sábado, 22 fevereiro 2025
26.5 C
Curitiba

A reforma política é fundamental

Por Nelson Wilians*

A frase “nunca desperdice uma boa crise”, do ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill, praticamente virou um preceito nesse “novo normal” que vivemos atualmente.
O momento é mesmo propício para transformações à medida que o coronavírus perde força. Mas, mais do que apenas estimular o crescimento econômico, devemos nos guiar para construir uma nova realidade, que passa, necessariamente, por uma reforma política.
Há anos na pauta parlamentar (desde a promulgação da Constituição, em 1988), a reforma política resume-se quase sempre a interesses eleitorais casuísticos, de curto prazo, como a PEC que está agora na CCJ do Senado.
Melhorar e fortalecer o sistema eleitoral e os partidos políticos com o objetivo de torná-los legitimamente democráticos e facilitar os processos eleitorais, sem dúvida, é muito importante. No entanto, essa é apenas uma das faces de uma mudança maior, que passa ainda por apurar a governança do Estado e tornar a administração mais eficiente.
Num contexto mais amplo, a reforma política deve reparar o próprio processo de tomada de decisão, alicerçado nos princípios democráticos, e, obviamente, ser a base para novos sistemas institucionais.
Em suma, a reforma política deve encontrar meios para que os brasileiros exerçam o poder constitucional diretamente; e o aperfeiçoamento e a elaboração de novas estruturas institucionais são questões-chave até para a sobrevivência da democracia.
Nesse sentido, a reforma política deve ser vista como fundamental na crítica às relações estruturais que compõem o sistema, com a possibilidade, inclusive, dos cidadãos revogarem mandatos governamentais. A democracia representativa precisa ser aprimorada para tornar os partidos políticos verdadeiramente democráticos e facilitar os processos eleitorais.
As atuais instituições não conseguem cumprir totalmente os objetivos da Constituição, evidenciando um abismo entre o eleitorado e seus representantes, e, portanto, abrindo espaço para inconsequências oportunistas que desafiam os processos democráticos, e, para as quais, não temos uma apólice de seguro. Vide a proposta aprovada pela Câmara no mês passado com a volta das coligações em eleições proporcionais, que haviam sido derrubadas pelo Congresso em 2017. Por sorte, o tema foi barrado no Senado (vale ressaltar que o Brasil mexe no seu sistema eleitoral e político praticamente a cada biênio).
Uma descentralização do sistema judiciário, com mecanismos que tornem esse órgão responsável perante a população, também é necessário para uma revisão na forma, por exemplo, de como os juízes são nomeados e os cargos nos tribunais, incluindo o Supremo Tribunal Federal, são preenchidos.
A reforma política não possui uma única frente, mas deve ser sim a primeira de todas as reformas, para garantir a democracia, fomentar a participação e incluir projetos verdadeiros de mudança social. Porém, que seja uma discussão feita por toda a sociedade brasileira. Só é impossível se não tentarmos.
*Nelson Wilians é empreendedor e advogado

Destaque da Semana

Shopping Curitiba destina 65% dos seus resíduos para reciclagem e compostagem

Curitiba é referência nacional em reciclagem no país. Aqui,...

Dieta carnívora: por que comer só produtos de origem animal é um risco

Sucesso nas redes sociais, o plano alimentar recomenda a...

“Histórias: Show do Século” anuncia data em Curitiba com grandes nomes do sertanejo

Festival acontece no dia 1º de novembro na Ligga...

Artigos Relacionados

Destaque do Editor

Popular Categories

Mais artigos do autor