Para Renato Contaifer, idealizador do Movimento Officeless, o home office da pandemia não será o novo normal, pois maioria das empresas adotam sistema problemático.
Quase 80% dos pequenos e médios negócios no Brasil adotaram o home office durante a pandemia, pelo menos um quarto delas pretende seguir com a rotina após a vacinação em massa. É o que revela um estudo conduzido pela empresa de tecnologia RD Station. Mas, para o fundador do movimento brasileiro a favor do modelo de trabalho remoto, Renato Contaifer, a tendência não será padrão após a pandemia, pois a maioria das empresas permite o home office, mas não adota uma cultura híbrida efetiva, o que trás uma série de problemas para o colaborador.
O especialista no modelo de trabalho remote first será um dos palestrantes do RD Hostel, maior evento de marketing digital, vendas e inovação da América Latina. Totalmente online e pela primeira vez gratuito, o evento acontecerá nos dias 20 e 21 de outubro e segue com inscrições abertas.
Uma oportunidade única para pessoas de todo o país aprimorarem seus conhecimentos com os maiores experts nos temas mais relevantes da atualidade. Mais de 100 mil participantes devem participar do evento e os inscritos receberão certificado de participação, o que pode fazer a diferença para os interessados em trabalhar ou se recolocar na área.
Qual a diferença entre remote first e permitir o trabalho remoto?
Para começar, apenas permitir o home office não significa aderir totalmente ao trabalho remoto. Esta prática é chamada de remote friendly, ou seja, um sistema ‘amigável’ à ideia do home office.
Já o remote first representa uma verdadeira cultura híbrida e a principal diferença é que todas as decisões e processos da empresa acontecem online. O escritório presencial é apenas mais um possível local de trabalho, não o palco das interações.
Enquanto a maioria das empresas oferece flexibilidade de trabalho condicionada a localização do escritório, onde tudo realmente acontece, a cultura híbrida está preparada para oferecer as mesmas condições de trabalho independente de onde esteja o funcionário.
“Com o tempo, um sistema remote friendly acaba criando ambientes desiguais, em que os profissionais que não estão no escritório podem se sentir desprivilegiados em relação aos que estão no escritório físico”, disse Contaifer à RD Station. “O modelo remote first, que concentra as decisões num cenário digital, é a solução mais eficiente para termos um ambiente mais justo, em que o escritório passa a funcionar como um endereço auxiliar da empresa”, completou.
Muito antes do termo ‘home office’ liderar pesquisas no Google, Renato prestava consultoria para grandes empresas e startups implementarem a cultura do remote first. Por meio do projeto Officeless, ele capacita empresas e profissionais que querem encaixar o home office em suas vidas e não o contrário.
Em 2020, os líderes do Officeless produziram o curta-metragem ‘Remote First’, documentário que mostra como o trabalho remoto está liderando uma revolução no mundo do trabalho.
Pistas que indicam que seu home office não é remote first
O escritório é mais valorizado do que a experiência digital
Segundo Contaifer, um dos principais indicadores de um sistema que não é remote first é a supervalorização do escritório. “A gente costuma dizer: se uma pessoa está remota, todas devem estar, mesmo as que vão para o escritório”, diz Renato. Mas um sistema híbrido ainda concentra as reuniões e processos para quem mostra presença física, criando desigualdade entre os funcionários remotos e os demais.
Você perde decisões importantes
Se você sente que é o último a saber das decisões da empresa agora que está trabalhando remoto, você não está sozinho: essa é mais uma realidade de quem vive sob o sistema híbrido de trabalho.
“Quando trabalha de casa, ela não sabe o que acontece na empresa ou é notificada das decisões importantes depois que elas são tomadas. Não participa das conversas privilegiadas, perde as novidades em tempo real…” detalha Renato.
Você trabalha remoto, mas precisa morar na mesma cidade do escritório
Vagas com a seguinte descrição se tornaram populares: priorizamos a saúde dos funcionários, por isso, estamos trabalhando em regime de home office até que a situação em relação à covid-19 seja normalizada. Pretendemos migrar para um sistema híbrido em algum momento em 2022.
Junto com a descrição acima, a vaga também vem com o seguinte ‘benefício’: auxílio mudança para a cidade ‘tal’. E assim o ‘falso’ home office ilude várias pessoas que sonham com a flexibilidade do trabalho, mas estão presas geograficamente pelo sistema híbrido.
Você se sente um suporte, não parte do time
Quem encontrou um novo emprego na pandemia, mas não participou do momento de integração presencial pode levantar a mão. Além de não participar das grandes decisões, os colaboradores remotos do sistema híbrido também perdem o contato com a cultura da empresa, pois ela não está estruturada digitalmente.
“Isto afeta o sentimento de pertencimento das pessoas, muitas se sentem como um reforço, não parte do time. Por isso, não recomendamos este modelo. Ele dá uma flexibilidade, mas cria desigualdade.”, explica Renato, “As pessoas ficam com medo de trabalhar de casa, pois não querem correr o risco de não serem vistas, perderem oportunidades e promoções na empresa por causa desse viés de proximidade que privilegia os colaboradores presenciais”, completa o empreendedor.
Como adotar um verdadeiro sistema remote first
Em outubro, o empreendedor irá compartilhar dicas para empresas e trabalhadores remotos que buscam adotar um sistema remoto em suas rotinas de trabalho. Renato se juntará a representantes de grandes marcas como o Nubank e o Facebook. As inscrições seguem abertas em rdhostel.com
A RD Station é líder no desenvolvimento de software (SaaS) voltado para o crescimento de médias e pequenas empresas. Seus dois produtos – RD Station Marketing e RD Station CRM – somam 30.000 clientes em mais de 20 países. Possui uma divisão de conteúdo, mídia e educação para clientes e parceiros, em que estão os sites Resultados Digitais e Agência de Resultados, e mais de 700 funcionários em toda a América Latina.