Uma das grandes damas do teatro paranaense, Odelair Rodrigues é celebrada em uma performance especial neste sábado (2/10). O evento “Feminagem a Odelair Rodrigues” encerra a 1ª Mostra de Teatro Negro de Curitiba e acontece gratuitamente, a partir das 20h30, no canal do YouTube do evento: www.youtube.com/channel/UClN1D9pkiaSDxbzWoSrfl_A
Com textos e encenação inéditos criados pelo Coletivo Arte Negra especialmente para a Mostra, terá apresentação única.
A transmissão é uma “feminagem” à Odelair Rodrigues e seu legado para as artes no Paraná. A atriz e dramaturga Katia Drumond explica o porquê de não usar a palavra “homenagem”: “Feminagem porque é do feminino para o feminino, para esta grande artista que abriu tantos caminhos e conquistou tanto”. A performance reúne quatro atrizes e intérpretes criadoras: ao lado de Katia, estão Simone Magalhães, Geyisa Costa e Patrícia Saravy. Há uma cena coletiva e depois um solo para cada artista, seguido da feminagem em forma de vídeo que resgata o histórico de Odelair como pioneira da televisão, do rádio e do teatro.
Resgate e celebração
A performance não é uma biografia. “Não contamos a vida dela”, comenta Katia, que também dirige a encenação, “mas também não ignoramos as tantas dificuldades que sofreu com o racismo estrutural”. Cada atriz elabora sua própria cena a partir de suas vivências como artista negra e pensando no trajeto de Odelair, que tinha relação com a música, teatro, novela, cinema e dança, e abriu portas para mais talentos negros.
“Na época dela, artistas brancos se pintavam de negro para subir ao palco ao invés de dar espaço a atores negros”, Katia afirma. “Somos quatro atrizes e intérpretes de diferentes gerações e históricos, mas que ainda passamos por enfrentamentos na busca da representatividade. A feminagem parte desse processo de entender como Odelair atravessa nossos corpos e nossa arte, e como a percebemos como inspiração”.
Os textos foram sendo elaborados a partir de muita pesquisa do quarteto de artistas. Referências bibliográficas, como a biografia dos jornalistas Zeca Côrrea Leite e Rosirene Gemael, se misturam com relatos de pessoas que trabalharam com a artista, além da família e amigos.
O contexto histórico também foi levado em consideração na performance, explica Katia Drumond: “Apesar dos avanços do movimento negro – temos mais coletivos e não estamos mais tão sozinhos quanto ela estava – ainda passamos por situações de racismo estrutural similares as que ela passou no teatro”.
Assim, o resgate da carreira de Odelair se mostra relevante e necessário para entender a evolução da arte de lá até hoje. “Não buscamos interpretar Odelair Rodrigues, mas percebê-la; cada uma foi sentindo a Odelair que está em nós, atrizes negras”, define Katia.
A vida de Odelair
Nascida em 1935, Odelair Rodrigues já performava na escola desde pequena. Cantando ou interpretando, foi chamando atenção de outros artistas até que recebeu um convite de Ary Fontoura para ingressar no teatro de maneira mais profissional. Logo em sua estreia artística nos palcos, em 1952, conquistou a crítica.
Atuou em novelas, filmes, peças e radioteatro, além de cantar e dançar em diversas produções. O papel de destaque na televisão de Mamãe Dolores na novela “O Direito de Nascer” lhe rendeu o prêmio O Curumim em 1966. Venceu ainda outros importantes prêmios, na música, como o Troféu Melodia, e no teatro, como o Pinhão e o Gralha Azul. Faleceu em 2003, pouco depois de alcançar 50 anos de carreira.
“Feminagem a Odelair Rodrigues” na 1ª Mostra de Teatro Negro de Curitiba
Data: sábado, 2 de outubro, às 20h30
Evento gratuito
Transmissão: YouTube | www.youtube.com/channel/UClN1D9pkiaSDxbzWoSrfl_A