Pandemia sombria: uma em cada quatro mulheres sofreu algum tipo de agressão no último ano

Pandemia sombria: uma em cada quatro mulheres sofreu algum tipo de agressão no último ano
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A violência contra a mulher continua a ser um assunto recorrente. Não é uma característica da sociedade moderna, já que ao longo da história da humanidade, podem-se identificar inúmeros registros de comportamentos violentos contra o sexo feminino.

Um levantamento recente realizado pelo Datafolha em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública indica que uma em cada quatro mulheres foi vítima de algum tipo de violência na pandemia. Isso corresponde a 17 milhões de mulheres violentadas no último ano.

A Organização Mundial da Saúde designa como violência contra a mulher qualquer ato que resulte em dano físico, sexual, psicológico ou sofrimento, incluindo ameaças, coerção ou privação arbitrária de liberdade, seja na vida pública ou privada.

A pesquisa denominada “Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil” que está em sua terceira edição, ouviu 2.079 mulheres acima de 16 anos, em 130 municípios do país. Na comparação com os dados de 2019, houve um aumento nas agressões dentro de casa, passando de 42% para 48,8%. Os mais citados como autores das agressões são os companheiros, namorados e ex-parceiros.

Para a professora da área de humanidades do Centro Universitário Internacional Uninter, Sandra Morais Ribeiro dos Santos, muitos casos poderiam ser evitados se ocorresse interferência de vizinhos, familiares ou autoridades. “Precisamos nos posicionar e agir com veemência. A pandemia da Covid-19 apenas agravou toda uma situação que já era insustentável. O ‘fique em casa’ tornou-se uma sentença de abuso e até mesmo de morte em muitos casos”, analisa a professora.

Apesar de diversas leis serem direcionadas para o enfrentamento da violência contra a mulher, fracas sanções legais ainda colaboram para que o quadro não mude. As leis são importantíssimas para a proteção das vítimas, entretanto, mais relevante ainda é a efetivação dessas leis, visando não somente coibir as ações, mas também responsabilizar o culpado para que não reincida nos atos contra a vítima.

“São imprescindíveis intervenções educacionais que incluam discussões em escolas e universidades sobre a questão da igualdade de gêneros, e que mobilizem toda sociedade. A transformação desta realidade passa pela mudança de crenças e normas, empoderamento das mulheres, garantia de direitos, fortalecimento de relacionamentos, prevenção de abusos e redução da pobreza”, conclui a professora