sexta-feira, 15 novembro 2024
15.2 C
Curitiba

Setembro Verde: número de transplantes no Brasil cai 25% na pandemia e reflexos são sentidos mesmo em estados referências na área

Paraná se manteve líder na doação e hospital SUS de Curitiba se destaca pela maior conversão de entrevistas em captações efetivadas

O que fazer quando um órgão do corpo humano não funciona mais nem se recupera com tratamentos convencionais? A medicina tem uma solução radical: trocar o órgão. É um procedimento de alta complexidade, que exige muita competência médica, estrutura hospitalar e solidariedade humana. No mundo, nem mesmo os avanços tecnológicos impediram que as doações e os transplantes de órgãos fossem impactados pela pandemia. Só na primeira onda de covid-19, diminuiu 31% o número de transplantes realizados em todo o mundo, como aponta a pesquisa publicada no jornal científico The Lancet Public Health.

Ao considerar dados de 22 países, espalhados por quatro continentes, o estudo indica que 11.253 cirurgias desse tipo deixaram de ser efetuadas no ano passado, o que significa uma redução de 16% ao longo dos 12 meses. O transplante mais afetado  foi o de rim com doadores vivos, que teve queda de 40% no comparativo entre 2019 e 2020. A pesquisa mostra ainda que a diminuição na quantidade de transplantes representou mais de 48 mil anos perdidos nas vidas de pacientes.

O Brasil não ficou fora desse cenário. O país, que é um dos líderes mundiais na doação e no transplante de órgãos, viu os números despencarem com o agravamento da pandemia. A taxa de doadores efetivos caiu 13% e a efetivação de doações reduziu para 24,9%. O principal motivo desse declínio é o aumento de 44% na taxa de contraindicação, em parte pelo risco de transmissão de covid-19. Os dados são da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), em um comparativo do primeiro semestre de 2020 com o primeiro semestre de 2021.

Como ficam estados referências

Líder entre os estados brasileiros na captação e entre os primeiros em transplantes de órgãos, o Paraná consolidou um sistema que é referência dentro e fora do país. Trabalho de ponta que é tema de estudos multicêntricos, em razão da qualidade das equipes e da estrutura apropriada. Mas a covid-19 fez as doações caírem 23,13%, segundo o Sistema Estadual de Transplantes do Paraná. Enquanto o primeiro semestre de 2020 registrou 41,5 doações por milhão de população (pmp), 2021 teve apenas 31,9 pmp. Mesmo com as dificuldades trazidas pela pandemia, o Paraná ficou à frente de todos os estados brasileiros e muito acima da média nacional, que atingiu a marca de 13,7 pmp.

O Brasil tem a regulação de órgãos operada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), considerado o maior sistema público de transplantes de órgãos do mundo. Dentro dessa operação, o Hospital Universitário Cajuru, em Curitiba (PR), que atende 100% por meio do SUS, é referência no transplante renal. Foram 60 procedimentos realizados no ano de 2020 e 24 no primeiro semestre de 2021. “A excelência da equipe de transplante torna possível que, em 95% dos casos, não haja rejeição do órgão em um prazo de um ano, índice semelhante aos hospitais de São Paulo e também dos Estados Unidos”, afirma o diretor-geral do HUC, o médico Juliano Gasparetto.

Bastidores da doação e da conscientização

São muitas as equipes que correm contra o tempo nos bastidores do processo de doação de órgãos. Equipes como a do Laboratório de Imunogenética do Hospital Universitário Cajuru, que realizam exames de compatibilidade para o transplante de órgãos e tecidos. Com a mais avançada tecnologia disponível no mercado, o laboratório atua como um facilitador para a eficácia do processo de doação, ao atender a Central de Transplantes, as equipes transplantadoras e as unidades de diálise do Paraná.

Um laboratório que não dorme. É assim que a coordenadora dessa equipe, Helena Cazarote, se refere ao  trabalho essencial realizado ali, que começou há 25 anos e se mantém como referência no Brasil. “A partir do momento que temos a confirmação de um potencial doador, o laboratório entra efetivamente no processo para liberar os exames de compatibilidade no menor tempo possível. Isso causará impacto direto na sobrevida desse órgão e na qualidade de vida do paciente pós-transplante”, explica Helena.

O HUC é destaque na captação de órgãos. Com uma equipe multiprofissional, o hospital mantém o maior índice de conversão estadual de entrevistas com as famílias em doações efetivadas. Em 2020, a taxa de conversão foi de 84%, e em 2021, está em 81%, bem acima das médias dos demais estados. Enquanto que a recusa pela doação está em 39% no país e 25% no estado, sendo que o Hospital Universitário Cajuru tem a média de apenas 19% de recusa. “Somos modelo, pois o processo é muito bem estruturado e bem realizado. O resultado positivo na doação e no transplante de órgãos é fruto de um trabalho de uma equipe dedicada e capacitada no que faz”, ressalta o diretor-geral.

Destaque da Semana

A importância da vacinação antes das festas de fim de ano e viagens de férias

Especialista lista vacinas fundamentais para quem pretende viajar no...

Bosco Gastronomia lança cardápio especial para encomenda da ceia de Natal

Uma seleção variada para facilitar as celebrações de fim...

Método de Recuperação Capilar Avançado (MRCA) é nova alternativa contra calvície e queda de cabelo

Desenvolvido pelo farmacêutico esteta e tricologista, Felipe Sampaio, o...

Pseudomiopia aumenta miopia em até 4 vezes em crianças, aponta pesquisa

Condição que passa despercebida é  motivada pelo excesso de telas...

Artigos Relacionados

Destaque do Editor

Popular Categories

Mais artigos do autor