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Pandemia leva pacientes com câncer a adiar tratamento, o que pode agravar a doença

Dr. Gustavo Smaniotto, do Instituto Radion (crédito divulgação)

A pandemia de Covid-19 trouxe muitas consequências nefastas para a saúde dos brasileiros e nem todas envolvem diretamente o novo coronavírus.  Muitos pacientes com medo de serem contaminados pelo coronavírus adiaram consultas e exames primordiais para o diagnóstico do câncer, podendo comprometer o prognóstico do tratamento. O diagnóstico tardio pode afetar o sucesso da terapêutica e tende a necessitar tratamentos mais agressivos, aumentando as taxas de mortalidade.

A tendência é observada em âmbito nacional desde o início da pandemia, onde estatísticas apontam que houve um declínio das consultas já agendadas e de novas consultas, quando comparado ao mesmo período do ano sem pandemia na rede privada. No SUS a situação é mais agravante, já que muitas Unidades Básicas de Saúde foram destinadas exclusivamente para atendimento de Covid-19, privando pacientes com outras doenças de receber o primeiro atendimento.

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Mastologia, entre março e abril deste ano houve queda de 70% na procura aos exames preventivos e tratamentos nos hospitais públicos na busca pelo diagnóstico e tratamento para o câncer de mama. O medo da contaminação pelo novo coronavírus afastou as mulheres das unidades de saúde.

No Radion – Instituto de Oncologia e Radioterapia de Curitiba, foi constatada também a redução no número de tratamentos. A grande preocupação é em relação ao fornecimento de tratamento adequado ao paciente. “Houve diminuição no número de pacientes atendidos visto que muitas vezes a radioterapia é realizada após o paciente ter feito a quimioterapia e a cirurgia. Foi observado ainda aumento nos tratamentos paliativos, em casos como metástase óssea, metástase em sistema nervoso central, metástase pulmonar, entre outras”, explica o médico Gustavo Smaniotto, radio-oncologista do RADION.

Infelizmente, o número de tumores no Brasil só tende a aumentar.  Em 2018, antes da pandemia, portanto, já havia pesquisas apontando esse crescimento, em levantamento da Agência para a Pesquisa do Câncer, uma entidade ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS). “A perspectiva era de um aumento de mais de 50% nos casos de câncer até o ano 2040. Por outro lado, como muitos pacientes não estão fazendo o diagnóstico de sua enfermidade, a perspectiva é de diminuição na sobrevida do paciente e a realização de tratamento mais paliativo do que curativo”, observa Smaniotto.

As recomendações dos médicos são para que os pacientes oncológicos façam sempre seus exames preventivos. “Com os exames preventivos conseguimos detectar tumores de forma precoce e desta forma proporcionar tratamento oncológico ideal para cada tipo de tumor. Não deixe de tratar sua doença, pois os tumores progridem sem tratamento e causam impacto negativo no controle tumoral”, orienta Smaniotto.

Orientações para tratamento

Os pacientes com câncer fazem parte do grupo de risco e receberam prioridade de vacinação para Covid-19.

Os cuidados do paciente são basicamente os que devem ser seguidos por toda a população, envolvendo distanciamento social, lavagem de mãos e etiqueta respiratória. Os pacientes devem seguir medidas de prevenção, mas mantendo ao máximo possível o tratamento oncológico, porque é um tratamento que não pode esperar.

Fontes:

Artigo – Impacto da COVID-19 sobre o atendimento de pacientes oncológicos: experiência de um centro oncológico localizado em um epicentro Latino-Americano da pandemia – https://www.scielo.br/j/eins/a/VFchpPrYBTJBmDgrbPpFFtk/abstract/?lang=pt

https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,cancer-no-brasil-pode-aumentar-em-78-nos-proximos-20-anos,70002498843

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