Viridiana reflete em pop a vida da pessoa trans em um mundo de preconceitos no álbum “Transfusão”

Viridiana faz de seu álbum de estreia “Transfusão” (Natura Musical) um mergulho íntimo e pessoal ao mesmo tempo que uma catarse dançante como se a música fosse uma terapia de cura. O trabalho vai das relações de desejo às necessidades de respeito em família e sociedade em um registro sincero enquanto pessoa trans não-binária. O disco, disponível em todas as plataformas de streaming via PWR Records, chega junto do clipe “tua, toda”, que dialoga, a partir da entrega ao desejo, a vontade de um amor por completo.

“São canções que se pretendiam a falar sobre ser trans, sobre habitar o mundo se identificando assim, se relacionar assim, amar assim, chorar assim, e acabou saindo sobre muito mais. É uma carta, uma confissão, um testemunho de tanta coisa que corre solta no meu peito, coração e pregas vocais. tenho pensado que se antes os meus trabalhos falavam muito de ser trans ‘pro lado de dentro’, esse trabalho é sobre ser trans ‘pra fora’”, conta.

Viridiana é o projeto artístico de Bê Smidt, multiartista de Porto Alegre. Mesclando referências da canção brasileira com a música pop e eletrônica dançante, Viridiana produz e compõe todas as suas músicas em seu home studio, sintetizando seus sons e suas verdades. Isso se reflete na releitura do pop brasileiro setentista e oitentista com um olhar contemporâneo que marca o álbum “Transfusão”.

“Eu tenho muitas referências do fim da década de 70 e início de 80, mas meu objetivo é sempre conseguir transpor isso pra cá, Brasil 2021. Por isso acabo brincando com manipulações na voz ou com alguns timbres que sejam mais contemporâneos, trazendo essa sonoridade trans-oitentista”, resume. “O nome vem do fato de esse disco só ter sido possível por eu ter pessoas muito próximas e queridas com as quais eu pude trocar: trocar escutas, mágoas, forças, desejos, sonhos. Uma grande transfusão de sensações que culminaram nessas canções, nesses gritos de amor, tristeza, tesão. Tudo isso é transfusão”.

O lançamento chega através da PWR Records, um selo musical e produtora de eventos focados na difusão e promoção dos discursos femininos como potências criativas, não um gênero musical ou tendência de mercado. O álbum de estreia de Viridiana tem patrocínio do Natura Musical, que garantirá a finalização, gravação e lançamento do disco.

Viridiana foi selecionada pelo edital Natura Musical, por meio da lei estadual de incentivo à cultura do Rio Grande do Sul (Pró-Cultura), ao lado de Dessa Ferreira, Pâmela Amaro, Circuito Orelhas, Gravina DasMina e Feijoada Turmalina, por exemplo. No Estado, a plataforma já ofereceu recursos para 39 projetos até 2020, como Filipe Catto, Tem Preto no Sul, Borguetti e Yamandu, Zudizilla, Sons que Vem da Serra e Thiago Ramil.

“A música propõe debates pertinentes, que impactam positivamente na construção de um mundo melhor. Acreditamos que os projetos selecionados pelo edital Natura Musical podem contribuir para a construção de um futuro mais bonito, cada vez mais plural, inclusivo e sustentável”, afirma Fernanda Paiva, Head of Global Cultural Branding.

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