O que é uma libido alta ou baixa? Aqui está um guia para entender tudo sobre o seu interesse sexual

Descubra o que pode interferir no desejo sexual e como identificar o “grau” da sua libido

O que é uma libido alta ou baixa? Aqui está um guia para entender tudo sobre o seu interesse sexualA pandemia foi um divisor de águas para a atividade sexual: o tempo gasto no celular aumentou e a libido diminuiu. Durante o isolamento social, orientado para diminuir as chances de contágio pelo vírus causador do Covid-19, é bom lembrar que é necessário nutrir sua libido e encontrar prazer sozinha ou com seu parceiro. “A libido é um sinal vital, outra forma de verificar o corpo falando conosco. O primeiro passo para mapear seu desejo sexual é compreender melhor a sua libido”, explica a Dra. Eloisa Pinho, ginecologista e obstetra da Clínica GRU. Mas afinal, o que é libido? “Pessoas diferentes podem definir o termo de maneiras diferentes, mas, do ponto de vista científico, libido é normalmente usado para se referir ao impulso sexual geral de uma pessoa ou ao grau em que alguém tem interesse e desejo por sexo. É provavelmente melhor pensar na libido como um fenômeno biopsicossocial, o que significa que é afetada por uma mistura de fatores biológicos, psicológicos e sociais e ambientais”, acrescenta a ginecologista.

O que significa ter uma libido alta ou baixa?

A Dra. Eloisa Pinho destaca que, em termos mais simples, baixa libido é quando há mínimo ou nenhum interesse e desejo sexual, enquanto, inversamente, alta libido é quando há forte interesse e desejo sexual frequente. No entanto, o desejo sexual é um parâmetro subjetivo e varia de um indivíduo para outro. “Cada pessoa provavelmente mede seu nível de impulso com base no que considera ser seu ‘normal’, então uma vez por semana pode ser normal para uma pessoa, enquanto todos os dias pode ser normal para outra”, explica a médica.

O que causa uma perda de libido?

De acordo com a ginecologista, na maioria das vezes as causas são:

Uso de anticoncepcional: As pílulas anticoncepcionais hormonais são muito utilizadas pelas mulheres, pois, além de prevenirem a gravidez, ainda ajudam a regular o ciclo menstrual e reduzir cólicas, o fluxo de sangramento e até mesmo problemas como acne. No entanto, não é incomum que algumas mulheres apresentem certos efeitos colaterais devido ao uso do medicamento, principalmente nos primeiros meses, como a redução do apetite sexual. “Isso porque, além de impedir a ovulação, as pílulas anticoncepcionais de estrogênio e progesterona podem atrapalhar e diminuir significativamente a produção de testosterona, hormônio que está diretamente relacionado ao estímulo da libido. No entanto, esse efeito do medicamento pode variar de mulher para mulher e, em alguns casos, a paciente pode, na verdade, se sentir ainda mais ativa sexualmente por estar protegida contra uma gravidez”, destaca a médica.

Ciclo menstrual: Muitas mulheres sentem um aumento na libido durante a ovulação, pois é a maneira do organismo fazer com que a mulher permaneça ativa sexualmente no período fértil mesmo que não esteja tentando engravidar. “Logo, é comum também que as mulheres se sintam menos dispostas a praticar relações sexuais em outros períodos do mês, seja por falta de desejo ou por estarem menstruadas, por exemplo. Mas é importante ressaltar que não há problema algum em fazer sexo durante a menstruação”, afirma a ginecologista.

Doenças ginecológicas: Algumas condições que afetam a saúde da vagina podem prejudicar a mulher não apenas fisicamente, mas também mentalmente, diminuindo então a libido. “O vaginismo, por exemplo, é uma doença geralmente causada por fatores psicológicos em que os músculos da vagina realizam contrações involuntárias que podem impedir a penetração e, consequentemente causar grande dor durante as relações sexuais, diminuindo a vontade da mulher de praticá-las”, afirma a ginecologista.

Depressão e estresse: A depressão figura entre uma das principais causas da redução da libido, pois é uma doença acompanhada de sintomas como estresse, ansiedade e baixa autoestima, fatores que contribuem diretamente para a perda do desejo sexual. “Além disso, os medicamentos antidepressivos utilizados no tratamento da condição também são responsáveis pela diminuição do apetite sexual, já que causam desequilíbrios nos níveis hormonais. Porém, nem todos os medicamentos causam esse efeito e, por isso, o acompanhamento psicológico e ginecológico é fundamental no tratamento da condição de forma a evitar impacto sobre a libido”, aconselha a especialista.

Menopausa: Afetando todas as mulheres em algum momento da vida, a menopausa é um processo natural do envelhecimento que ocorre quando a quantidade de óvulos se esgota e a produção de hormônios é reduzida, causando assim uma série de alterações no organismo da mulher, como a redução da libido. “Isso porque, além da diminuição drástica na produção de testosterona e estrogênio, a menopausa também é marcada por aumento de peso, ressecamento vaginal e dor, desconforto e até sangramento durante relações sexuais, o que, consequentemente pode diminuir a vontade da mulher de fazer sexo”, diz a Dra. Eloisa.

Transtorno do desejo sexual hipoativo: Existe ainda uma condição médica caracterizada justamente pela redução ou perda da libido, conhecida como transtorno ou distúrbio do desejo sexual hipoativo. “Afetando principalmente mulheres, o distúrbio do desejo sexual hipoativo é uma condição comum e de difícil diagnóstico que causa a falta persistente de desejo sexual sem que haja outras causas envolvidas. O problema pode causar sofrimento pessoal e dificuldades no relacionamento e geralmente está relacionado a questões psicológicas”, destaca a médica.

A ginecologista também observa que os transtornos de humor, como ansiedade e depressão, podem reduzir o desejo sexual, assim como a dor durante a relação. “Em geral, o desejo sexual tende a seguir a curva dos níveis hormonais das mulheres. É mais alto provavelmente no final da adolescência e na casa dos 20 anos, pode cair na casa dos 30 para alguns, e então pode ser mais impactado no final dos anos 40 e 50”, explica. “Existem muitas razões para isso, mas como regra geral, à medida que envelhecemos, a vida pode se tornar mais complicada, os relacionamentos se tornam mais difíceis em alguns casos, os níveis de estresse aumentam, os hormônios flutuam ou diminuem e podem surgir problemas médicos.”

Como a pandemia global e o bloqueio afetaram a libido das mulheres?

Muitas pessoas ficaram “superestressadas” durante a pandemia e com o isolamento, para a maioria, a libido diminuiu, o que também tem relação com o declínio da taxa de natalidade. A queda tremenda na libido de muitas mulheres também esteve diretamente relacionada ao estresse, níveis epidêmicos de ansiedade e depressão e o aumento do uso de medicamentos psicotrópicos, discórdia de relacionamento e isolamento.

Como você pode aumentar a libido?

Aumentar a libido requer um mergulho mais profundo na causa, segundo a ginecologista, e, uma vez que isso seja descoberto, você pode direcionar o tratamento. “Se o nível de libido de uma pessoa está causando angústia ou problemas persistentes e sustentados em sua vida, é recomendado consultar um médico para localizar as causas, porque o tratamento irá variar. Dito isso, há muitas coisas que uma mulher pode fazer sozinha, incluindo técnicas de atenção plena ou meditação para reduzir o estresse, incorporando mais novidades à vida sexual, como o uso de brinquedos sexuais, porque a novidade pode ajudar a despertar a excitação e o desejo sexual”, explica a médica.

Outra dica é com relação ao autoconhecimento (e a masturbação). “A masturbação melhora a libido, alivia dores relacionadas à menstruação (como cólicas), fortalece o sistema imunológico e até ajuda a exercitar os músculos da região pélvica, prevenindo assim o surgimento de incontinência urinária”, destaca a ginecologista. “Além disso, durante a masturbação são liberados hormônios como a endorfina, que promove bem-estar, melhora o sono e ainda ajuda a reduzir os níveis de estresse.”

Devemos também regular nosso sono e dormir entre 7 e 8 horas por dia. “Isso porque não dormir bem faz com que o organismo diminua a produção de melatonina e aumente a produção de prolactina, que são hormônios contrarreguladores para estímulo gonadal e, consequentemente, causam a diminuição da libido, que também é afetada pelo estresse e exaustão que ocorrem quando não dormimos bem”, aconselha a médica. Procure também se expor ao sol diariamente por, no mínimo, 20 minutos, já que a exposição solar é capaz de produzir endorfinas, como a serotonina, que causam sensação de bem-estar e relaxamento. Mas não se esqueça do protetor solar.

Uma das maiores sugestões é reservar tempo para o sexo, seja se masturbando ou fazendo com um parceiro. A médica também recomenda exercícios, o que aumenta a atividade do sistema nervoso simpático e aumenta o fluxo sanguíneo genital, além de dormir o suficiente, o que ajuda a melhorar os níveis de testosterona e a reduzir os hormônios do estresse, como o cortisol. Alimentos afrodisíacos, incluindo ostras e chocolate, e suplementos de ervas, como a raiz de maca, também podem ajudá-lo a entrar no clima. Vale a pena também investir em uma alimentação balanceada rica em nutrientes variados, que está diretamente ligada à função sexual. “Uma dieta saudável e balanceada pode contribuir muito para uma vida sexual mais satisfatória, pois fortalece os sistemas nervoso e circulatório, melhorando assim a função sexual. Por isso, inclua em sua alimentação diária uma ampla variedade de frutas, legumes, grãos, alimentos integrais, fibras, óleos como azeite e de girassol e carnes magras”, recomenda a médica. Alguns alimentos, como pimenta, romã e ostras, também são interessantes, pois estimulam naturalmente o apetite sexual, ajudando a aumentar a libido. “Resumindo, é importante saber o que é normal para você, quais estratégias são mais eficazes e como sua saúde mental e física pode estar afetando as coisas com a ajuda de um médico ou especialista”, finaliza a ginecologista.

FONTE:

*DRA. ELOISA PINHO: Ginecologista e obstetra, pós-graduada em ultrassonografia ginecológica e obstétrica pela CETRUS. Parte do corpo clínico da clínica GRU Saúde, a médica é formada pela Universidade de Ribeirão Preto, realiza atendimentos ambulatoriais e procedimentos nos hospitais Cruz Azul e São Cristovão, além de também fazer parte do corpo clínico dos hospitais São Luiz, Pró Matre, Santa Joana e Santa Maria.