Sanepar divulga receita de sabão caseiro irregular que pode causar explosões! 

Mostrando falta de conhecimento sobre legislação para fabricação de sabão, a Empresa de Saneamento do Paraná (Sanepar)  divulgou em suas redes sociais uma receita de sabão caseiro a partir de óleo vegetal usado. A publicação ignora fatores de risco, como o uso de soda cáustica e a mistura de óleo vegetal em um ambiente fora de controle sanitário que pode causar problemas de contaminação inclusive contra a própria rede de esgoto da Sanepar.  


“ O óleo vegetal usado precisa ser destinado para descarte correto, através de empresa especializada, para evitar que este material extremamente contaminante prejudique o meio-ambiente, cause entupimento nas tubulações ou seja reutilizado como óleo pirata.  Mas a internet possui inúmeros vídeos e tutoriais ensinando a usar este óleo usado na fabricação de sabão caseiro e me assusta agora que até mesmo órgãos oficiais divulguem esta prática perigosa” explica Vitor Dalcin, diretor executivo da Ambiental Santos.

 

O que seria uma ideia interessante pela boa intenção de reciclar este material – que, em teoria, ajudaria o meio ambiente e na economia doméstica – é, na verdade, uma grande ameaça.

Um dos maiores perigos domésticos ao tentar fazer sabão caseiro com óleo de cozinha usado são as inúmeras fórmulas que mostram o óleo usado como um ingrediente seguro: “Na verdade, o óleo usado em frituras para fazer sabão, quando manipulado com outros produtos químicos, pode ser uma combinação perigosa” lembra Vitor.

Manuseio irresponsável vai causar acidentes

Uma das maiores armadilhas destas receitas é a indicação para misturar soda cáustica com óleo no processo de produção. O simples contato deste material com a pele, a inalação ou a ingestão acidental deste tipo de produto causa problemas graves, como queimaduras internas, só para citar alguns dos perigos. O tratamento destas lesões por acidente via soda cáustica é complexo e demorado.

 

O risco de explosão é outra preocupação na fabricação de sabões caseiros. Em 2015, uma mulher de 26 anos teve parte do corpo queimado quando foi atingida por uma explosão enquanto fazia sabão caseiro em Uberlândia, Minas Gerais. Ao mesmo tempo em que a mulher misturava óleo de cozinha com soda cáustica, também estava cozinhando o almoço quando uma reação química provocou a explosão. De acordo com vizinhos, para escapar da fumaça tóxica, a vítima pulou da sacada do 2º andar, de uma altura aproximada de 7 metros;

“A soda cáustica se aquece espontaneamente quando entra em contato com a água, destruindo as células de pele assim que entra em contato. É um produto químico registrado na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como um saneante corrosivo, portanto não deve ser manipulado em hipótese alguma” alerta Vitor.

Eficácia zero

Outro detalhe negativo da produção caseira é sua ineficácia. Enquanto sabões normais têm pH alcalino (entre nove e 10), barras de sabão caseiras geram um produto com pH bem mais ácido, sem capacidade de combater qualquer contaminação –  uma vez que é o meio alcalino que impede a proliferação de bactérias;

 

“Além de perigoso na produção, o resultado será um sabonete ineficiente. Convenhamos que em tempos de COVID-19, usar um sabão que não limpa e nem higieniza absolutamente nada, também é uma irresponsabilidade”.

 

Como transformar óleo usado em sabão de forma segura

A única forma de conseguir sabão de qualidade usando óleo vegetal usado é através de empresas responsáveis que fazem a troca deste material por produtos de limpeza:

 

“A Ambiental Santos tem esta preocupação com a troca do óleo usado por produtos de limpeza. Pessoas físicas e jurídicas podem ter 10% do total do óleo usado por 10 litros de detergente líquido ou água sanitária ou, se preferir, 5% do total do óleo usado por 5kg de sabão em pedra ou sabão em pasta. Sem dúvida alguma, esta é a maneira mais segura de transformar óleo usado em sabão” finaliza Vitor.