Saxofonista vence a Covid-19 com a ajuda da música

Depois de perder mais de 25% da capacidade pulmonar, os treinos diários de saxofone ajudam na reabilitação após a doença

Saxofonista vence a Covid-19 com a ajuda da música

O saxofonista Caetano Kraemer, de 45 anos, é um dos brasileiros que conseguiu vencer a Covid-19 após um intenso período no Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba (PR). Internado com um quadro de comprometimento do pulmão entre 25 e 50%, classificada pelos médicos como Covid-19 grave, teve o agravante de uma asma grave disparada pela doença.

De acordo com a equipe que atendeu o saxofonista, a capacidade pulmonar foi reestabelecida em um tempo menor devido aos mais de 20 anos de prática diária do saxofone. Hoje, já em casa, o músico prepara-se para retomar as atividades em meio ao lançamento do primeiro álbum da Ensax Orquestra, única do Brasil com apenas saxofones, e disseminar a importância da música como cultura, mas também como saúde.

“Pacientes que tiveram a Covid-19 precisam melhorar a mecânica respiratória e a força muscular após a doença.  O treino diário que Caetano manteve com o safoxone durante a vida deu a ele uma maior força muscular que evitou inclusive a instalação de deformidades”, explica Wilson Marcos Wansaucheki, fisioterapeuta responsável pelo tratamento do saxofonista.

Durante grande parte do internamento, Caetano precisou ficar sentado ou em pé para evitar trombose ou coágulos no corpo, além de sofrer com crises intermináveis de tosse, perda de memória, falta de ar e de energia, e cansaço intenso. “Quando começaram as fisioterapias respiratórias comecei a escutar jazz, Miles Davis, John Coltrane, Stan Getz e como conhecia as músicas, fazia o movimento de respiração e solfejava as músicas como se estivesse tocando com eles. Isto me ajudou muito a acelerar minha recuperação ainda no hospital e depois em casa”, detalha Caetano.

Para Caetano, a música foi essencial na recuperação, tanto pelo físico, como pelo lado emocional. “Montei uma rotina para conseguir passar o dia, pois quando se está muito debilitado você não vê o tempo passar, não entende o que está acontecendo. Dormia muito, tinha uma exaustão enorme e quando melhorei tinha que lidar com o fato que estava num quarto sozinho o dia todo. A música acabou funcionando para mim de várias maneiras, como meditação, como fisioterapia, para passar o tempo, depois fui descobrir que ainda me ajudava na recuperação do pulmão”, conta.

Os mais de 20 anos de saxofone e uma rotina rígida de exercícios aeróbicos deixaram no músico uma consciência respiratória e técnicas de aproveitamento dos pulmões bem acima da média. “Segundo meu fisioterapeuta isto salvou minha vida pois mesmo quando sai do hospital só tinha respiração torácica, aquela bem curta e rápida”, diz.

Hoje, Caetano mantém uma rotina de treino diário no saxofone, o que exige mais dos pulmões e colaboram para a cura completa da Covid-19. “Nos primeiros dias mal conseguia soprar o instrumento e tocar alguns compassos, agora já consigo tocar por dez ou 15 minutos seguidos. Ainda longe das quase duas horas que duram um show, mas mostra uma evolução e é isto que importa. Meu desejo é que a pandemia acabe logo para retomar os shows com a Ensax Orquestra e comemorar em grande estilo”, finaliza.

Maria Emilia Silveira

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