Recentemente em um jogo da Eurocopa, o jogador dinamarquês de futebol Christian Eriksen sofreu um mal súbito, caindo sozinho e desacordado. O atendimento imediato foi capaz de reanimar o jogador, mas outros atletas não tiveram a mesma sorte
Um jogo de futebol, mais especificamente da Eurocopa, foi palco de uma cena dramática. Após receber a bola de uma cobrança de lateral, o jogador dinamarquês Christian Eriksen caiu sozinho e desacordado e, de acordo com os médicos, teve uma convulsão seguida de parada cardíaca. “Chamamos de mal súbito a perda repentina de consciência e ela está ligada a diversos fatores, como estresse e desidratação, e comorbidades como doenças cardíacas, AVC e infarto. A grande e principal recomendação é agir rapidamente, pois o atendimento imediato pode significar a salvação dessa vida”, explica o médico cardiologista e especialista em Medicina de Urgência Dr. Juliano Burckhardt, membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e da American Heart Association. “O mal súbito não é uma doença propriamente dita e, sim, uma manifestação que pode indicar que algo no corpo não vai bem”, acrescenta.
O ideal é que, nesses casos, o socorrista use o desfibrilador, um aparelho que restabelece o ritmo cardíaco do paciente após uma parada cardiorrespiratória. “No entanto, qualquer um pode ajudar seguindo alguns passos importantes do Treinamento de Emergência Cardiovascular para Leigos da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Primeiramente, é necessário chamar a vítima e tocar nela. Se a pessoa responder ou esteja respirando, o mal súbito não foi provocado por uma parada cardíaca. Nesse caso, o atendimento de sua necessidade, com água e alimentação, pode ajudá-la a se recuperar, mas é importante que ela seja levada a um pronto socorro”, explica. “No caso da pessoa não responder, pode ser um sinal de parada cardíaca, o que demanda a imediata busca por uma ambulância ligando 192. É importante deitar o paciente com as costas no chão e iniciar uma massagem cardíaca. Se algum local próximo dispor de um desfibrilador, o uso do equipamento conforme descrito nas instruções é indicado até a chegada da ambulância”, explica.
O problema pode atingir homens e mulheres de qualquer idade. A arritmia cardíaca é uma das principais causas do mal súbito. Completamente inesperado, o mal súbito pode ter seu risco minimizado, principalmente quando tem relação com doenças cardiovasculares. “Por meio da realização do check-up cardiológico de uma a duas vezes por ano e seguindo as orientações médicas, com melhora do estilo de vida, é possível reduzir os riscos”, destaca o Dr. Juliano. “Inclua atividade física na rotina, opte por uma alimentação rica em verduras, grãos, proteínas e gorduras de boa qualidade. Além disso, mantenha-se hidratado, controle os níveis de colesterol, hipertensão e diabetes, module o estresse, durma bem e evite o consumo excessivo de alimentos gordurosos, açúcares e sal”, diz.
A maior prova de que qualquer pessoal é suscetível à manifestação de mal súbito é o histórico desse problema em atletas. Em 2014, o brasileiro Éverton teve um mal súbito durante uma partida do Vasco pela Copa do Brasil e foi reanimado dentro da ambulância. O atendimento foi bem-sucedido e o ex-atacante sobreviveu. É obrigatório que jogos e eventos com aglomeração de pessoas conte com uma ambulância. Mas em 2004, apesar da ambulância no estádio do Morumbi, em São Paulo, o jogador Serginho, zagueiro do São Caetano, morreu após um mal súbito. A ambulância não estava com desfibrilador. O atleta de 29 anos foi encaminhado ao hospital, mas não resistiu e faleceu.
FONTE:
*DR. JULIANO BURCKHARDT: Médico Cardiologista, Nutrólogo e Geriatra, membro Titular da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) e da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). É membro da American Heart Association e da International Colleges for Advancement of Nutrology. Também é Especialista em Clínica Médica e em Medicina de Urgência pela Sociedade Brasileira de Clínica Médica. Mestrando pela Universidade Católica Portuguesa, em Portugal, atuou e atua como docente e palestrante nas suas especialidades na graduação e pós-graduação. O médico tem certificação Internacional pela Harvard Medical School, para tratamento da Obesidade. É diretor médico do V’naia Institute. Diretor Científico Brasil da European Academy of Personalized Medicine.