Cardiologista Dr Juliano Burckhardt explica o que é a condição do coração que afeta aproximadamente 1 em cada 500 pessoas e pode ser fatal.
Na última quinta-feira (03), o ator Rafael Cardoso, que participou de novelas como Além do Tempo e A Vida da Gente, fez uma publicação em seu instagram em que aparece no hospital após ter passado por uma cirurgia para implantar um desfibrilador cardíaco devido a uma condição conhecida como miocardiopatia hipertrófica. “A miocardiopatia ou cardiomiopatia hipertrófica é uma doença caracterizada pela hipertrofia, isto é, pelo desenvolvimento excessivo do músculo do coração, o que faz com que seja mais difícil para que o órgão bombeie sangue”, explica o médico cardiologista e geriatra Dr. Juliano Burckhardt, membro Titular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e da American Heart Association e Membro Titular da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). Apesar de pouco comentada, a doença é bastante comum, afetando aproximadamente 1 em cada 500 pessoas, e pode ser fatal, figurando, inclusive, entre as principais causas de morte de jovens atletas.
Segundo o especialista, a hipertrofia do músculo do coração é um processo que ocorre comumente devido a doenças como hipertensão arterial e anormalidade das válvulas cardíacas. No entanto, na miocardiopatia hipertrófica, o músculo se desenvolve sem que outros fatores influenciem no processo, pois é causada por fatores hereditários. “E, justamente por ter origem genética, a miocardiopatia hipertrófica, infelizmente, não pode ser prevenida. Por isso, é importante que qualquer pessoa que possua familiares com a doença realize check-up anual para que a condição seja identificada precocemente”, aconselha.
O Dr Juliano diz que, na verdade, a realização de exames de rotina ou avaliação cardiológica para prática de esportes é uma das principais maneiras pelas quais os pacientes descobrem que possuem a miocardiopatia hipertrófica, já que a condição pode permanecer assintomática por muito tempo. “Quando começa a apresentar sintomas, a doença geralmente causa dificuldade de respirar e falta de ar, desmaios, dor no peito, fadiga e batimentos acelerados. E, ao observá-los, é indispensável que o paciente procure um médico rapidamente, pois a condição pode causar complicações como obstrução do fluxo sanguíneo, arritmia, insuficiência cardíaca e até mesmo morte súbita”, alerta o cardiologista.
O diagnóstico da doença é baseado no resultado dos exames, principalmente do ecocardiograma, e análise do histórico familiar do paciente e, a partir disso, o médico poderá recomendar o tratamento mais adequado para cada caso. “O foco do tratamento da miocardiopatia hipertrófica é controlar os sintomas e diminuir o risco de complicações. Para isso, é possível utilizar medicamentos para relaxar o músculo do coração de forma a melhorar o fluxo sanguíneo ou realizar procedimentos como miectomia (remoção de parte do músculo hipertrofiado), cateterismo (introdução de cateter para injeção de substância que “murcha” o tecido atrofiado) ou implante de um desfibrilador cardíaco. A escolha do método vai depender do estado de cada paciente, mas, no geral, o tratamento consiste principalmente no uso de medicamentos, sendo que os procedimentos cirúrgicos são reservados para casos graves, de alto risco ou quando apenas os medicamentos já não são mais suficientes”, explica o médico.
Mas mesmo após o diagnóstico e tratamento é importante que o paciente adote alguns hábitos para melhorar o estilo de vida, já que, por ser crônica, a doença não tem cura definitiva, podendo voltar a evoluir mesmo após o tratamento. “Por isso, é fundamental que o paciente adote uma alimentação balanceada, pratique exercícios físicos regularmente, não fume, evite o consumo de bebidas alcoólicas e controle o peso, além de seguir com o acompanhamento médico e a realização periódica de exames”, finaliza o Dr Juliano Burckhardt.
FONTE: DR. JULIANO BURCKHARDT – Médico Nutrólogo e Cardiologista, membro Titular da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) e da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). É membro da American Heart Association e da International Colleges for Advancement of Nutrology. Mestrando pela Universidade Católica Portuguesa, em Braga – Portugal, atuou e atua como docente e palestrante nas suas especialidades na graduação e pós-graduação. O médico tem certificação Internacional pela Harvard Medical School, para tratamento da Obesidade. É diretor médico do V’naia Institute.