Especialistas em negócios internacionais da iniciativa privada, do setor público e de entidades de classe deram início nesta terça-feira a dois dias de debates promovidos pelo pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) por meio do Centro Internacional de Negócios (CIN/PR), em parceria com o World Trade Center Curitiba (WTC). O Seminário de Negócios Internacionais do Paraná reúne experts em internacionalização de empresas, serviços e produtos paranaenses, além de representantes do governo municipal, estadual e federal, da indústria e de agências de fomento. O evento online é transmitido no canal do YouTube do WTC e tem inscrições gratuitas (que podem ser feitas neste link). O World Trade Center, assim como o CIN/PR, a Fiep e os demais parceiros do Seminário, têm como objetivo estratégico potencializar os negócios internacionais das empresas associadas, bem como o ecossistema industrial e de inovação em que elas estão inseridas.
A abertura do Seminário, pela manhã, contou com as presenças de Carlos Valter Martins, presidente da Fiep, e Daniella Abreu, presidente do WTC Curitiba, Joinville e Porto Alegre. “Eventos como esse enfatizam o engajamento do Paraná e o potencial de nossas empresas em se internacionalizar. Com união de forças do setor produtivo e industrial, colocamos à disposição dos players paranaenses a rede do World Trade Centers Association (WTCA) para oferecer nossos produtos e serviços para o mundo”, afirmou Daniella.
Para Martins, a Fiep busca ser um indutor para negócios internacionais. “Como industrial, sempre acreditei nos relacionamentos comerciais entre países, que podem ser incrementados por agentes como a Fiep. Com o CIN/PR, daremos sequência a este movimento. Ainda aproveitamos pouco as interações na Região Sul, em que saúdo a atuação do WTC em sintonia nos três estados, e também na América do Sul, principalmente no potencial de comércio, indústria e turismo. A evolução dos negócios é possível e a Fiep está à disposição.”
Na programação do primeiro dia, a sessão da manhã “Relações Internacionais e Comércio Exterior: incertezas e atuação governamental” foi mediada por Isabela Andrade, analista de Relações Internacionais da Fiep, e contou com apresentações de Rodolpho Zannin Feijó, assessor de Relações Internacionais da Prefeitura de Curitiba; Giancarlo Rocco, diretor de Desenvolvimento Econômico e Relações Internacionais da Invest Paraná; e Gabriel Isaacson, coordenador do escritório Sul da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex).
“Curitiba ocupa um papel importante geograficamente na região do Mercosul. Somos um polo de inovação com a força econômica do Paraná, próximos ao Porto de Paranaguá, localizados entre São Paulo e Buenos Aires. Isso reforça a necessidade de encontrar soluções coordenadas e inovadoras para o futuro. Nosso cenário internacional vive uma erosão do sistema de cooperação exclusivo das nações. A autonomia jurídica que temos para essas cooperações torna cada vez mais evidente que o papel está migrando para cidades e regiões, em uma diplomacia paralela. A interação multisetorial é fundamental nesse sentido, com o espaço público servindo para o diálogo com os setores produtivos e a academia”, reforçou Feijó.
O secretário destacou ainda que planejamento de longo prazo é necessário para a cidade, com a Agenda 2030. “Realizamos o encontro dos Brics, há dois anos, o maior evento diplomático em 15 anos. Uma semana depois, concretizamos possibilidades de financiamento e ajuda para Curitiba, como a Agência Francesa, o BID e o Banco dos Brics. Temos investimentos de R$ 1,6 bilhão previstos para os próximos cinco anos para desenvolver agendas internas no enfrentamento das mudanças climáticas, dentro das prioridades do Encontro de Paris.”
Giancarlo Rocco detalhou a atuação da Invest Paraná com foco na geração de emprego e renda. “Isso também envolve o auxílio à internacionalização. Quando uma empresa vem nos procurar, busca informações de inteligência de mercado, programas de incentivo e crédito e busca da localidade. Temos atuado fortemente com os municípios, para munir de dados na tomada da decisão correta a partir do nicho de atuação. Também pela identificação de fornecedores e interface com outros órgãos de governo. A Invest foi pensada como porta de entrada única com tudo que é necessário, para reduzir as burocracias com o governo estadual.”
“Costumamos dizer que ‘montamos a festa e colocamos o salão a disposição’, mas se não existe um ator com o potencial do Paraná, nada é feito. A exemplo da presença na Expo 2020 em Dubai, que foi adiada para este ano. Temos quase 60 projetos setoriais com 5.585 empresas apoiadas. Estamos à disposição para dar foco ao Paraná e a todas as potencialidades do estado. Acredito nos negócios internacionais como esforço integrado de inserção do Brasil nas cadeias globais. O tempo de apenas exportar mudou e o nosso foco deve ser olhar de fato a inserção do país no ambiente global”, afirmou Gabriel Isaacsson, da Apex.
Cases de competitividade
Já a sessão da tarde, a partir das 14h, abordou “A busca das empresas pela competitividade no mercado externo”, com exemplos de sucesso e apresentação de experiências de empresas paranaenses. Com mediação de Isabela Garcia, assessora de relações internacionais da Invest Paraná, o encontro online contou com o analista de relações internacionais da Fiep, Eduardo Ribas; a diretora executiva da Carob House, Eloisa Orlandi, que apresentou o case de internacionalização da marca; Gislayne Muraro, diretora executiva da ADVB-PR; e Pablo Prado, vice-presidente de vendas na América Latina do Straumann Group, que adquiriu em 2015 a Neodent; Rui Lemes, diretor da Fecomércio-PR; Ricardo Dellaméa, consultor do Sebrae-PR; e Alisson Sato, sócio gerente da Qualinova – empresa de alimentação inteligente, fundada em Pinhais em 2008, que se tornou case de exportação e está presente em países como Paraguai e Estados Unidos.
“A Neodent foi fundada em 1993 em Curitiba, inaugurando sua primeira filial internacional em 2006, em Lisboa. Em 2012, a Straumman adquiriu 49% da Neodent, com a aquisição total concluída em 2015. O desafio foi transformar a Neodent em uma empresa competitiva no mercado internacional. Como investimentos, R$ 190 milhões estão sendo direcionados para a nova fábrica, com geração de 700 novos empregos e novas unidades de negócio”, detalha Pablo Prado.
Com 56 anos de atuação, a ADVB representa profissionais de vendas e marketing no Paraná. “Acompanhamos como mudou a forma de se fazer marketing, que evolui com a tecnologia e as ações humanas. Investimos muito na capacitação dos profissionais, e no networking para conhecer as boas práticas em empresas que estejam se internacionalizando. Temos na ADVB casos de empresas assim”, conta Gislayne Muraro.
Já Eloisa Orlandi apresentou o case dos produtos da Carob House. “Como matéria-prima, a alfarroba é conhecida no exterior. Mas com a qualidade que oferecemos, sem glúten, sem açúcar, sem leite, com alto valor nutricional agregado, ainda é pouco consumido. Entre os desafios, por exemplo, está a entrada no mercado suíço, que consome o chocolate tradicional de cacau. E estamos atentos às tendências, como a alta do veganismo nos últimos anos. Há 17 anos, quando surgimos, era bem complicado vender um produto assim. É fundamental prepararmos este caminho em busca da competitividade.”
“Quando falamos em internacionalizar o negócio, vai além de importar ou exportar. Trata-se de melhorar como player do mercado, interno e externo. Se tornar mais competitivo por meio de uma estratégia ampla e abrangente em toda a cadeia de suprimentos de negócios. É isso que buscamos com a atuação de fomento internacional do Sebrae Paraná”, enfatizou Ricardo Dellaméa.
Última sessão
Nesta quarta-feira (25), a partir das 9h, serão debatidas as “Relações comerciais do Paraná com a América Latina: oportunidades e prioridades”, na terceira e última sessão do Seminário de Negócios, que tem como objetivo o fortalecimento das relações entre diferentes países e a aproximação do empresário paranaense do mercado internacional, com ênfase em informações sobre exportações e investimentos no Chile, Peru, Paraguai e Colômbia. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas neste link.
Sobre o World Trade Center
O WTC é um ecossistema global de comércio e investimento, criado há mais de 50 anos como um ponto central de cooperação e conexão, visando a organizar e facilitar a expansão de negócios internacionais. Trabalha para dar continuidade ao legado do WTCA de criar prosperidade e desenvolvimento econômico relevante, com foco no Brasil, mostrando ao resto do mundo o que os estados do Sul têm de melhor a oferecer e perseguindo mais oportunidades para nossos associados. O WTC busca aumentar a competitividade das empresas locais, gerar negócios, fomentar o comércio internacional, disseminar melhores práticas globais, fomentar a educação e a liderança empreendedora e trazer inovação e investimentos para o país.