Troca de animais entre Itaipu e Klabin vai aperfeiçoar programas de reprodução das duas instituições

Coordenador do Parque Ecológico Klabin (PEK), Paulo Schmidlin

O Refúgio Biológico de Itaipu enviou três pacas e recebeu um casal de gatos-maracajá do Parque Ecológico Klabin, de Telêmaco Borba

Uma troca de animais entre Itaipu Binacional e Klabin vai potencializar os programas de reprodução de espécies das duas instituições. Na quarta-feira (10), o Refúgio Biológico Bela Vista (RBV), da Itaipu, enviou três pacas (Cuniculus paca) até o Parque Ecológico Klabin (PEK), em Telêmaco Borba, na região central do estado. Em troca, o RBV recebeu, na quinta-feira (11), um casal de gatos-maracajá (Leopardus wiedii).

Paca, durante o transporte, enviada ao Parque Ecológico Klabin (PEK)

O intercâmbio de roedores por felinos é importante para recompor o plantel de animais de acordo com o plano de populações do RBV e do PEK. As pacas não fazem mais parte das espécies trabalhadas no Refúgio Biológico da Itaipu, que passa a investir na reprodução de outras espécies de roedores, como a cutia (Dasyprocta sp), por exemplo. Já para o PEK, as três pacas vão socializar com o único animal existente no plantel da Klabin.

 

O casal de gatos-maracajá que chega a Foz do Iguaçu une-se aos cinco animais (três fêmeas e dois machos) do plantel do RBV. Recentemente, Itaipu enviou suas últimas três jaguatiricas (Leopardus pardalis) para o Gran Parque Iberá, na Argentina, optando por focar o trabalho com os gatos-maracajá. Os dois animais vão compor o programa de reprodução dessa espécie, por meio da formação de novos casais.

“Cada instituição consegue focar bem em alguma espécie que, no momento, é mais relevante em relação à biodiversidade e à vulnerabilidade daquele animal na região”, explica a médica-veterinária da Itaipu, Fabiana Stamm. As pacas têm a importância ambiental como dispersoras de sementes na floresta e os gatos-maracajá ajudam a manter o equilíbrio ecológico como predadores de outras espécies menores. As duas espécies são classificadas com vulneráveis no Paraná.

A troca dos animais também melhora a diversidade genética da espécie na região, por meio do cruzamento com outros animais. Eles se candidatam, ainda, para futuros programas de solturas das espécies tanto nas áreas de influência da Itaipu, quanto na região de Telêmaco Borba. “Com a chegada de novos animais também conseguimos abordar a questão da educação ambiental, explicando sobre as espécies ameaçadas de extinção para os visitantes do Parque”, colabora o coordenador do PEK, Paulo Schmidlin.

Segundo Fabiana Stamm, desde 2022 a Itaipu faz um monitoramento da fauna na região, com a instalação de câmeras ao longo do RBV e pelo avistamento de biólogos de campo. Com base nesse monitoramento, o plano populacional do Refúgio é atualizado constantemente. A parceria com o Parque Ecológico da Klabin ajuda a seguir o plano populacional. “O RBV e o PEK têm muitas espécies em comum o que facilita o intercâmbio”, diz Fabiana. “Essa parceria agrega conhecimento técnico e melhora nossos bancos genéticos”, complementa Paulo Schmidlin.

Intercâmbio

A troca dos animais começou na manhã de quarta-feira (10), com a saída das três pacas do Refúgio Biológico de Itaipu, em Foz do Iguaçu. Elas foram colocadas em caixas e levadas em caminhonetes até Telêmaco Borba, pela veterinária Fabiana Stamm e pelo biólogo Marcos de Oliveira. A chegada ao PEK aconteceu na tarde da quarta-feira. Após uma visita técnica ao local, na quinta-feira (11), os dois profissionais da Itaipu voltaram com o casal de gatos-maracajá.

Antes de serem transportados, os animais passaram por uma bateria de exames para atestar que estavam saudáveis. Depois, foi feita uma ambientação nas caixas de transporte, além do fornecimento de alimentação para que eles pudessem suportar o transporte sem problemas. Durante o deslocamento, foram feitas algumas paradas para avaliar o bem-estar dos animais, como temperatura e acondicionamento nas caixas.

“Quando eles chegaram na instituição, foi feita uma triagem com a coleta de exames de sangue, urina e outros materiais biológicos que são analisados em laboratório, para testar todos os tipos de doença de cada espécie”, explica o coordenador do PEK. As pacas e os gatos-maracajás foram colocados em quarentena e aguardam os resultados dos exames para serem gradualmente introduzidos aos recintos de suas espécies, onde vão cumprir seus ciclos ambientais.

RBV e PEK

Com a chegada do casal de gatos-maracajás, o Refúgio Biológico Bela Vista (RBV) conta, agora, com um plantel de 317 animais, de 54 espécies. Com uma área de 1.780 hectares, o local é pioneiro na reprodução de várias espécies, tendo o maior plantel da ave-símbolo do harpias (Harpia hapyja) do mundo, além do bem-sucedido programa de reprodução de onças-pintadas (Panthera onca), e de ajudar com a reintrodução de jaguatiricas, mutuns-de-penacho (Crax fasciolata) e de outras espécies na região de Corrientes, na Argentina.

Já as três pacas vão compor um plantel de cerca de 180 animais de 50 espécies diferentes do Parque Ecológico Klabin. Criado na década de 80, o PEK é mantido pela Klabin, maior produtora e exportadora de papéis para embalagens e soluções sustentáveis em embalagens de papel do Brasil, para promover a conservação da biodiversidade, a manutenção e reabilitação de animais silvestres e a preservação de espécies. O espaço de 9.852 hectares, dos quais 91,6% são compostos por áreas de floresta nativa, também é utilizado para educação ambiental e o desenvolvimento de pesquisas científicas com a fauna e a flora locais.

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