadores descobriram que a renda e a etnia estavam associadas ao uso de protetor solar. Homens que ganhavam mais de 100.000 libras por ano eram mais propensos a usar protetor solar regularmente do que aqueles que ganhavam entre 40.000 e 50.000 por ano. “Os resultados sugerem que os homens são mais propensos a usar protetor solar quando contam com um nível de orientação maior, em que a mensagem enfoca os riscos de câncer de pele e quando as características do produto são direcionadas a seus tipos de pele”, diz o Dr. Daniel Cassiano.
Os pesquisadores realizaram uma pesquisa online transversal para examinar os comportamentos e motivações dos homens para o uso regular de protetor solar, bem como as preferências de características do produto que podem impactar o uso regular. Os 705 participantes foram recrutados por meio do Amazon Mechanical Turk (MTurk), um mercado de pesquisa e coleta de dados online comumente usado. Demograficamente, 69% dos participantes relataram que eram brancos, 17% relataram que eram negros e 16% hispânicos. Mais de três quartos (78%) relataram que eram heterossexuais e 22% relataram que eram gays ou bissexuais. Cerca de dois terços (69%) possuíam um diploma de bacharel ou superior, 20% relataram ganhar entre 40.000 e 49.999 libras por ano e 22% relataram ganhar mais de 100.000 por ano. Mais da metade (59%) ganhava entre 50.000 e 100.000 por ano.
Homens que ganhavam mais de 100.000 libras por ano eram mais propensos a usar protetor solar regularmente do que aqueles que ganhavam entre 40.000 e 50.000 por ano. “Além disso, os homens brancos não relataram maior frequência de uso do protetor solar pelo menos uma vez por semana do que aqueles que relataram ser negros. E os homens que relataram ser hispânicos ou latinos tinham menos probabilidade do que outras etnias de usar protetor solar pelo menos uma vez por semana”, diz.
A maioria dos homens (82%) relatou que o risco de câncer de pele seria a motivação para considerar o uso regular de filtro solar, enquanto menos da metade disse que sua motivação seria parecer mais jovem. Segundo a pesquisa, as características mais importantes em um produto de proteção solar incluíam ser hidratante e não irritante. “O principal impedimento para o uso de um produto era que ele era muito oleoso”, explica o médico. “Mas sabemos que hoje existem texturas mais leves de produtos de proteção solar”, acrescenta.
Os autores relatam que os médicos podem desempenhar um papel fundamental na educação de seus pacientes do sexo masculino sobre o uso de filtro solar, enfatizando a simplicidade de seu papel na rotina diária de cuidados com a pele.
Por fim, o Dr. Daniel ressalta que o maior erro de quem usa protetor solar costuma ser a quantidade de filtro que se aplica. O Consenso Brasileiro de Fotoproteção criou, em 2013, a regra da colher de chá. “Essa regra determina a quantidade correta de filtro para cada parte do corpo: rosto, cabeça e pescoço devem receber, cada um, 1 colher de chá de filtro solar. Tronco e costas, duas colheres cada. Braços, 1 colher cada. Já as pernas e coxas, 2 colheres cada uma”, explica o dermatologista, que complementa: “As reaplicações também são essenciais. Independentemente do fator, o filtro solar deve ser reaplicado a cada duas horas. Em caso de suor excessivo ou contato com a água, aplique novamente o produto”, finaliza o médico. Se você tem dúvida sobre qual o produto mais adequado a sua pele ou acredita que há alguma mancha ou pinta suspeita, visite um dermatologista.
FONTE:
*DR. DANIEL CASSIANO: Dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica. Cofundador da clínica GRU Saúde, o Dr. Daniel Cassiano é formado pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e Doutorando em medicina translacional também pela UNIFESP. Professor de Dermatologia do curso de medicina da Universidade São Camilo, o Dr. Daniel possui amplo conhecimento científico, atuando nas áreas de dermatologia clínica, cirúrgica e cosmiátrica.
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