A lipoenxertia é uma abordagem cirúrgica popular para o rejuvenescimento, mas um novo estudo publicado no Aesthetic Surgery Journal analisa que o procedimento pode melhorar a acne em alguns pacientes.
Embora quase todo mundo tenha experimentado em algum momento da vida uma pele com espinhas, alguns casos podem realmente representar uma acne resistente. “A acne pode estar inflamada ou não. Quando ocorre essa inflamação, ela é mais grave e pode causar pústulas com vermelhidão, inchaço e desconforto. Quando não inflama, ela é geralmente responsável por cravos e pápulas. Além da genética, muitos hábitos de vida podem influenciar a acne, incluindo alimentação e o uso equivocado e sem orientação de produtos cosméticos, o que pode ajudar a torna-la resistente a tratamentos tópicos convencionais”, afirma a dermatologista Dra. Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Um novo estudo, publicado no Aesthetic Surgery Journal avaliou que a lipoenxertia, um procedimento de injeção de gordura do próprio paciente e uma abordagem cirúrgica popular para o rejuvenescimento, melhorar a acne em alguns pacientes.
De acordo com o estudo, médicos perceberam que alguns pacientes com acne se beneficiaram do tratamento rejuvenescedor com gordura, então os pesquisadores decidiram analisar o mecanismo de ação pelo qual essa melhora ocorre. “A lipoenxertia facial pode melhorar as lesões inflamatórias da acne e um indicativo do mecanismo de ação se deve pelo fato de a gordura ser rica em células-tronco que reduzem as respostas inflamatórias”, afirma a médica.
Segundo o cirurgião plástico Dr. Paolo Rubez, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica (ASPS), como a gordura é do próprio paciente, a técnica é biocompatível e não há os riscos de rejeição. “E, mesmo sabendo que cerca de 50% do material enxertado pode ser absorvido pelo organismo, a quantidade restante é repleta de células-tronco capazes de melhorar a qualidade e o aspecto da pele”, afirma o cirurgião plástico. “O primeiro passo é retirar a gordura de outra região, que pode ser dos culotes, partes internas ou externas das coxas, costas ou abdômen — sendo que esta última área é a mais comum. O procedimento é feito através de uma cânula que fará a lipoaspiração do material, levando-o para um recipiente separado. Nele, o médico eliminará partes desnecessárias para que a gordura fique limpa e pronta para ser enxertada no local desejado”, afirma o médico. Logo após, a gordura é injetada na região facial. O procedimento é feito sob anestesia local e sedação ou anestesia geral quando associado a outras cirurgias.
No estudo, fotografias digitais pré e pós-operatórias foram examinadas retrospectivamente em 229 pacientes submetidos à lipoenxertia para comparar o número de lesões inflamatórias de acne. O número de lesões inflamatórias de acne antes e depois do tratamento foi medido. Dos 229 pacientes avaliados retrospectivamente que foram submetidos à lipoenxertia, 22 tinham acne e tinham dados de acompanhamento completos; nestes pacientes, o número de lesões de acne foi significativamente menor depois do que antes do tratamento.
Segundo a Dra. Paola, apesar do estudo, essa não deve ser a primeira opção de escolha para o tratamento da acne. A médica explica que pessoas com acne inflamada leve podem se beneficiar do uso de tratamentos que contêm peróxido de benzoíla, adapaleno ou ácido salicílico. “O objetivo do tratamento da acne é minimizar futuras crises e ajudar a prevenir cicatrizes e sofrimento emocional. Isso pode ser especialmente comum entre pessoas com acne grave. Os médicos podem tratar a acne inflamada com terapias via oral ou tópicas de antibióticos, que podem ajudar a matar as bactérias da acne e acalmar a inflamação, além do uso oral de pílulas anticoncepcionais em pacientes mulheres para ajudar a equilibrar hormônios que causam crises de acne; no caso de casos mais graves, terapias de laser ou de luz, probióticos por via oral ou isotretinoína podem ser usados”, explica a médica. “O tratamento com injeção de gordura poderá ser uma opção principalmente para pacientes de acne adulta que precisam rejuvenescer e melhorar os sinais de inflamação”, finaliza a Dra. Paola.
FONTES:
*DRA. PAOLA POMERANTZEFF: Dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD), tem mais de 10 anos de atuação em Dermatologia Clínica. Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina Santo Amaro, a médica é especialista em Dermatologia pela Associação Médica Brasileira e pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, e participa periodicamente de Congressos, Jornadas e Simpósios nacionais e internacionais. http://www.drapaola.me/
*DR. PAOLO RUBEZ: Cirurgião plástico, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica (ASPS) e da International Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS), Dr. Paolo Rubez é Mestre em Cirurgia Plástica pela Escola Paulista de Medicina da UNIFESP. O médico é especialista em Cirurgia de Enxaqueca pela Case Western University, com o Dr Bahman Guyuron (em Cleveland – EUA) e em Rinoplastia Estética e Reparadora, pela mesma Universidade, e pela Escola Paulista de Medicina/UNIFESP. http://drpaolorubez.com.br/