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Liberdade e escravidão nas reflexões do Dia da Bíblia em 2021

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(*) Márcio Pelinski

Faz 50 anos que a Igreja Católica, aqui no Brasil, comemora setembro como o Mês da Bíblia e 30/09 o Dia da Bíblia. Pois este mês temático tem como objetivo pastoral a propagação e o aprofundamento dos textos bíblicos. É escolhido um livro por ano para estudo, de forma alternada entre os livros do Antigo e do Novo Testamentos. Para 2021 o livro escolhido foi Gálatas que fica no Novo Testamento.

Tal livro é uma carta que foi escrita pelo apóstolo Paulo – entre os anos 53-57 d.C. – com o intuito de resolver dificuldades presentes em uma rede de comunidades da Galácia (Ásia Menor). Lá haviam contendas criadas por um grupo de cristãos judaizantes, pois eles defendiam um cristianismo que deveria passar obrigatoriamente pelas práticas e doutrinas judaicas, conforme explicam os capítulos 3 (versículo 1) e 6 (versículo 17).

As comunidades destinatárias da mensagem eram compostas de pessoas oriundas de várias regiões, sendo assim caracterizadas pela diversidade de culturas, línguas e experiências religiosas. Nesta região ocorriam também muitas negociações de compra e venda de escravos. Então as características e problemas destas comunidades dão a tônica da mensagem, sobretudo no antagonismo entre liberdade e escravidão.

Depois de apresentar-se como apóstolo na carta – contrapondo-se aos questionamentos de alguns que não o reconheciam com membro original do grupo de doze apóstolos –, Paulo discorre sobre o Evangelho pregado e sobre sua experiência e itinerário vocacional. Na sequência da epístola, o tema da liberdade passa pela atuação dos seguidores do Evangelho. Ele indica que deve ocorrer de forma livre pela fé e não pela escravidão da lei judaica.

Diante do problema com o grupo dos judaizantes, no capítulo três o autor usa a promessa feita à Abraão da descendência entre as nações, plenificada em Cristo, para incluir os Gálatas como herdeiros da Aliança pela fé e indicando que recebam a filiação divina no batismo. A lei foi explicada por Paulo como um processo pedagógico até que a fé fosse revelada em Cristo. Ele ainda exorta os Gálatas de que, sendo livres, não se deixassem prender por novos fardos.

Em um contexto de pessoas escravizadas ou limitadas por imposições político-sociais, o apóstolo apresenta a mensagem cristã como fonte de liberdade. Diante também da diversidade dos membros das comunidades, Paulo apresenta a fé em Cristo com fator de unidade: “Não há mais judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher, pois todos vós sois um só em Cristo Jesus” (capítulo 3, versículo 28).

O contexto problemático destas comunidades e a resposta do autor da carta aos Gálatas ilumina também a atualidade. Em um ambiente de diversidades devem ser considerados não os pontos de separação, mas os pontos que convergem e unem. Aprende-se também com tal carta que a verdadeira liberdade consiste na compreensão da dignidade humana que brota da salvação realizada por Jesus, quem gratuitamente entregou-se e rompeu as divisões que hierarquizam pessoas. Todo aquele que compreende e experimenta esta graça do Senhor deve ser capaz de viver, em Cristo, a plena liberdade (capítulo 2, versículo 20).

(*) Márcio Pelinski é mestre em Teologia e professor da Área de Humanidades do Centro Universitário Internacional UNINTER

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