Iniciativas do Estado estão entre os destaques do Camp Oceano, um programa nacional da Fundação Grupo Boticário em parceria com a Fundação Araucária; 19 projetos de todo o País receberão um total de R$ 3,7 milhões
Três projetos ambientais inovadores desenvolvidos no Paraná receberão apoio técnico e financeiro para reduzir a poluição do oceano e mitigar os efeitos da crise climática em cidades costeiras. As propostas foram selecionadas pelo Camp Oceano, um programa nacional da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza realizado em parceria com a Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Paraná. As iniciativas paranaenses estão entre os 19 projetos de todo o país que receberão suporte financeiro total de R$ 3,7 milhões para serem executadas a partir de 2022, ao longo de 12 a 36 meses.
“Estamos muito satisfeitos com o resultado deste processo. Contamos com a participação de muita gente criativa, bem preparada e comprometida com a sustentabilidade do oceano. Chegamos a propostas capazes de gerar impactos positivos e duradouros para a conservação de nossas áreas costeiras e marinhas”, comemora a diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, Malu Nunes. O Camp Oceano estimulou a cocriação de projetos a partir de capacitações, mentorias e suporte técnico, que agora recebem recursos para o desenvolvimento.
O projeto Igaú – Biorremediação com Algas Marinhas nas Comunidades Estuarinas Oceânicas, desenvolvido pela Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade do Paraná (Funespar), é uma das iniciativas de destaque. O projeto tem por objetivo apoiar as comunidades costeiras a reduzirem a poluição marinha pelo cultivo de algas que geram matérias-primas renováveis de interesse técnico-econômico e socioambiental, utilizando a capacidade do veleiro ECO e a experiência dos seus profissionais associados.
Também com foco na redução da poluição, a solução Polímera – criando uma cadeia produtiva solidária para o plástico interceptado e recuperado do mar será desenvolvida pela associação MarBrasil, que tem sede em Pontal do Sul. O projeto consiste no desenvolvimento de um modelo de geração de trabalho e renda com as comunidades de pescadores. É uma solução de tecnologia socioambiental para reduzir a poluição do mar por plásticos que utiliza um equipamento portátil e de baixo custo para a reciclagem e agregação de valor ao resíduo, baseando-se na economia circular e solidária para mobilizar a sociedade, retornar renda para as comunidades locais e conservar a sociobiodiversidade do lixo flutuante.
Já o Data Symbion, também desenvolvido pela Associação MarBrasil, é um sistema de inteligência de meio ambiente (Environmental Intelligence) para ajudar tomadas de decisão baseadas em dados ambientais. A ferramenta – que dever ser aplicada em toda a extensão da Grande Reserva Mata Atlântica, compreendendo uma área entre Santa Catarina, Paraná e São Paulo, conta com um dashboard interativo para permitir acesso aos usuários de informações públicas ou privadas. Com análises robustas e ferramentas de inteligência artificial, a tecnologia proporciona um meio de compreender os impactos gerados pela emergência climática para mitigar os efeitos para a sociedade e para conservação da natureza.
Todas as iniciativas apoiadas neste ano respondem a pelo menos um dos três desafios apresentados pelo Camp Oceano: fomentar o turismo responsável, conservando a biodiversidade; reduzir a poluição no oceano e incidentes ambientais; e mitigar os efeitos da crise climática nas cidades costeiras. O Camp recebeu 138 propostas de solução envolvendo cerca de 900 participantes, com uma maioria de mulheres (54%). “Temos observado um crescente protagonismo feminino em projetos de conservação e não foi diferente no Camp Oceano”, frisa Malu. O projeto de biorremediação com algas marinhas, por exemplo, é liderado pela bióloga Franciane Pellizzari, professora da Unespar.
As propostas selecionadas são direcionadas para 11 estados brasileiros das regiões Sul, Sudeste e Nordeste e algumas delas têm potencial para serem aplicadas em toda a costa brasileira. “Além de buscarmos ideias inovadoras, procuramos iniciativas replicáveis, com benefícios significativos para a conservação e que também apresentassem viabilidade econômica”, explica a diretora executiva da Fundação Grupo Boticário.
Sobre o processo
Iniciado em abril deste ano, o Camp Oceano – edição da teia de soluções, promovida pela Fundação Grupo Boticário, em parceria com a Fundação Araucária – recebeu 138 inscrições. As 40 melhores soluções apresentadas avançaram para um evento on-line de três dias de imersão, capacitações e conexões para aprimorarem suas ideias. Na sequência, 25 soluções seguiram para uma etapa de mentoria e detalhamento para aprofundarem ainda mais suas propostas.
A relação detalhada das 19 soluções contempladas pelo Camp Oceano está disponível para consulta nos sites www.fundacaogrupoboticario.
Sobre a teia de soluções
O Camp Oceano é um dos formatos de seleção da teia de soluções da Fundação Grupo Boticário. Lançada em 2020 com dois processos seletivos, a teia estimulou, em suas primeiras edições, o desenvolvimento de propostas voltadas para o turismo responsável em áreas naturais e para a Grande Reserva Mata Atlântica – o maior remanescente do bioma no Brasil. Ao longo dos processos, 43 soluções foram acompanhadas e estruturadas com mentoria e apoio técnico. No final, seis foram selecionadas para receber apoio financeiro e serem impulsionadas. Em 2021, duas novas edições da teia trouxeram desafios relacionados à sustentabilidade do oceano e à proteção e desenvolvimento econômico do Cerrado.