A cantora e compositora Juçara Marçal começa a revelar, com o single “Crash”, as cores e camadas de seu segundo disco solo. Sucessor do aclamado “Encarnado”, “Delta Estácio Blues” está sendo finalizado pela artista ao lado do produtor musical Kiko Dinucci. Composição de Ogi, “Crash” apresenta uma nova faceta da artista e chega com um clipe assinado pela diretora carioca Ana Julia Theodoro (@najur__). O lançamento é uma realização Natura Musical / QTV Selo / Mais um Discos.
Ouça “Crash”: https://onerpm.link/Crash
Assista ao clipe na vertical no IGTV: https://www.instagram.com/tv/CTS1-2qAKnG
“Delta Estácio Blues” trará a forte presença de Juçara como compositora em todas as etapas e processos de criação: nas colagens eletrônicas que levaram às bases das músicas; letras, melodias, parcerias e poesias; nas variações e investigações que realiza sobre o próprio canto e voz. O primeiro single aproxima a linguagem da artista do rap e do hip hop, em uma espécie de plano sequência musical inspirado no cinema e como uma homenagem à sétima arte.
“‘Crash’ é ataque surpresa, colisão. É grito de vingança. É usar o poder da raiva com astúcia. A base bombástica, pesada, é de Kiko Dinucci. Os versos contundentes são de Rodrigo Ogi, capaz de aliar com precisão e naturalidade Kill Bill, orixá Ogum guerreiro, cenas de HQ, como metáforas do destemor e da violência estratégica”, conta Juçara.
Cantora do Metá Metá, ela integrou os grupos Vésper Vocal, A Barca e Ilu Obá De Min. Em 2014 lançou seu primeiro disco solo, “Encarnado”. O álbum foi um sucesso de público e crítica e venceu o Prêmio APCA, Governador do Estado e Multishow, entre outros. No ano seguinte, Juçara lançou “Anganga” ao lado do músico e experimentador carioca Cadu Tenório.
Em 2017, inspirada no livro “O mito de Sísifo” de Albert Camus, ela lançou “Sambas do Absurdo” com Rodrigo Campos e Gui Amabis. Desde 2018, Juçara realiza, ao lado de Kiko Dinucci e Thais Nicodemo, o show “Brigitte Fontaine”, em que canta em francês repertório da artista. Em fevereiro de 2019, Marçal estreou como atriz na peça “Gota d’água {Preta}”, montagem do clássico de Chico Buarque e Paulo Pontes, com elenco majoritariamente negro. Agora ela busca uma nova página nessa carreira de êxitos.
No novo álbum, Juçara Marçal trará também parcerias de composição com Tulipa Ruiz, Siba, Rodrigo Campos, Maria Beraldo e Douglas Germano, além de participação de Catatau na faixa que assinam juntos. A ideia do trabalho é abordar a música eletrônica fora dos clichês e gêneros já conhecidos, propondo novos cenários, investigações rítmicas e buscando um diálogo com o pop, sem deixar de lado a inquietude e a ligação estreita com a música brasileira.
Se em “Encarnado” o clima era de tensão, aridez e luto, agora Juçara procura criar edificações, a partir de lascas, destroços, restos, cacofonias. Presentes nas canções, temas que revelam posicionamentos da artista enquanto mulher negra no Brasil de hoje. Racismo, negritude, feminino, ancestralidade surgem em versos contundentes, sem nunca perderem de vista a poesia. Isso surge na música e no potente vídeo que acompanha “Crash”.
“Fiquei muito impressionada com a forma como Naju filma: imagens ágeis, feitas na vertical, para serem vistas na tela do celular. Tudo muito atual, acelerado, urgente. O conteúdo também é algo que impacta. Ela retrata um Rio de Janeiro diferente daquele mais conhecido: o Rio Zona Sul, de belas praias, cartões postais do Brasil, cenário que imediatamente nos leva ao som da bossa nova. O Rio de Janeiro de Naju é o da periferia, é marcadamente negro, é fervilhante… é o Rio do choque de realidade, do jeito de corpo moldado pelo revés, pronto pro embate e pro salto. E o fato de Naju ser skatista não é mera coincidência.”, conta Juçara.
E a cineasta completa: “A ideia principal por trás do vídeo, é mostrar a rua, a agitação suburbana que acontece conforme a batida da música. Tendo como protagonistas — em cenas rápidas — pessoas em situação de vulnerabilidade, revelando a invisibilidade do morador de rua, sobretudo por conta do aumento em grande proporção de pessoas nessa situação nos últimos meses. A ideia das máscaras é passar uma perspectiva artística, e também uma forma de abordagem nas pessoas em que cheguei, tranquilizando elas por não estarem aparecendo seus verdadeiros rostos, mas também sendo uma forma de quem tá na rua protagonizar o projeto”.
Em processo de finalização, o projeto contará com o patrocínio do Natura Musical, garantindo a finalização, gravação e lançamento do disco, que poderá ser ouvido nas plataformas de streaming e baixado através do site da cantora (http://jucaramarcal.com.br). Além disso, o projeto também prevê a transmissão de um show / live de lançamento do disco gravado na Casa Natura Musical em São Paulo e dirigido por Luan Cardoso, e duas lives/conversas sobre o processo de criação do álbum.
O lançamento será do selo carioca QTV, responsável por trabalhos de Negro Leo, Tantão e os Fita e MBÉ e do histórico disco de estreia do Índio da Cuíca.
Juçara Marçal foi selecionada pelo programa, através do Edital Natura Musical 2020, ao lado de nomes como Linn da Quebrada, Bia Ferreira, Kunumi MC, Rico Dalasam. Ao longo dos 16 anos, Natura Musical já ofereceu recursos para mais de 140 projetos no âmbito nacional, como Lia de Itamaracá, Mariana Aydar, Jards Macalé e Elza Soares.
“A música propõe debates pertinentes, que impactam positivamente na construção de um mundo melhor. Acreditamos que os projetos selecionados pelo edital Natura Musical podem contribuir para a construção de um futuro mais bonito, cada vez mais plural, inclusivo e sustentável”, afirma Fernanda Paiva, Head of Global Cultural Branding.